Eleicoes2010

Eleição muda jogo de forças do mapa político dos estados brasileiros

PSDB mantém o domínio nos colégios eleitorais mais populosos, enquanto o PT conquista o governo no Rio Grande do Sul. PSB garante votações mais expressivas

postado em 04/10/2010 08:00

Os governadores eleitos no primeiro turno começam a definir um mapa político que acentua o jogo de forças entre os partidos dos dois candidatos que seguem na disputa pela Presidência da República. O PSDB de José Serra saiu na frente com o domínio sobre os maiores colégios eleitorais do país (Minas Gerais e São Paulo), além de vitórias no Paraná e em Tocantins. Um universo de aproximadamente 53 milhões de eleitores. Já o PT de Dilma Rousseff emplacou representantes em Sergipe, no Rio Grande do Sul e na Bahia ; um eleitorado de 19 milhões ; e, até o fechamento da edição, vencia no Acre.

Integrantes da coligação nacional de Dilma, PSB e PMDB também avançaram. O primeiro firmou posição em três estados ; além de ter vencido no Ceará, foi responsável pelas votações proporcionalmente mais expressivas. No Espírito Santo, Renato Casagrande conquistou 1,5 milhão de votos (82,3%) e, em Pernambuco, Eduardo Campos assegurou o apoio de 3,4 milhões (82,8%). O PMDB garantiu o favoritismo de Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro; de André Puccinelli ,no Mato Grosso do Sul; e de Roseana Sarney no Maranhão.

As preferências dos eleitores confirmaram o desejo por continuidade. Em 10 estados, governadores foram reeleitos: além de Cabral e Puccinelli, retornam para novo mandato Antonio Anastasia (PSDB), em Minas Gerais; Omaz Aziz (PMN), no Amazonas; Cid Gomes (PSB), no Ceará; Marcelo Déda (PT), em Sergipe; Eduardo Campos (PSB), em Pernambuco; Jaques Wagner (PT), na Bahia; Silval Barbosa (PMDB), em Mato Grosso; Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão. Existe a certeza de segundo turno em nove unidades da Federação.



Cabral confirma o amplo favoritismo
Luiz Ribeiro
Rio de Janeiro ; O governador Sérgio Cabral Filho foi reeleito para o segundo mandato no Rio. Com 99,99% das urnas apuradas, ele alcançou 66% votos válidos contra 20,6% dados ao segundo colocado na disputa, o deputado federal Fernando Gabeira (PV). Cabral, de 47 anos, é jornalista, casado e cinco filhos. Ele foi deputado estadual, senador e, ao conquistar o segundo mandato à frente do segundo estado mais rico, também reforça o seu nome como uma das grandes lideranças do PMDB nacional.

Sérgio Cabral teve ampla vantagem nas pesquisas durante todo o decorrer da campanha eleitoral, ancorado na sua principal bandeira: o reforço da segurança com a instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que retiraram várias favelas do Rio do controle do tráfico. Ele também teve outros trunfos como a aliança com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assegurou fortes investimentos federais no estado. Em sua propaganda, o governador do Rio explorou outros feitos ocorridos durante o seu primeiro mandato como a escolha do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016 e para a final da Copa do Mundo de 2014.

O deputado Fernando Gabeira ; apostando na popularidade que obteve na eleição para a prefeitura do Rio em 2008, quando ficou em segundo lugar ; adotou uma postura crítica, apontando um ;caos; na saúde no estado. Mas a estratégia não surtiu efeito e ele não conseguiu avançar nas pesquisas. Ainda durante o período eleitoral, Sérgio Cabral foi submetido a uma cirurgia no joelho direito, o que, entretanto não diminuiu o ritmo de sua campanha. Ele delegou ao seu vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB), o trabalho de corpo no interior do estado e na favelas cariocas. Teve ainda o apoio de uma forte coligação, formada por 16 partidos. Desta forma, Cabral se dedicou mais a reuniões com entidades de classe e visitas a obras.

