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Candidatos ao GDF traçam estratégias para se sair bem nos debates

postado em 13/10/2010 07:42
Começa nesta quinta-feira (14/10) a temporada de debates entre os candidatos ao Governo do Distrito Federal. Agnelo Queiroz (PT) e Weslian Roriz (PSC) deverão se enfrentar pelo menos sete vezes neste segundo turno (veja quadro). O petista aproveita o ritmo e a experiência adquiridos na primeira etapa do pleito, quando os palcos eram completados por Toninho do PSol, Eduardo Brandão (PV) e Joaquim Roriz ; esse em parte dos embates ;, para enfrentar a oponente. Por sua vez, a ex-primeira-dama faz treinamento intensivo para chegar mais preparada e confiante aos embates. Para os confrontos, que têm de ser realizados até 29 de outubro, os adversários contam com profissionais especializados em comunicação.

Os estrategistas das coligações fazem mistério sobre o conteúdo das perguntas dos postulantes, mas a considerar os debates anteriores e a postura das coligações nos últimos dias, não faltarão críticas dos dois lados. Agnelo promete tratar a concorrente com cordialidade e respeito, uma vez que o alvo do petista será o ;grupo político que ela representa, comandado por Joaquim Roriz (PSC);. O ex-ministro do Esporte aproveitará parte do tempo destinado a ele para confrontar o governo Roriz e os aliados do marido da candidata, como o governador Rogério Rosso e o empresário Luiz Estevão.

Weslian deverá ser preservada. Primeiramente, porque ela estreia na vida política e não tem um passado público que possa ser avaliado. Além disso, há o temor sobre uma possível reação emocional da candidata sobre qualquer tipo de comentário mais espinhoso. No grupo petista, o embate entre Cristovam Buarque e Roriz, em 1998, é constantemente lembrado como um cenário a ser evitado (leia Memória). Na época, Cristovam perdeu a chance de se reeleger, mesmo após ter sido considerado vitorioso no debate ocorrido na véspera do pleito.

Agnelo passou por uma preparação intensa no primeiro turno e, para os coordenadores de campanha, está pronto para os próximos encontros. Além de ser treinado pela equipe que o acompanha, Agnelo passou uma tarde com a jornalista Olga Curado. A especialista foi diretora de emissora de televisão e presta consultoria para pessoas que desejam criar mais ;intimidade; com as câmeras. Nos últimos meses, Olga tem trabalhado na preparação da presidenciável Dilma Rousseff (PT).

O grupo também faz simulações de entrevistas e de debates em estúdio. Para afinar o discurso, a equipe formada pela coordenação-geral, por assessores de imprensa e marqueteiros se reúne para decidir o que deverá ser perguntado e respondido pelo candidato. No primeiro turno, Agnelo foi orientado a se esquivar das provocações de Toninho do PSol e a ignorar a pauta negativa imposta pelo adversário a fim de apresentar questões mais propositivas. Entretanto, na avaliação do grupo, a tática não foi bem aplicada e deu a impressão de fuga. A ordem, agora, é avaliar caso a caso. Para ajudar na concentração e na imagem do candidato, as atividade externas de campanha são reduzidas nos dias de debate.

Domínio de conteúdo
A coordenação de campanha de Weslian ainda não confirma a participação dela nos debates, embora a candidata tenha dito, no primeiro turno, que gostou da experiência de participar dos embates. De toda forma, ela passa por treinamento intensivo para melhorar a performance na telinha. Considerada forte no corpo a corpo com o eleitor, a postulante do PSC não tem tido bom desempenho em frente às câmeras. Na primeira participação em um debate, em 28 de setembro, quatro dias depois de entrar na disputa, a ex-primeira-dama se atrapalhou com a dinâmica do programa, fez perguntas em hora errada, não usou todo o tempo e se complicou entre os papéis para encontrar as respostas.

Entretanto, para o cientista político Paulo Nascimento, Weslian não teve um desempenho ruim. ;Ela tem um eleitor cativo que não se importa com a falta de jeito. Além disso, a candidata conseguiu lançar temas que para muitas pessoas podem parecer ridículos, mas que são importantes para o público dela, como as questões religiosas;, avalia Nascimento. E esses temas deverão ser o mote das próximas aparições da concorrente, que se apresenta como defensora da família e da vida.

Os estrategistas da representante do PSC pensaram em evitar a participação dela nos debates. Para o professor aposentado de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB) Octaciano Nogueira, esse deveria ser o caminho adotado. ;Seria melhor preservarem a imagem dela. A inexperiência é desculpável, mas não basta passar por um treinamento para aprender a se comportar, tem de conhecer a estrutura política e partidária e dominar o conteúdo programático;, afirma Nogueira.

