postado em 10/10/2010 08:30
O equilíbrio de forças na capital federal foi modificado mais uma vez no esteio de denúncias de corrupção. No último dia 3, o grupo formado em torno de Agnelo Queiroz (PT) aproveitou os efeitos da Operação Caixa de Pandora para crescer nos parlamentos. A coligação Um Novo Caminho conquistou o maior número de cadeiras disputadas e formará a maioria nas câmaras. Juntas, as 11 siglas que compõem a chapa elegeram 14 dos 24 representantes distritais, cinco dos oito deputados federais e os dois senadores.
Nas eleições daquele ano, o PT teve o pior desempenho na história do DF. Elegeu apenas quatro distritais e um federal, além de ficar em terceiro lugar na disputa pelo Palácio do Buriti. Um ano antes, o partido viu figuras nacionais importantes serem abaladas pelo suposto caso de corrupção, como José Dirceu (SP) e José Genoino (SP). ;Brasília é uma cidade que reflete o que acontece no nível do governo federal e o eleitor daqui acaba reagindo ao cenário do momento;, afirma Policarpo. Para o presidente, a boa avaliação da administração de Lula influenciou positivamente, este ano, para a formação da bancada local.
Perdas e raiva
Se a situação melhorou para os petistas, piorou, e muito, para o Democratas (DEM). No fim de 2009, a legenda teve os nomes dos principais representantes do partido envolvidos nas denúncias de pagamento de propina. Durante o processo de investigação, a sigla teve de abdicar dos mandatos do governador José Roberto Arruda, do vice-governador Paulo Octávio, do presidente da Câmara Legislativa Leonardo Prudente e do distrital Júnior Brunelli. Além de ter a imagem abalada, o DEM ficou sem grandes puxadores de voto. No pleito da semana passada, perdeu duas vagas de distrital, duas de federal e uma de senador.

O DEM foi a sigla com a segunda maior votação na Câmara Legislativa. Somados os votos de legenda com os dados aos candidatos, o partido obteve 102 mil sufrágios e ficou atrás, apenas, do PT com 216 mil. Apesar do desempenho, a legenda saiu sozinha na disputa pela Câmara e acabou perdendo espaço para outras que decidiram se coligar. O mesmo ocorreu com o PSDB, terceira sigla mais votada com 84 mil votos e apenas dois distritais eleitos.
Apesar de ter feito parte da chapa que mais cresceu, o PMDB também teve perdas. O partido foi abalado pela Caixa de Pandora e perdeu dois distritais e um federal. Para o presidente regional da legenda e candidato a vice de Agnelo, Tadeu Filippelli, a redução da bancada poderia ter sido maior. ;Somos vitoriosos pelo resultado, porque, mesmo diante do histórico de mudanças do último ano, conseguimos revelar novos nomes;, disse o deputado.
Os peemedebistas perderam importantes quadros. Na Câmara Legislativa, deixaram de contar com os votos de Eurides Brito, cassada no último semestre, e de Benício Tavares, que está sub judice e ainda pode ter o registro deferido. Ele recebeu 17,5 mil votos e, caso a Justiça libere a candidatura, será empossado e mexerá com o quociente eleitoral, causando uma redistribuição das vagas. Para a Câmara dos Deputados, o PMDB não contou com três grandes puxadores: Laerte Bessa, que migrou para o PSC; Rogério Rosso, atual governador; e o próprio Filippelli, que foi o federal mais votado em 2006. Isso sem contar a perda de Joaquim Roriz (PSC).
Para o presidente do PMDB-DF, a partir de agora o partido terá de apostar na renovação dos representantes da sigla. ;Dos 48 candidatos a distritais, apenas dois tinham história. Agora, preciso trabalhar pelos novos membros a fim de chegar daqui a três anos com uma nominata forte para concorrer às eleições de 2014;, vislumbra Filippelli.