Eleicoes2010

Votos brancos, nulos e indecisos do DF somam 14% e podem definir 2º turno

postado em 12/10/2010 07:50
Brancos, nulos, indecisos e indiferentes. Reunindo quase um terço dos eleitores da capital, o grupo que, por diferentes motivos, não escolherá entre os dois candidatos que disputam o cargo de governador do DF em 31 de outubro pode ser, contraditoriamente, decisivo para o resultado do segundo turno. Na primeira rodada, meio milhão de pessoas deixou de escolher um candidato nas urnas. A 20 dias da próxima fase, a pesquisa mais recente sobre a situação no Distrito Federal aponta que 14% do eleitorado se divide entre indecisos e pessoas que pretendem votar branco ou nulo. O índice não leva em conta as previsíveis abstenções, que devem se avolumar por causa do feriadão do dia do servidor.

A quantidade de eleitores que não fez questão de votar ou não foi convencido por nenhuma das opções apresentadas nos programas eleitorais é maior que os votos de Weslian Roriz (PSC) e representa 73% do apoiadores de Agnelo Queiroz (PT) no primeiro turno. Se todo esse contingente resolvesse, daqui até o último fim de semana do mês, escolher um dos lados, então o resultado do segundo turno poderia surpreender. É o que pensam especialistas em eleições ouvidos pelo Correio. O professor de Ciência Política da Universidade de Brasília João Paulo Peixoto avalia que 14% de brancos, nulos e indecisos é um percentual considerável e flutuante. Segundo o professor é muito mais difícil que ocorra vulnerabilidade nesse contingente do que na intenção de voto declarada a um dos concorrentes que disputa o segundo turno.

Os 14% representam a soma de 6% de pessoas que se disseram indecisas com a quantidade de nulos e brancos medidos na última pequisa divulgada pelo Datafolha e realizada entre os dias 8 e 9. Em número de eleitores, esse percentual representa 280 mil pessoas. %u201CÉ uma quantidade considerável que poderia ser definitiva para eleger um ou outro candidato caso tivesse uma preferência%u201D, analisa João Paulo Peixoto.

O esforço dos candidatos até 31 de outubro se concentra em grande parte no convencimento desse universo de eleitores dispersos. Arrebanhar os indecisos e mudar a opinião dos eleitores que votam nulo é a margem de segurança de Agnelo Queiroz, na frente com 50% dos votos, e a única alternativa de Weslian Roriz para virar o jogo e vencer o petista. De acordo com a pesquisa Datafolha, ainda que a mulher de Roriz virasse todo o grupo de indecisos, brancos e nulos a seu favor, alcançaria o empate com o adversário. Para garantir a vitória, ela teria de roubar votos do candidato da coligação Um Novo Caminho.

Terceira via

Advogado especializado em direito eleitoral, Emerson Mazulo chama a atenção que tão importante quanto a tendência dos indecisos é saber como vão se comportar os eleitores de Toninho do PSol e de Eduardo Brandão (PV), que no primeiro turno atingiram um quinto da preferência dos brasilienses . %u2018Os votos fulanizados, como os de Marina Silva e de Toninho do PSol, que expressam desejo por uma terceira via, podem engrossar o volume de brancos e nulos, o que diminui a migração de votos numa eleição%u201D, acredita Emerson Mazulo.

A cientista política Maria Cláudia Bochianelli complementa o raciocínio de Mazulo, acrescentando que num contexto onde as circunstâncias políticas sinalizam para muitos nulos e brancos, a estratégia considerada mais eficiente do ponto de vista do candidato que está na frente é manter o que conquistou na primeira fase da campanha. O trabalho de conquista por novos simpatizantes deve ser mais intenso no grupo em desvantagem. %u201CNa ansiedade de buscar novos apoiadores, muitas vezes os candidatos se perdem e flexibilizam o discurso que agradou uma maioria para incluir novos eleitores. O efeito pode ser devastador%u201D, diz a especialista.

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