Igor Silveira
postado em 12/10/2010 07:42
O debate do último domingo entre os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) virou munição para a candidata petista no programa eleitoral gratuito de ontem, na televisão. O tom incisivo da ex-ministra-chefe da Casa Civil no embate, que surpreendeu aos que esperavam uma troca de ideias morna, pareceu ainda mais intenso e ganhou visibilidade extra com a edição dos melhores momentos das falas de Dilma, principalmente falando sobre privatizações, infraestrutura e aborto. Enquanto o encontro entre aspirantes ao Planalto promovido pela Bandeirantes pautou as peças publicitárias vespertinas desenvolvidas pelo marqueteiro João Santana, o tucanato queimou um cartucho ao não mencionar o evento e dar margem à interpretação de que Serra teria sido derrotado.
Preocupado com a repercussão, o comando de campanha do PSDB inseriu trechos do debate no programa noturno. Foram exibidos, especialmente, momentos em que Serra afirmava que não iria privatizar empresas do governo e em que falava sobre segurança e educação. A edição destacava que o tucano respondia às perguntas de maneira serena. ;Agressiva, a candidata do PT atacou até a mulher de Serra;, disse uma das apresentadoras, lembrando o momento em que Dilma afirmou que a esposa do tucano, Mônica Serra, teria dito a eleitores que a candidata petista era ;a favor de matar criancinhas;.
Em São Paulo, no período da tarde, a coordenação de campanha de José Serra fez uma avaliação interna. Alguns integrantes entenderam como um ;gol; de Dilma ter se antecipado. ;Ela foi ensaiada para captar as imagens e usar no horário eleitoral;, comentou Luiz Gonzalez, marqueteiro de Serra, assim que terminou o debate na madrugada de ontem.
Os tucanos, entretanto, acreditam que o fato de Dilma ter exibido a edição no programa vespertino não causou estrago tão grande, uma vez que, sob o ponto de vista deles, o que Dilma chamou de assertividade pode ser visto como agressividade. ;O projeto dela era passar indignação e se vitimizar. Passou uma agressividade violenta;, comentou o presidente do partido, senador Sérgio Guerra.
Tanto Serra quanto Dilma continuaram investindo na presença de políticos aliados nos programas eleitorais. Se o tucano mostrava depoimentos do governador reeleito em São Paulo, Geraldo Alckmin, e do senador eleito Aécio Neves, a petista trouxe Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, e Tarso Genro, que venceu as eleições no Rio Grande do Sul. ;O que Dilma significa para o Brasil é o mesmo que Lula continua significando: crescimento, emprego e distribuição de renda;, disse Genro.