Igor Silveira
postado em 14/10/2010 09:02
Na véspera de anunciar o apoio do PP ao candidato governista em Goiás no segundo turno, Iris Rezende (PMDB), o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, divulgou um acordo entre as esferas federal e estadual que concede um empréstimo de R$ 3,728 bilhões da Caixa Econômica Federal para quitar parte das dívidas de quase R$ 6 bilhões da Companhia Energética de Goiás (Celg). O imbróglio impede o órgão de reajustar tarifas, além de criar impasses para a retomada de investimentos da empresa goiana. Após o encontro, ontem, no Palácio do Planalto, o governador do estado, Alcides Rodrigues (PP), desconversou sobre as negociações concretizadas durante o pleito e garantiu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deixou que questões políticas interferissem na decisão.Na semana passada, Rodrigues também se encontrou com Lula na sede do governo federal e, a tiracolo, levou outros políticos do PP, incluindo o deputado Sandro Mabel, para sentar-se à mesa de negociação e pressionar Lula e ministros. Os problemas com a Celg foram aumentando ao longo dos anos e o débito da companhia com fornecedores tornou-se impeditivo para uma resolução somente com recursos do governo estadual. Do valor total a ser financiado pela Caixa, R$ 1,7 bilhão será usado para eliminar dívidas, enquanto o restante servirá para reestruturar a companhia. O governo de Goiás, ainda de acordo as bases acordadas, vai pagar o empréstimo em um prazo de 20 anos, com juros de 6% ao ano.
Alcides Rodrigues classificou como histórico o resultado da operação. ;É uma notícia muito positiva para Goiás. A negociação foi longa, durou mais de três anos, e contou com a participação da Eletrobras e dos ministérios da Fazenda e de Minas e Energia. O projeto, inclusive, havia sido enviado à Assembleia Legislativa, mas não foi aprovado na época;, disse o governador, na saída do encontro com Lula. ;O presidente tratou a questão com lisura e não entrou no mérito político;, completou para, em seguida, anunciar: ;O PP vai declarar amanhã (hoje) apoio ao candidato Iris Rezende.;
Conta mais cara
A dívida bilionária da Celg impedia que a companhia de energia pudesse reajustar as contas dos consumidores goianos. Desde 2006, as tarifas não sofrem aumento. Essa situação, no entanto, deve mudar em breve. O presidente da Celg, Carlos Silva, contou que, só no ano passado, 11% de reajuste foram concedidos, mas não puderam ser aplicados. Com a situação financeira da estatal parcialmente sanada, a empresa deve solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorização para reajustar as contas de luz em Goiás.
;O que foi discutido, no ano passado, sobre esse assunto ficou para trás. Agora, esse assunto (o aumento das tarifas) é com a Aneel. Vamos evitar especulações;, despistou Silva sobre a possibilidade de haver reajuste ainda este ano.