Petista reforça afagos nos políticos dissidentes do rorizismo

O candidato do PT ao Buriti articula a campanha nas ruas, mas reforça, com ajuda do vice, a união com os políticos dissidentes do rorizismo

postado em 09/10/2010 08:00

Além de tentar conquistar os eleitores nas ruas, na busca por mais votos na segunda fase da disputa ao Palácio do Buriti, o candidato do PT, Agnelo Queiroz, investe na articulação com antigos aliados políticos de Joaquim Roriz (PSC) para reforçar o time que pretende impedir o retorno do ex-governador ao poder. Enquanto gravava trechos do programa eleitoral gratuito ontem, numa produtora no Setor de Indústrias Gráficas, o petista recebeu a visita do deputado distrital Batista das Cooperativas e do suplente Pedro do Ovo, ambos do Partido Republicano Progressista (PRP). Os dois políticos assistiram parte da gravação da propaganda, deram sugestões, mas também reclamaram da onda de demissões de pessoas indicadas pelo PRP para trabalhar em cargos no governo de Rogério Rosso (PMDB).

O vice na chapa liderada pelo petista, Tadeu Filippelli (PMDB), principal encarregado pelas costuras políticas(1) da coligação ; especialmente entre os dissidentes do time azul ; foi o responsável por receber os representantes do PRP. Agnelo teria passado na reunião apenas para cumprimentar Batista e Pedro do Ovo. Filippelli disse ao Correio que a construção e a manutenção da coligação Um Novo Caminho vem sendo reforçada por ;adesões fantásticas do grupo de Roriz;. ;Jamais vimos tantas adesões de pessoas que disputaram a eleição ao lado de Roriz.;

Pessoas ligadas aos dois distritais e indicadas por eles para trabalhar nas administrações do Gama e de Samambaia reclamam de demissões. As exonerações podem ser uma retaliação do grupo rorizista ao apoio dado pelo PRP a Agnelo. Mas há quem diga que é reflexo do enfraquecimento político dos candidatos derrotados nas urnas. A assessoria de Comunicação do GDF negou qualquer tipo de retaliação do governador Rogério Rosso a antigos aliados do ex-governador. Apesar de ter declarado oficialmente apoio à candidatura de Weslian Roriz (PSC), Rosso mantém o discurso de imparcialidade na gestão.

Ao sair da produtora, Agnelo comentou a denúncia de diretores da rede pública de ensino sobre uma suposta tentativa de coerção do titular da pasta, Sinval Lucas, para que os servidores fizessem campanha em prol da adversária. ;Isso é vergonhoso. É um escancarado uso da máquina pública para beneficiar a candidatura de Weslian;, afirmou.

Corpo a corpo
Agnelo ficou na produtora até às 15h30. De lá, foi a Taguatinga Sul participar de uma reunião com pastores da Assembleia de Deus. Durante a reunião, os líderes religiosos reafirmaram o apoio que já haviam declarado ao candidato do PT. Evangélicos ligados ao distrital Benedito Domingos (PP), que faz parte do grupo rorizista, compareceram ao encontro. O senador Cristovam Buarque (PDT) foi o único dos candidatos reeleitos pela coligação a ir à reunião.

No fim da tarde, por volta das 17h30, Agnelo Queiroz iniciou uma caminhada com militantes do PT e do recém-aliado Partido Verde (PV) na Comercial Norte de Taguatinga. Índio Tabajara, um dos candidatos derrotados do PV à Câmara Legislativa, acompanhou o corpo a corpo do petista e afirmou que a união no segundo turno entre os partidos é por Brasília. ;A união é para livrar Brasília do coronelismo;, alfinetou. Durante a busca por votos, Agnelo disse que irá investir no desenvolvimento econômico, na saúde e segurança da cidade, caso eleito.

Apoio
Na reta final da campanha, Agnelo Queiroz recebeu adesões de ex-adversários nas urnas. O presidente do PSL, Newton Lins, renunciou à disputa pelo cargo de governador para apoiar o petista a três dias do primeiro turno. O quarto colocado na votação no dia 3, Eduardo Brandão (PV), anunciou na última quinta-feira que está ao lado do PT para dificultar a volta da família Roriz ao Palácio do Buriti.

"Jamais vimos tantas adesões de pessoas que disputaram a eleição ao lado de Roriz"
Tadeu Filippelli (PMDB),vice da coligação Um Novo Caminho

Flagrado com panfletos contra o PT
Ary Filgueira
Um homem foi encaminhado à Polícia Federal ontem sob suspeita de distribuir panfletos apócrifos com críticas ao Partido dos Trabalhadores. Por volta das 11h30, Júlio César Ferreira, 58 anos, estava na Quadra 2 do Setor Comercial Sul e, de acordo com uma testemunha que preferiu não se identificar, segurava cerca de 20 folhetos. Acionados, policiais militares levaram Júlio à Superintendência da PF, mas ele acabou liberado. Segundo a assessoria de comunicação da PF, não foi possível comprovar que houve crime eleitoral por falta de materialidade.

Júlio César se identificou como motorista da empresa Fácil, que administra a bilhetagem eletrônica no transporte público do Distrito Federal e a distribuição do passe estudantil. A assessoria do governador Rogério Rosso, porém, negou que ele seja do quadro da empresa.

A testemunha, que prestou depoimento na PF, não presenciou o homem distribuindo os panfletos. ;Ao ler o texto, chamamos a Polícia Militar, que deu voz de prisão. A propaganda de agravo ao petista continha a cor vermelha no cabeçalho e o nome de Cipó Informativo em preto. A publicação informava que estava na primeira edição e tinha como principal público os vendedores autônomos. ;(;) O que eles (petistas) querem é destruir tudo o que os trabalhadores autônomos construíram com muito esforço e trabalho.;

No papel, havia também referência a uma suposta relação dos petistas com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). E terminava com a seguinte provocação: ;Fora, baderneiros do PT. Vão vocês todos e seus projetos elitistas para bem longe de Brasília. Não jogue seu voto fora;.

Suposta agressão
Júlio César conversou com o Correio e negou o crime. ;Eu vi um homem colocando os panfletos nos carros e peguei um para ler. Depois, brinquei com o amigo meu: ;Toma isso;. Nesse momento, um sapateiro pegou o panfleto, amassou e jogou na rua. Em seguida, chegaram vários militantes e começaram a me agredir;, explicou ele. Os advogados do PT Licia Juliane e Guilherme Mendes vão entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que seja apurada a acusação fraudulenta. ;Há muito tempo queríamos saber quem é o responsável por esse panfleto. Agora, vamos pedir providência da Justiça;, disse Licia.

O número
365
Total de votos do candidato a presidente que ficou em último lugar no Distrito Federal (Rui Costa Pimenta, do PCO)