Igor Silveira
postado em 11/10/2010 09:00
O dia seguinte ao primeiro turno das eleições presidenciais foi amargo no Palácio do Planalto. Pelos corredores, rostos tensos de funcionários com cargos de confiança pela insegurança profissional no futuro. No terceiro andar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros para traçar estratégias para as próximas semanas e pedir que fossem tomadas medidas com o objetivo de manter a candidata do PT Dilma Rousseff com o mesmo ânimo de dias atrás. Assim, iniciou-se uma movimentação intensa na sede do governo federal para eleger a petista no próximo dia 31.Primeiro, na quarta-feira, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que já fazia parte da coordenação de campanha de Dilma, pediu férias para dedicar-se exclusivamente à causa. Em seu lugar, ficou o secretário executivo do ministério, Luiz Azevedo. A avaliação é de que a cúpula do Partido dos Trabalhadores precisa ser mais habilidosa e rápida em decisões e Padilha vai tentar, de maneira mais enérgica, recolocar a equipe nos trilhos.
O ministro também é peça-chave porque tem bom trânsito entre políticos de diversos estados. Além disso, a saída temporária de Padilha do cargo acaba com o incômodo das entrevistas dentro do Palácio do Planalto sobre a campanha. Nas últimas conversas com jornalistas, o ministro falou pouco sobre assuntos da Presidência ou de negociações com o Congresso Nacional.
Marcha lenta
Sobre os trabalhos na Câmara e no Senado, aliás, ele afirmou que ainda não era a hora de retomar as discussões sobre temas mais polêmicos, indicando que os parlamentares devem continuar em marcha lenta até o fim das eleições. As declarações de Padilha nas dependências do Planalto tinham viés fortemente partidário. Perguntado sobre a derrota do PT em São Paulo, por exemplo, ele disse que não comentaria o assunto porque não votava no estado, mas falou bastante sobre a liderança do candidato petista ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, afirmando, ainda, que ;a maior parte dos eleitores de Brasília rejeitam o retorno de Joaquim Roriz ao governo;.
Padilha vota no Pará. O chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho, não se afastou do cargo, mas tem trabalhado intensamente pela eleição de Dilma. Ele tem conversado com políticos e de maneira mais constante com representantes da Igreja Católica. Na sexta-feira, a agenda oficial mostrava uma audiência do governador de Goiás, Alcides Rodrigues (PP), com Lula. No entanto, Carvalho também recebeu alguns políticos da comitiva de Rodrigues para conversas, como o deputado federal Sandro Mabel (PP).
Agenda casada
Até Marco Aurélio Garcia, assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, que voltou há pouco de uma licença do cargo para se dedicar à campanha de Dilma Rousseff, tem passado mais tempo com a candidata do que no Palácio do Planalto. Por enquanto, pessoas mais próximas ao presidente garantem que Lula não se afastará da vaga para ajudar na corrida presidencial, mas, nesta semana, ele deve participar de comícios, com agendas casadas com compromissos oficiais em pelo menos quatro cidades brasileiras.
Comícios e assédio
A rotina engajada do presidente Lula na eleição de Dilma Rousseff (PT) tem início hoje. O comício em Ceilândia, ao lado da presidenciável e de Agnelo Queiroz, que disputa o governo do DF, abre o segundo turno.
Na quarta, Lula e sua pupila sobem ao palanque da governadora do Pará, Ana Júlia. A petista tenta a reeleição contra o tucano Simão Jatene. O encontro será em Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral do estado. Segundo os organizadores, essa será a primeira vez que o presidente visita a cidade. Foram convidados cerca de 80 prefeitos aliados, além de ministros. A expectativa é reunir 50 mil pessoas. A campanha prevê, ainda, comícios no Piauí e em Alagoas.
A segunda semana do segundo turno também será estratégica na busca do apoio de Marina Silva (PV). Serra começa a semana em vantagem: herdou mais da metade dos votos depositados em Marina, segundo a pesquisa do Instituto Datafolha divulgada no sábado, e o comando do PV articula o apoio ao PSDB antes mesmo da realização da convenção dos verdes, dia 17. As coordenações das duas campanhas tentam nesta semana uma última aproximação à senadora do PV, que fica em Brasília até quarta-feira.