Violência
;A população compreendeu que eu tinha que governar. Foi o que eu fiz. Governei o tempo inteiro, me dediquei ao trabalho. Aproveitei para, nessa campanha, assumir mais compromissos com a população;, afirmou. Ao votar ontem de manhã, numa sessão numa escola pública, em Copacabana, ao lado da mulher e dos filhos, Sérgio Cabral, disse que, ;uma vez reeleito;, continuará dando prioridade ao combate à violência. ;A segurança é a mãe das demais prioridades do meu governo;. Ele aproveitou para pedir o apoio para a petista Dilma Roussef. ;Espero que o povo do Rio seja justo e vote na Dilma;, disse.

Ontem à noite, ao conceder entrevista já na condição de reeleito, no Palácio das Laranjeiras (residência oficial do Governo), onde acompanhou a apuração, Sérgio Cabral voltou a enfatizar os investimentos na segurança. Disse que vai continuar a implantação das UPPs ; até agora já foram criadas 12. ;Vamos combater o poder paralelo, de tal forma que a população não fique a mercê de bandidos em nenhuma comunidade;, assegurou Cabral, prometendo também o combate às milícias.


Casagrande absoluto
O senador Renato Casagrande (PSB) venceu a eleição para governador do Espírito Santo com 82,30% dos votos, contra 15,5% do deputado federal Luiz Paulo Velloso (PSDB). Do total de 2.521.991 eleitores, foram computados 2.083.045 votos ; a abstenção ficou em 17,4%. Proporcionalmente, Casagrande foi o segundo candidato a governador mais votado no país. Ficou atrás apenas de Eduardo Campos (PSB).

Renato Casagrande reuniu uma coligação de 16 partidos, entre eles, o PT, e já apresentava vantagem nas pesquisas. ;Acredito que o que ganha uma eleição não são as pesquisas. Eleição se resolve com votação. Além disso, é o resultado de uma história de vida e não de três meses de campanha;, declarou.

Durante a campanha, teve o apoio do atual governador Paulo Hartung (PMDB), que deixará o cargo após dois mandatos. Aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado, Casagrande cedeu palanque para Dilma Rousseff na esfera nacional e era chamado de ;versão mais light do PT;.

Um dos principais focos de sua plataforma política foi a segurança pública. Aos 49 anos, engenheiro florestal e advogado, é filiado ao PSB desde 1987 e, no ano seguinte, disputou o governo estadual, quando perdeu para o tucano José Ignácio Ferreira. De 1999 a 2001, exerceu o cargo de secretário de meio ambiente de Serra, localizado na região metropolitana da Grande Vitória. Em 2002, elegeu-se deputado federal pelo PSB. Em 2006, foi eleito senador e assumiu a liderança da bancada do PSB no Senado.

A segurança nos locais próximos às zonas eleitorais foi garantida por 5 mil homens da PM. Entre as ocorrências registradas: boca de urna, propaganda irregular e venda de bebida alcoólica.


Rio de Janeiro
Urnas apuradas 99,9%
Candidato - % dos votos válidos
Sérgio Cabral (PMDB) 66,08%
Gabeira (PV) 20,68%
Fernando Peregrino (PR) 10,81%
Jefferson Moura(PSol) 1,67%
Cyro Garcia (PSTU) 0,62%
Eduardo Serra (PCB) 0,14%
Votos brancos 6,13%
Votos nulos 11,39%
Abstenção 17,36%



Espírito Santo
Urnas apuradas 100%
Candidato - % dos votos válidos
Renato Casagrande (PSB) 82,30%
Luiz Paulo (PSDB) 15,50%
Brice Bragato (PSOL) 2,09%
Advogado Dr.Gilberto (PRTB) 0,11%
Votos brancos 5,42%
Votos nulos 6,96%
Abstenção 17,4%

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