postado em 07/10/2010 08:30
Brasília e São Paulo ; A senadora Marina Silva (PV) e o empresário Guilherme Leal, candidata e vice derrotados na disputa presidencial, confirmaram ontem que não vão declarar apoio nem a Dilma Rousseff (PT) nem a José Serra (PSDB), o que reforça as suspeitas de que Marina ficará neutra no segundo turno da eleição. O PV marcou para o próximo dia 17, em São Paulo, a convenção nacional que vai decidir os rumos do partido. Oitenta pessoas vão votar na reunião, entre elas os 58 membros da Executiva Nacional ; inclinados a apoiar Serra ; e 15 representantes dos chamados núcleos vivos da sociedade, de igrejas e do Movimento Marina Silva, uma exigência da parlamentar.As declarações de Marina e de Guilherme, ontem, mostram que duas decisões poderão sair da convenção: uma de apoio do PV a Serra e outra de neutralidade da candidata derrotada, que saiu das urnas com 19,6 milhões de votos. ;Não vou declarar apoio, vou marcar uma posição;, disse Marina. ;A chance de eu subir num palanque é praticamente zero;, reforçou Guilherme.
Mesmo assim, Marina deve influenciar o programa de governo de Serra e de Dilma no tocante à questão ambiental. Tanto a petista quanto o tucano pretendem incorporar a agenda ambiental de Marina, embora, em diversos pontos, as ideias do PV se choquem às dos presidenciáveis. A senadora decide hoje à noite, com seu grupo político, quais serão as propostas apresentadas aos candidatos, que prometem assimilar as promessas de campanha da ex-adversária. No entanto, Marina não se empolga com a valorização de suas iniciativas. ;Não tenho a pretensão de achar que a minha plataforma se transformará no programa de governo dos dois candidatos, até porque não fomos para o segundo turno.;
Promessas
O Correio fez um levantamento de propostas objetivas apresentadas por Marina em seu programa de governo e ao longo da campanha. Dos três candidatos, ela foi o que mais detalhou as promessas na área ambiental (veja quadro), até por seu histórico de atuação política no setor ; foi ministra do Meio Ambiente. O programa de governo de Dilma lista apenas 11 propostas de desenvolvimento sustentável, sem qualquer detalhamento. No site da candidatura de Serra, há sete pontos relacionados ao meio ambiente, também sem qualquer aprofundamento.
A candidata do PV defendeu, por exemplo, a revogação do Código Florestal Brasileiro aprovado na Câmara. Dilma e Serra preferiram o silêncio em relação ao assunto. Os dois querem que a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, seja construída, enquanto Marina defende o adiamento do projeto. O desmatamento zero em todos os biomas brasileiros é outro ponto de divergência: porta-vozes do agronegócio, o tucano e a petista não fizeram ; ainda ; qualquer menção a essa proposta.
PSTU prega o voto nulo
A direção nacional do PSTU divulgou, na noite de terça-feira, um comunicado recomendando a seus eleitores que anulem o voto em 31 de outubro, quando será realizado o segundo turno das eleições presidenciais. ;O PSTU tem total acordo com a luta contra a oposição de direita. Somos radicalmente contra a volta da turma do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC). Mas lutar contra a direita não significa votar em Dilma Rousseff;, diz um trecho da nota, assinada por José Maria de Almeida, presidenciável da sigla que recebeu 84.609 votos no último domingo.
