postado em 04/10/2010 08:05
; ANA MARIA CAMPOS
; LILIAN TAHAN
; RICARDO TAFFNER
Polarizada durante toda a campanha, a disputa ao Palácio do Buriti será decidida no segundo turno, em 31 de outubro. Por apenas 22.233 votos em um contingente de 1,8 milhão eleitores, Agnelo Queiroz (PT) perdeu a chance de eleger-se ontem governador do DF. Com 676.394 votos, o petista conquistou 48,41% da população que foi às urnas. A neófita Weslian Roriz (PSC) herdou o espólio do marido, o ex-governador Joaquim Roriz. Obteve 440.128 votos, ou seja, 31,50% do total, e ganhou fôlego para tentar crescer nas próximas quatro semanas, com o mesmo tempo de televisão que o adversário e sem as adversidades que seu grupo sofreu com a impugnação da candidatura de Roriz, por conta da Lei da Ficha Limpa.
A surpresa das eleições foi o desempenho de Toninho do PSol, que cresceu na reta final e conseguiu 14,25% dos votos. São eleitores que, pelo perfil do candidato, provavelmente foram subtraídos da campanha de Agnelo. Essa performance pode ter provocado o segundo turno. A esses votos soma-se a participação de Eduardo Brandão (PV), que levou 78.837 votos, parte antirrorizistas. Ele ficou em quarto lugar, com 5,64%, percentual três vezes maior do que a margem de votos que evitaria uma nova rodada.
Dono de 199.095 votos, Toninho ficará neutro no segundo turno. Não vai declarar apoio a Agnelo, tampouco a Roriz. ;Vou votar nulo. Essa minha posição não é um arroubo infantojuvenil;, explicou Toninho ao Correio. E acrescentou: ;É uma questão de coerência com nosso discurso: criticamos a aliança que Agnelo fez com o PMDB e também não temos nenhuma identidade com Weslian Roriz;. Eduardo Brandão ainda não sabe com quem ficará. Pretende fazer discussão no PV sobre qual caminho tomar. Mesmo que todos os eleitores de Brandão optem por Weslian, o acréscimo não será suficiente para que a candidata de Roriz ultrapasse Agnelo.
Nessa segunda fase da campanha, a troca de ataques certamente vai aumentar. No vale-tudo para conquistar o posto principal de poder no DF, haverá acirramento do embate. As declarações dadas por Agnelo após a divulgação do resultado mostram o tom: ;Estou 20 pontos à frente (de Weslian). A margem de votação deixa evidente que há dois projetos: um novo caminho e o atraso, que é o projeto da família rorizista, que tenta se manter no poder a qualquer custo e desmoraliza o DF;. A candidata demonstrou que petardos podem partir de seu grupo, mas ela vai manter estilo ameno. ;Em nove dias de campanha, fazer tudo o que eu fiz, eu acho que sou uma vitoriosa. Foi maravilhoso. Eu não esperava. E o resultado (atribuo) também à ajuda do meu marido;, afirmou.
O eleitor que ontem votou em Weslian viu a imagem de Joaquim Roriz. Como a substituição ocorreu apenas a 10 dias das eleições, não houve tempo para troca no equipamento de votação. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, disse ontem que não há mais possibilidade de incluir uma foto de Weslian nas urnas porque os sistemas estão lacrados. No entanto, o vice-presidente do TRE-DF, Mário Machado, garantiu que as urnas exibirão a foto de Weslian no dia 31. Nessa reta final, a candidata do PSC contará com uma ajuda importante. O governador Rogério Rosso (PMDB), que se empenhou na última semana para melhorar o desempenho da candidata, agora pretende se envolver ainda mais.
Para Rosso, é uma questão fundamental, até de sobrevivência política, uma vez que está rompido com o presidente do PMDB, Tadeu Filippelli, candidato a vice na chapa encabeçada por Agnelo. O petista vai precisar ainda mais do apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da candidata Dilma Rousseff, que no DF, com 31,74%, ficou em segundo lugar, atrás de Marina Silva (PV). A candidata verde conseguiu 41,96% dos votos do eleitorado. José Serra (PSDB) obteve 24,30%.
Pesquisa certeira
O segundo round nas eleições para o Governo do Distrito Federal (GDF) foi antecipado em pesquisa realizada na última semana pelo Instituto CB Data. Entre 28 de setembro e 1; de outubro, 1,1 mil pessoas foram ouvidas em todas as cidades do DF e mostraram um quadro muito difícil de ser definido no primeiro turno. o petista Agnelo Queiroz estava na liderança, com 41% das intenções de votos. Testada pela primeira vez pelo instituto de pesquisas, Weslian Roriz (PSC) aparecia com 30%. Na prática, ontem, os candidatos levaram 48,41% e 31,5% dos votos, respectivamente.
O candidato Toninho do PSol havia subido bastante no levantamento, passando de 4% na coleta de dados anterior, realizado de 19 a 22 de setembro, para 10%. Sua perfomance nas urnas foi quatro pontos percentuais melhor. Eduardo Brandão (PV) mantinha 1% na pesquisa, enquanto na votação para valer conseguiu conquistar um pouco mais: 5,64%.
Assim como na disputa pelo Palácio do Buriti, o Instituto CB projetou a vitória de Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) no Senado Federal. Os dois postulantes, que integram a chapa liderada por Agnelo, possuíam 52% e 42% da preferência dos eleitores, de acordo com a pesquisa. Nas urnas, a pulverização aumentou. Ontem, Cristovam receberam o aval de 37,27% do eleitorado, enquanto Rollemberg ficou com 33,03%.