Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Dilma promete lançar campanha de adoção

Cercada por crianças, petista participa de evento preparado na última hora por assessores em Brasília e anuncia, sem detalhar, plano de atenção à infância

Organizado às pressas, um ato no Eixão Norte tentou mais uma vez aproximar a candidata Dilma Rousseff das crianças. No terceiro compromisso relacionado à infância desde o início do segundo turno, a petista repetiu o discurso da noite anterior, em que prometeu, durante comício na Ceilândia, construir 6 mil creches. Acrescentou que pretende lançar uma campanha intensa de adoção no país, caso eleita. Coordenadores da campanha de Dilma têm priorizado a participação da candidata em eventos que a associem à religião e infância. A estratégia é abafar as críticas do adversário José Serra (PSDB) de que a candidata seria favorável ao aborto.

;O país tem de ter a generosidade na sua população de ser capaz de adotar as crianças abandonadas que não têm uma família. Essa é uma campanha que o meu governo, se Deus quiser, se eu for eleita, vai fazer;, disse a candidata, em mais uma tentativa pública de reforçar sua fé. Anteontem, no comício, a candidata repetiu três vezes a palavra ;Deus; durante o pronunciamento.

Dilma prometeu aumentar o número de varas especializadas para acelerar a tramitação de processos de adoção na Justiça. Em 2009, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou uma lei, determinando que crianças não podem ficar mais de dois anos em abrigos de proteção.

Com uma canetinha vermelha na mão, ela desenhou com meninos e meninas ; a grande maioria filhos de militantes ;, distribuiu beijos e autógrafos, com seu nome e um coração. Também carregou crianças no colo e posou para fotos. Teve poucas chances de conversar com elas. ;Dilma só me deu um beijo. Acho que ela quer trabalhar com o Lula;, disse Ryan Bello, de 7 anos. ;Um presidente precisa trabalhar para deixar o Brasil melhor;, afirmou Sofia Oliveira, 10 anos, quando questionada sobre a função do presidente. ;Serve para ajudar as pessoas;, afirma Geovana de Souza. A frase é completada pelo irmão: ;E para construir escolas;.

;A criança é o futuro do nosso país. Um país se mede pelo que faz pela criança, e por sua capacidade de proteger, apoiar, incentivar e dar oportunidades para que as crianças se transformem em adultos plenamente realizados;, disse a candidata, logo que chegou ao evento, e sem detalhar suas propostas para a infância.

Apesar de ter subido o tom contra Serra, a candidata nega que esteja mais agressiva no segundo turno da disputa presidencial. Segundo a petista, a reação foi feita de forma ;assertiva; às acusações de Mônica Serra, mulher do tucano, de que ela era favorável à morte de ;criancinhas;. O presidente do PT, José Eduardo Dutra, também criticou a campanha do adversário.

;Eles têm uma campanha na televisão, no debate político. Ao mesmo tempo no submundo, nos subterrâneos, têm uma campanha com argumentos absolutamente medievais. Todo mundo que tem computador em casa está vendo isso;, disse Dutra, em referência ao debates sobre religião. Dutra informou que o PT pediu inquérito policial para investigar a distribuição de folhetos conservadores que atacavam Dilma, em evento tucano.

Visitas
Antes de participar do ato em comemoração ao dia das Crianças, a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT), visitou, no último sábado, uma maternidade católica em São Paulo. A instituição filantrópica atende mulheres carentes. Um dia antes, a petista visitou o lar da criança Casa de Ismael, na Asa Norte.

Novo encontro com os religiosos

A candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, vai equilibrar sua agenda do segundo turno para conseguir gravar programas de televisão, participar de comícios ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ainda não descuidar da preparação para os próximos debates. Hoje, antes de embarcar para o Piauí, Dilma deve se encontrar com lideranças religiosas em Brasília. Às 18h, ela e o presidente Lula vão subir ao palanque do candidato à reeleição, Wilson Martins (PSB), em Teresina. O governador teve 725 mil votos e disputa o cargo com o tucano Silvio Mendes, que teve 470 mil votos.

A visita da candidata faz parte da estratégia petista de fortalecer a campanha no Nordeste. Dilma deve aproveitar a oportunidade para conversar com lideranças regionais e cobrar mais empenho na campanha. A senadora Marina Silva (PV) também teve resultado significativo na região e os petistas querem assegurar que os votos verdes migrem para Dilma.

Na quinta-feira, está previsto um encontro de Dilma com o jogador Ronaldo, do Corinthians, em São Paulo. À noite, ela e o presidente participam de comício no Pará. A governadora Ana Júlia Carepa (PT) enfrenta no segundo turno o tucano Simão Jatene. Além do Distrito Federal, do Pará e do Piauí, a campanha presidencial prevê ainda comício em Alagoas, onde o aliado Ronaldo Lessa (PDT) divide o segundo turno com o atual governador, Teotônio Vilela (PSDB).

Ainda não foi definido se a candidata visitará a Paraíba, onde dois aliados se enfrentam, e nem Roraima. No estado, o líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB), apoia a reeleição do governador do PSDB, Anchieta Júnior.

Governador
Deputado federal por três mandatos, Wilson Martins (PSB) foi eleito vice-governador na chapa de Wellington Dias (PT) em 2006. Em abril último, ele assumiu o cargo de governador, quando Dias deixou a função para disputar uma vaga no Senado. Martins aproveitou-se da boa avaliação do governo nos últimos quatro anos para tentar a reeleição. Em 3 de outubro, obteve 725 mil votos (46,37% do total) e foi para o segundo turno contra o tucano Sílvio Mendes, que recebeu 470.660 votos. (30,08%).

Maioria
No vácuo do sucesso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a candidata ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff saiu vencedora em todos os estados da Região Nordeste no primeiro turno. No Maranhão, por exemplo, a petista chegou a conquistar 70,65% dos votos válidos. Foi na Bahia, porém, onde Dilma recebeu o maior número de votos em território nordestino: 4,2 milhões ; 62,6% dos votos ;, no estado onde o também petista Jaques Wagner foi reeleito para o cargo de governador.