postado em 06/10/2010 08:00
A ampliação das bancadas do PT e do PMDB no Senado terá influência direta na arrumação das forças partidárias na Casa. Além de perder grandes caciques, o PSDB e o DEM ficarão sem importantes nichos de poder no Senado. Com bancadas menores, os dois principais partidos de oposição não terão peso político nem critério proporcional para barganhar permanência em postos estratégicos. A Primeira Secretaria, que tradicionalmente fica com o DEM, será cobiçada pelo PMDB no próximo ano. ;Na questão da Primeira Secretaria, o DEM não tem mais condições de ocupar esse cargo que sempre ocupou. Nas comissões, também muda bastante;, observa o senador reeleito Valdir Raupp (PMDB-RO). A presidência da Comissão de Relações Exteriores, que ficou com o PSDB depois de muita briga, pode ir para o PTB. Fernando Collor (PTB-AL) voltará para o Senado depois de perder a disputa pelo governo de Alagoas e pode ser premiado com a presidência da comissão que sempre almejou.Exceção na desgastada bancada do PSDB, ao ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves é previsto tratamento especial. Senadores apontam Aécio como possível presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no próximo ano. O mineiro também é a aposta para liderar o PSDB, cargo atualmente exercido por Arhur Virgílio, um dos que não conseguiram renovar a vaga. Reeleito como o senador mais votado do Pará, Flexa Ribeiro (PSDB) afirma que o critério da proporcionalidade tira muitos postos importantes das siglas que diminuíram, mas aposta nos acordos internos para contornar as perdas. ;Por acordo, tudo é possível. Se o Serra vencer a eleição, podemos até ter Aécio presidente do Senado, em acordo com o PMDB;. A desidratação do DEM compromete a permanência do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) à frente da CCJ. Mas ele pode ser premiado com o cargo de corregedor do Senado. O posto sempre foi exercido por Romeu Tuma (PTB-SP), mas o senador não retornará à Casa em 2011.
Candidatos que trocaram o Salão Azul pelo Verde chegarão à Câmara com status de alto clero. Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Sérgio Guerra (PSDB-PE) lideram a lista dos mais influentes da bancada de oposição que se formará em 2011. Eleito como o mais votado do Rio, o ex-governador Anthony Garotinho (PR) é cotado para se tornar uma espécie de líder do baixo clero. A ala petista recebe reforço de dois nomes de força em Pernambuco e no Rio de Janeiro: João Paulo (PT) e Alessandro Molon (PT), respectivamente. O petista fluminense ; a exemplo do novato Reguffe (PDT-DF) e de Chico Alencar (PSol-RJ) ; construiu a carreira política como defensor da bandeira da ética na administração pública. João Paulo, por sua vez, pode ser opção como liderança petista. ;Tenho simpatia pelo nome de (Cândido) Vaccarezza para a Presidência da Câmara. Espero ter uma participação importante;, afirma João Paulo.
O perfil do novo parlamento mostra que o número de deputados com curso superior caiu dos atuais 413 para 401. Dois eleitos declararam ter o ensino fundamental incompleto, um deles é o campeão de votos Tiririca. A profissão predominante na nova Câmara é a de empresário, com 36 eleitos. Em segundo, vêm os advogados, com 25 representantes. Depois, os médicos, são 23. A maioria dos parlamentares, 262, se autodeclara político profissional. A idade média é de 50 anos. O parlamentar mais jovem é Hugo Motta (PMDB-PB), com 21 anos, e o mais idoso Vicente Arruda (PR-CE), com 81 anos.
VOTAÇÕES SÓ EM NOVEMBRO
Na primeira reunião de líderes depois da eleição, os deputados decidiram que a Casa não vai se reunir para votações em setembro. Afastados das atividades legislativas desde a primeira quinzena de julho, os parlamentares só voltarão ao trabalho depois do fim do segundo turno. ;Entendemos que teríamos muita dificuldade. O mais importante para o país é a eleição. É fundamental que os parlamentares estejam em seus estados, participando do debate;, afirma o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).