postado em 05/10/2010 08:06
>> Lilian Tahan>> Ana Maria Campos
>> Luísa Medeiros
Como num jogo de estratégias, os candidatos que se enfrentarão no segundo turno vão investir na conquista do território adversário. O mapa com o desempenho dos concorrentes serve como base para montagem das táticas de campanha. Agora, os candidatos sabem exatamente as cidades onde tiveram bom desempenho e as regiões onde precisam conquistar adesões. Weslian Roriz (PSC) vai ser preparada para superar o próprio marido nos redutos onde o ex-governador sempre foi bem votado. E Agnelo (PT) se esforçará para crescer no quintal do inimigo.
O petista teve desempenho melhor que o de Weslian Roriz em 18 das 21 zonas eleitorais. Teve mais votos que a ex-primeira-dama em Brazlândia, Planaltina e Taguatinga Norte, suas três melhores performances. Nas três zonas que reúnem votos da Ceilândida, Agnelo venceu. No maior colégio eleitoral do DF, a coligação Um Novo Caminho investiu pesado. Durante os três meses de corrida eleitoral, Agnelo visitou a cidade em, pelo menos, dez oportunidades. Abriu e fechou a campanha nessa região.
Com o mapa de desempenho dos candidatos, os grupos de Roriz e Agnelo começaram a traçar as estratégias para as próximas três semanas. Os rorizistas avaliam que têm chance de melhorar em todas as cidades porque nesta segunda fase da campanha estão livres das pendências jurídicas. Tratam a questão como se Weslian estivesse começando agora, já que ela teve apenas uma semana de campanha e 24 horas de registro no TRE desde a desistência do marido até o último domingo.
Um dos nomes mais próximos a Roriz, o presidente do PSC, Valério Neves, diz, no entanto, que a aposta será a de construir uma nova candidata, reafirmando os atributos que o grupo considera positivos, como a vinculação com as realizações do marido aliada à imagem de uma mulher religiosa, voltada para família, sensível e sem máculas judiciais até agora. ;O objetivo é que ela supere a votação de Roriz em todas as zonas onde ele já era vitorioso;, disse Valério.
Risco
Em tese, Agnelo Queiroz só precisa manter o que conquistou até agora. Mas numa eleição de segundo turno, onde todas as atenções estão voltadas de forma igualitária para dois candidatos ; inclusive com o mesmo tempo de televisão para cada um ;, representa um risco descuidar do rebanho. Em áreas como Itapoã, Paranoá, Varjão, Recanto das Emas e Samambaia, onde Roriz é muito forte, a coordenação da campanha do petista acendeu o sinal vermelho. Os petistas sabem que nessas regiões é preciso de ajuda federal. Os locais carentes, que concentram a população de baixa renda, são o forte da política de Lula e agora de Dilma, a quem Agnelo vai recorrer. O fortalecimento da campanha no DF também é importante para a presidenciável do PT. Ela teve 31,74% dos votos na capital do país, enquanto Marina Silva (41,96%) e José Serra (24,30%), ou seja, os adversários dela, levaram dois terços do eleitorado.
Crescer no campo de Roriz não é tarefa fácil. O ex-governador é festejado nas cidades onde Weslian foi mais bem votada. Criou boa parte delas. Foi ele quem legalizou a expansão do Paranoá, idealizou Samambaia e o Recanto das Emas. Trata-se de eleitores que acompanham Roriz em todas as eleições.
Recomeço
Um dia após o pleito, a ex-primeira-dama ficou recolhida em casa. Não recebeu visitas e se dedicou a reuniões internas. Optou por não dar entrevistas. O candidato do PT, Agnelo Queiroz, aproveitou a ressaca eleitoral para descansar e não seguiu à risca uma agenda oficial de atividades. Passou parte da manhã de ontem recluso em casa com a família, no Setor de Mansões do Lago Sul. No início da tarde, o candidato do PT participou de uma reunião num hotel no Setor Hoteleiro e Turístico Norte (SHTN).
Por volta das 15h30, passou no cemitério do Gama para acompanhar o funeral de uma ex-colega de trabalho. Depois, Agnelo participou de uma grande reunião com a coordenação de campanha para definir estratégias do segundo turno. O petista deverá voltar às ruas amanhã, com uma caminhada na Rodoviária do Plano Piloto, marcada para as 16h. À noite, o candidato falou com o Correio. Confira a seguir.
O número
4.288
Total de votos dos candidatos ao GDF Rodrigo Dantas (PSTU), Frank Svensson (PCB) e Ricardo Machado (PCO)
Quatro perguntas para Agnelo Queiroz
Líder da coligação petista, o candidato Agnelo Queiroz entrou no segundo turno com a meta de não perder a vantagem conquistada na primeira fase da campanha. Uma de suas estratégias será a de buscar votos entre os eleitores de Toninho do PSol e Eduardo Brandão (PV). Confira a seguir o que falou Agnelo.
