postado em 13/10/2010 09:26
Bancar a própria campanha nem sempre garante a eleição. A maioria dos candidatos que se autofinanciaram saiu derrotada das urnas. Entre as 20 campanhas mais caras com recursos próprios para a Câmara, com receita total de R$ 15,6 milhões, apenas cinco obtiveram sucesso. Os sete candidatos que mais investiram do próprio bolso não foram eleitos. Na disputa por vagas nas assembleias legislativas, as autodoações tiveram melhor resultado. Nove das 15 maiores campanhas foram vencedoras. Os valores são relativos à segunda declaração parcial de doações registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Os números finais serão ainda maiores.O deputado com maior patrimônio declarado, Marcelo Almeida (PMDB-PR), bancou 100% da sua campanha, ou R$ 1,7 milhão. Obteve 82,5 mil votos e não foi eleito, ficando com a segunda suplência na sua coligação. Mas o dinheiro investido representa apenas 0,2% do seu patrimônio, estimado em R$ 683 milhões. O candidato com a campanha mais cara, Wilson Picler (PDT-PR), da mesma coligação, torrou R$ 2,3 milhões do próprio bolso, mas os 69 mil votos obtidos garantiram apenas a terceira suplência. ;Nós sabíamos que alguém ficaria de fora porque a coligação era muito forte com partidos como o PMDB e o PT;, disse o empresário do setor de educação.
O empresário Wellington Salgado (PMDB-MG), suplente do ex-ministro Hélio Costa, tornou-se conhecido como integrante da tropa de choque do governo na CPI dos Correios. Neste ano, ele fez a segunda maior autodoação dentre os candidatos à Câmara (R$ 1,7 milhão), mas não se elegeu.
Deputado federal em quarto mandato, Odílio Balbinotti (PMDB-PR) investiu mais de 1,3 milhão para a reeleição, mas ficou em um indigesto 31; lugar. Ao Correio, ele disse ter a esperança de assumir o mandato por ter ficado com a primeira suplência, mas reconheceu que o gasto milionário não trouxe o retorno desejado. ;Não é válido. Gastei para ganhar as eleições, mas tem caras que compraram cabo eleitoral, prefeito. Não vou citar nomes. Mas eu estou tranquilo;, afirmou.
O ex-governador Newton Cardoso (PMDB-MG) bancou 93% da sua campanha, estimada em R$ 844 mil. Ele conseguiu 137 mil votos e foi eleito deputado federal, mesmo depois de ficar muitos anos afastado de mandatos eletivos. Outro que conseguiu a eleição com mais de 100 mil votos foi o empresário Armando Vergílio (PMN-GO). Mas o autofinanciamento representou um terço da sua campanha, estimada em R$ 1,79 milhão.
Na campanha para deputado estadual, Janio Darrot (PSDB-GO) foi o candidato que mais gastou em todo o país. Bancou 93% dos mais de R$ 1 milhão investidos e saiu vitorioso nas urnas, sendo o segundo mais votado para a Assembleia Legislativa de Goiás, com 46 mil votos. Na disputa para esses cargos, como a quantidade de votos necessários para a eleição é menor, um gasto menos expressivo acaba sendo suficiente para a vitória.