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Dossiê de petistas enumera rolos de assessor de confiança do PSDB

Ele teria sumido com R$ 4 milhões da campanha de Serra

postado em 14/10/2010 08:55
São Paulo ; Menos de 72 horas depois de a presidenciável Dilma Rousseff (PT) citar Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, como um assessor de confiança do PSDB que teria sumido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha do tucano José Serra, o PT paulista apresentou um dossiê com uma série de denúncias que ligam Preto ao coração do tucanato. Uma das mais graves é o fato de a advogada Priscila Arana Souza Zahran, filha de Paulo, trabalhar em um escritório que presta serviços às empresas que eram fiscalizadas pelo pai. Em outro documento, do Tribunal de Contas da União (TCU), ela aparece como uma das advogadas que defendem o governo paulista em um levantamento sobre as obras do Rodoanel.

Os petistas encaminharam tudo na forma de representação ao Ministério Público, pedindo a apuração de ;possível ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade na conduta; do ex-governador de São Paulo José Serra, de Paulo Preto, do ex-diretor presidente da Desenvolvimento Rodoviário S. A. (Dersa) Delson Amador, e do atual mandatário, José Max Reis Alves. ;A trajetória de Paulo Preto é marcada por vários episódios nebulosos. Ele já foi preso, em junho, quando tentava avaliar uma pulseira roubada da joalheria Gucci em São Paulo;, disse o líder do PT na Assembleia Estadual de São Paulo, deputado Antônio Mentor. ;Depois que Dilma citou o caso do dinheiro da campanha, Serra disse que não o conhecia e agora diz que ele (Paulo Preto) é inocente. Queremos que a verdade prevaleça;, acrescentou.

De um suposto envolvimento no caso PC Farias, em 1992, aos dias atuais, o dossiê traz um pouco de tudo. Nas primeiras páginas, Paulo Preto é citado como alguém da confiança do PSDB que ocupou um cargo de livre nomeação no Palácio do Planalto, nos tempos do tucano Fernando Henrique Cardoso, como coordenador do Programa Brasil Empreendedor. Em 2007, quando já trabalhava na Dersa, ele foi promovido ao cargo de diretor de Engenharia. Tornou-se, assim, responsável pelas principais obras rodoviárias de São Paulo, entre elas o Rodoanel e outras específicas para desafogar o trânsito paulistano. ;Ele autorizava o pagamento às empreiteiras e ainda fazia a medição das obras, determinando o valor que seria pago às empresas;, disse Mentor. ;Ainda tivemos informações extraoficiais de que ele gastou, no ano passado, R$ 1 milhão na sua festa de aniversário;, contou o deputado.

Os petistas também voltaram a citar o empréstimo que Priscila fez ao senador recém-eleito Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), então chefe da Casa Civil de Serra, para que ele quitasse um apartamento no bairro de Higienópolis. Aloysio afirma que não há nada de ilegal no episódio e que o empréstimo é mencionado na sua declaração pública de bens.

Paulo Preto foi demitido da Dersa em 9 de abril, seis dias após Serra deixar o governo de São Paulo para concorrer à Presidência. O ex-diretor-presidente da empresa Delson Amador foi exonerado 18 dias depois. No lugar de Alves foi nomeado José Max Reis Alves, ex-diretor financeiro da Dersa, que, ainda segundo os petistas, foi chefe de gabinete da Fazenda nos tempos da ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, em 1990.

No relatório da CPI do esquema PC Farias, que derrubou o então presidente Fernando Collor, os petistas encontraram a seguinte referência: ;José Max Reis Alves, outro assessor da equipe econômica, recebeu da Brasil Jet Táxi Aéreo Ltda. e de José Carlos Bonfim a quantia de US$ 53 mil;. Os tucanos, por enquanto, tratam do tema como história requentada e evitam se pronunciar. No comitê do PSDB, até às 18h de ontem, eles diziam não ter conhecimento das acusações.

Promessas
Na tarde de ontem, em Porto Alegre, José Serra se reuniu com lideranças políticas que apoiam sua candidatura. Cerca de 300 representantes do PSDB, do PPS, do DEM, do PHS, do PP, do PTB e do PMDB estiveram presentes. No evento, o tucano prometeu obras de infraestrutura para a capital gaúcha e afirmou que não haverá discriminação contra o estado pelo fato de o petista Tarso Genro ter vencido em primeiro turno a disputa pelo governo local. ;Não quer dizer que o governo federal vai ficar distante do Rio Grande do Sul. Governaremos para pessoas e não segundo a carteirinha partidária como eles fazem.;

PRESO EM JOALHEIRA DE SÃO PAULO
; Entre os rolos nos quais o PT acusa Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, assessor de confiança do PSDB, de estar envolvido, um chama a atenção. Em junho deste ano, ele foi preso ao pedir a avaliação de um bracelete de brilhantes em uma loja da joalheria Gucci em São Paulo. A peça era roubada e o estabelecimento acionou a polícia. Agora, Paulo Preto responde a processo por receptação de material ilícito. Em sua defesa, ele alega ter sido vítima de uma ;armação;.

Colaborou Ullisses Campbell

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