Qual a estratégia para o segundo turno?
Com esse mapa de votação na mão, vamos cobrir as áeras em que tivemos mais dificuldades e reforçar os locais onde ganhamos. Nosso objetivo é manter a votação expressiva que tivemos, sinal da vontade de mudança do povo. Pretendo ampliar o apoio também entre os eleitores das coligações que não chegaram ao segundo turno.
O senhor vai pedir apoio a Toninho e Brandão?
A campanha tinha três candidaturas com perfil de oposição, todas com suas peculiaridades, mas dispostas a interromper 14 anos de projeto político esgotado, de desorganização, da corrupção e da falta de planejamento. Vou procurar tanto o eleitorado de Toninho quanto o de Eduardo Brandão.
Weslian tornou-se candidata uma semana antes da eleição. O senhor teme o crescimento dela?
Roriz está fazendo campanha desde o primeiro dia. Ele tenta enganar a não sei quem. O eleitor votou no número e na foto dele. Quando ficar claro quem é o candidato e a manobra do ex-governador, então a coligação adversária perderá votos. Daqui para frente, as pessoas entenderão que votaram em um preposto de Roriz.
Existe chance de crescimento onde Roriz e, agora, Weslian lideram?
Claro que sim. A população precisa de mais que um lugar para morar. Está muito claro que as pessoas desejam emprego, saúde, qualidade de vida, futuro melhor para os filhos, escolas técnicas. Percebi isso conversando com as pessoas.
A força da base eleitoral
>>Juliana Boechat
Os quase 200 mil eleitores das cidades de Sobradinho, Sobradinho II e Planaltina colaboraram decisivamente para a eleição de cinco deputados distritais e de um federal nas eleições deste ano. Um dos mais novos deputados federais pelo PT, Paulo Tadeu, e os distritais Dr. Michel (PSL), Claudio Abrantes (PPS), Aylton Gomes (PR), Raad Massouh (DEM) e Raimundo Ribeiro (PSDB) angariaram votos nas cidades onde nasceram ou construíram carreira para arrebatar uma vaga como parlamentares. Os números mostram que o investimento na base eleitoral fez a diferença no pleito. Dos quase 18 mil votos recebidos pelo empresário Raad, 11.534 são oriundos de Sobradinho. Em Planaltina, Claudio Abrantes foi o mais bem votado, com 8.902 cédulas. Em seguida, aparece Aylton Gomes, com 4.767.
Reeleito na Câmara Legislativa, Aylton Gomes credita a vitória aos moradores de Planaltina e aos integrantes do Corpo de Bombeiros. ;Nas últimas eleições, 50% dos votos vieram da cidade e 50% do restante do Distrito Federal;, explicou Gomes, que já foi administrador de Planaltina. Segundo ele, o trabalho realizado na região em 2008 e 2009 atraiu a atenção dos eleitores. O deputado nega, no entanto, que tenha se utilizado de meios ilegais para conquistar votos. Na última sexta-feira, foi encontrado na Administração de Planaltina um lote de cestas básicas em seu nome. ;Quase tiraram o meu mandato em função de uma calúnia. Se eu tivesse feito isso seria como dar um tiro em praça pública. O responsável responderá por isso;, garantiu.
Planaltina conta com 109.722 eleitores, o que representa 5,97% do eleitorado do DF. Sem estrutura de campanha, Claudio Abrantes ; conhecido por protagonizar o papel de Jesus Cristo na via sacra da cidade ; investiu grande parte do trabalho dos últimos três meses na região. ;Ter uma base eleitoral é interessante porque te dá sustentação;, defendeu o policial civil, morador da cidade há 35 anos. Abrantes estima que tenha recebido 8 mil votos dos moradores de Planaltina e 4 mil das demais localidades do Distrito Federal. ;A campanha em Planaltina é sempre muito disputada. A cidade está dividida;, disse. Ele também atribui a vitória ao trabalho realizado ao longo dos nove meses que passou na Câmara Legislativa na vaga de Alírio Neto, que ocupou a Secretaria de Justiça e Cidadania, de fevereiro de 2008 a dezembro de 2009, quando a Operação Caixa de Pandora abalou todos os níveis da política local.
As cidades de Sobradinho e Sobradinho II somam 107.171 eleitores ; 5,83% do total. Paulo Tadeu costumava se apoiar nos eleitores dessas localidades para garantir a sua vaga na Câmara Legislativa. Ele nasceu em Sobradinho e mora na cidade até hoje. Mas nestas eleições ele precisou expandir a campanha para galgar a vaga de deputado federal. Segundo a assessoria de imprensa do parlamentar, ele pediu votos a eleitores de Taguatinga, Ceilândia, Cruzeiro e Núcleo Bandeirante, entre outras cidades.
"A campanha em Planaltina é sempre muito disputada. A cidade está dividida"
Claudio Abrantes, deputado distrital eleito pelo PPS
Claudio Abrantes, deputado distrital eleito pelo PPS
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