Eleicoes2010

PMDB não esconde sensação de traição petista por falta de parceria

postado em 10/10/2010 10:13
Henrique Eduardo Alves e Michel Temer: tarimba em perceber problemas;Eles nos tratoraram.; Assim, os deputados peemedebistas se referiam em conversas e reuniões fechadas ao longo da semana ao sentimento que o resultado das eleições lhes deixou em relação ao principal aliado, o PT. Tarimbados em sentir o cheiro da traição e da ação coordenada em busca de um objetivo, eles perceberam em alguns locais movimentos estrategicamente ensaiados entre PT e PSB para tirar dos peemedebistas o pódio de maior bancada da Câmara. O efetivo é fundamental para garantir o maior tempo de TV das próximas eleições, em 2012 e 2014, além de permitir controle sobre o Legislativo.

O que deixou em todos a sensação de que ;aí tem; foi o fato de os deputados terem recebido no dia da eleição uma mensagem de texto dos deputados Cândido Vaccarezza e Arlindo Chinaglia, ambos do PT de São Paulo, desejando sorte aos colegas. E, como em política um gesto vale mais que mil palavras, os peemedebistas foram às urnas certos de que os dois são hoje candidatíssimos à Presidência da Câmara. E mais: vão propor deixar para o PMDB a Presidência do Senado, onde o projeto de Lula de desancar os tucanos deu certo, mas não o suficiente para entregar ao PT a maior bancada.

A revolta era maior entre representantes de estados em que o PMDB sempre conquistou mais deputados que o PT e agora ficou com menos. No Pará, por exemplo, o PMDB geralmente elegia o dobro de deputados do PT. Em 2006, foram seis peemedebistas eleitos e três petistas. Agora, o PMDB perdeu dois e o PT ganhou um. Ainda que Jader Barbalho, do PMDB, bom puxador de votos, não tenha concorrido à Câmara, os paraenses reclamaram porque a governadora-candidata, Ana Júlia, entrou nos redutos eleitorais do PMDB disposta a queimar os votos. Tanto é que agora terá dificuldades em atrair apoios para esse segundo turno contra o tucano Simão Jatene. ;Se forem lá ajudar a Ana Júlia eu voto no Serra;, comentou um parlamentar do partido.

No Paraná, embora aliados na eleição estadual em torno da derrotada candidatura de Osmar Dias (PDT) ao governo estadual, PT e PMDB passaram a campanha para a Câmara numa briga de foice pela eleição de deputados. O PMDB viu sua força cair de oito para seis cadeiras e o PT subiu de quatro para cinco. No Espírito Santo, de quatro sobraram dois. Apenas Rose de Freitas, que tem tradição na politica estadual, e Lelo Coimbra, médico sanitarista que já ocupou vários cargos executivos.

Sobreviventes
Mesmo em estados onde o PMDB manteve o número de deputados, a insatisfação foi geral. No Ceará, embora a coligação do governador reeleito Cid Gomes (PSB) tenha feito ;barba, cabelo e bigode;, elegendo os dois senadores e grande numero de deputados, os peemedeistas se tratavam como sobreviventes. Isso porque José Guimarães ; aquele que teve um assessor detido com dólar na cueca, depois do escândalo do mensalão vir à tona ; dobrou a votação em cima dos peemedebistas. Em Minas, a turma de Hélio Costa chegou a Brasília reclamando que sobreviveu graças ao próprio esforço e que não deve nada aos petistas mineiros. Hélio também é um pote de mágoas.

Uma briga protelada
Por conta do segundo turno e da necessidade de eleger a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, a cúpula peemedebista registrou as insatisfações, mas baixou uma ordem para ninguém falar sobre problemas até o Dia de Finados. É uma trégua para passar o segundo turno, colocar o PMDB na vitória e, aí sim, chamar o parceiro para discutir a relação.

Na hipótese de Dilma e Michel vencerem a sucessão presidencial, o PMDB quer ser compensado pela postura predatória do PT. Isso porque, embora os petistas sejam a maior bancada em 2011, com mais de 85 deputados, o PMDB, que ficará com 79, será necessário para dar a ampla maioria ao futuro governo. ;A hora da verdade para nós será depois da eleição;, diz um cacique do partido.

Os peemedebistas, entretanto, terão dificuldades em fazer o PT aceitar a versão de que ;tratorou; o aliado. Isso porque os petistas concluíram que nem tudo o que deu errado na tentativa do PMDB de manter o título de maior bancada pode ser debitado na conta do PT. Nos dois estados onde a vantagem petista foi avassaladora, a avaliação dos peemedebistas é de que o PMDB tropeçou nas próprias pernas. Em São Paulo, por exemplo, enquanto o PT fez aliança proporcional e teve até Tiririca (PR) como puxador de votos, o PMDB saiu sozinho. Elegeu apenas um deputado e nem teve quem ajudasse, uma vez que Orestes Quércia, doente, se viu obrigado a largar a campanha pelo meio.

Na Bahia, o PMDB, embora tenha crescido 100%, passando de um deputado eleito em 2006 para dois, os erros foram atribuídos à ideia de Geddel Vieira Lima sair candidato a governador, contra Jaques Wagner (PT). Embora o próprio Geddel tenha se declarado magoado com o fato de o presidente Lula ter feito campanha para Wagner, não dá, na avaliação dos petistas, para culpar ninguém pelo resultado.

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