Entretanto, a coligação se preparou para as possíveis participações de Weslian e contratou o publicitário Dimas Thomas para trabalhar a performance da candidata. O marqueteiro foi responsável por treinar Toninho do PSol nos debates do primeiro turno, que terminou as eleições em terceiro lugar, com 14,25% dos votos e ajudou a adiar a decisão para 31 de outubro. Com a experiência do publicitário, o grupo espera encontrar formas de confrontar Agnelo e colocá-los em situações delicadas nos debates.

Substituta
Weslian Roriz entrou na corrida pelo Buriti a nove dias das eleições para substituir o marido, Joaquim Roriz (PSC). O ex-governador desistiu da disputa após o Supremo Tribunal Federal (STF) não chegar a uma conclusão sobre a aplicação da Lei da Ficha Limpa. Agora, a coligação rorizista tenta barrar uma investida adversária da Justiça Eleitoral que visa trocar a foto de Roriz pela da candidata. Os petistas dizem querer evitar uma confusão na cabeça do eleitor, mas, segundo a defesa de Weslian, a mudança comprometeria a segurança do pleito.

Multimídia
O Correio Braziliense e a TV Brasília promoverão um dos confrontos programados entre os candidatos ao GDF. Será em 26 de outubro, às 22h. O encontro ocorrerá no auditório do jornal e será transmitido, ao vivo, pela tevê e pelo site www.correiobraziliense.com.br. No primeiro turno, o Correio realizou o debate entre quatro postulantes: Agnelo Queiroz (PT), Eduardo Brandão (PV), Joaquim Roriz (PSC) e Toninho do PSol. O socialista foi considerado pelos internautas o melhor debatedor da noite.

Programação
Estão previstos pelo menos sete debates neste segundo turno, sendo que cinco já têm data definida. Confira:

14 ; TV Band, às 22h
18 ; TV Record (horário não informado)
21 ; Rádio CBN (horário não informado)
26 ; Correio Braziliense e TV Brasília, às 22h
28 ; TV Globo (horário não informado)



Memória

Reviravolta na disputa


Os debates eleitorais mais famosos entre candidatos ao Governo do Distrito Federal (GDF) tiveram como adversários Joaquim Roriz e Cristovam Buarque. O último encontro entre eles ocorreu em 23 de novembro de 1998, dois dias antes das eleições de segundo turno. Ainda no PT, Cristovam tentava a reeleição e havia saído do primeiro turno com uma pequena vantagem em relação ao então representante do PMDB ; 42,7% votos a favor do petista contra 39,2% do concorrente.

No primeiro debate, organizado pelo Correio no dia 19 daquele mês, os dois trocaram provocações mútuas. Cristovam disse que o governo de Roriz havia sido baseado no assistencialismo e na doação de lotes. Em contrapartida, o petista foi acusado pelo adversário de mentir sobre dados relacionados ao aumento de empregos na sua gestão.

No último embate, Cristovam aparentou estar mais bem preparado e foi considerado superior ao adversário na discussão das propostas. Roriz se mostrou frágil, falava de forma errada e articulava mal as palavras. Em certo momento, o então governador chegou a desafiar o concorrente a segurar um copo d;água sem tremer. Na avaliação dos analistas políticos da época, boa parte da população carente interpretou o comportamento do petista como desprezo pelo concorrente e acabou se identificando com Roriz, ajudando a reverter o cenário para levar o peemedebista a uma vitória apertada, com 51,7% a 48,3%.

Material em Roriz
Ao julgar o mérito de uma representação protocolada pela coligação de Agnelo Queiroz (PT), o juiz Teófilo Rodrigues Caetano Neto confirmou a exclusão do material, na internet, na televisão e no rádio ou impresso, na qual Joaquim Roriz (PSC) seja apresentado como concorrente ao GDF. O magistrado confirmou as determinações anteriores. ;Ora, se houver a substituição de candidatura, a atual concorrente deve assumir essa condição, passando a protagonizar sua campanha na condição de aspirante a cargo eletivo, ressalvado que lhe é lícito e legítimo utilizar-se do nome, da imagem e da figura do seu marido na campanha que deve protagonizar. O que não é lícito nem legítimo, frise-se, é continuar sendo veiculada propaganda na qual o ex-candidato continua figurando como candidato;, disse o juiz.


O ex-governador desistiu da candidatura em 24 de setembro, 10 dias antes do pleito, e, em seu lugar, como indicada da coligação Esperança Renovada, a esposa, Weslian. Para os petistas, com a manobra, estaria sendo feita propaganda irregular por parte dos adversários, já que não estaria sendo divulgada de maneira regular a substituição. Em 29 de setembro, o magistrado já havia proferido liminar para impedir a veiculação de qualquer material de campanha com alusão a Joaquim Roriz como candidato ao Governo do Distrito Federal. Caso descumpra a decisão da Justiça Eleitoral, a coligação Esperança Renovada receberá multa diária de R$ 10 mil. Além disso, o magistrado determinou o recolhimento do material.

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