Alice Maciel
postado em 15/10/2010 08:52
Belo Horizonte - Em sua primeira visita a Minas Gerais depois do primeiro turno, o candidato à Presidência José Serra (PSDB) adotou um discurso de aproximação com o estado e aproveitou a oportunidade para assumir compromissos com as prefeituras e fazer novas promessas, consciente de estar no segundo maior colégio eleitoral do país e no estado com o maior número de municípios (853). No encontro com prefeitos e militantes em Belo Horizonte, Serra prometeu realizar uma política municipalista e rever as alíquotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).Com afagos aos prefeitos, o presidenciável assumiu o compromisso de ressarcir os cofres municipais sempre que o governo federal conceder incentivos fiscais. "Nós temos que ter o FPM como um piso, e não como um teto, como acontece na prática. Quando ameaça crescer, o governo dá incentivos e retira os recursos dos municípios. O Executivo e o Congresso tomaram decisões que foram boas para a população, mas a conta, quem pagou foram os municípios", afirmou.
Ao lado dos senadores eleitos por Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) e Itamar Franco (PPS) e do governador tucano Antonio Anastasia, Serra - segurando uma bandeira de Minas - disse que aprendeu a fazer política no estado e afirmou que pretende governar sendo "o mais paulista dos mineiros e o mais mineiro dos paulistas".
Carros oficiais
Atendendo a convite da Associação Mineira de Municípios (AMM), um numeroso grupo de prefeitos viajou ontem de carro oficial de suas respectivas cidades a Belo Horizonte para participar do primeiro ato de campanha no estado de José Serra nesta reta final das eleições. No entendimento do Ministério Público Estadual (MPE) de Minas, o uso de bem público em atos de campanha é considerado irregular, já que há gasto de verba para custear combustível, o dia de trabalho do motorista particular e o desgaste do veículo oficial.
Indiferentes às irregularidades, o que se viu na Associação Médica de Minas Gerais, na Avenida João Pinheiro, local do evento pró-Serra, foi um verdadeiro desfile de prefeitos em confortáveis carrões de luxo. Segundo a organização, 273 chefes do Executivo municipal assinaram a lista de presença. E todos tinham uma justificativa na ponta da língua. A maioria argumentou que o deslocamento até a capital se deu em função de compromissos oficiais agendados anteriormente e que, por pura coincidência, ocorreram no mesmo dia do ato de campanha do presidenciável tucano.
Esse último argumento foi utilizado, por exemplo, pelo prefeito de Unaí, o empresário Antério Mânica (PSDB), que responde na Justiça por homicídio qualificado contra três auditores fiscais e um motorista do Ministério do Trabalho em 2004. "Só dei uma passadinha rápida por aqui. Mais cedo, participei de duas audiências. A primeira foi para levar R$ 3 milhões para a cidade e a outra para conseguir um terreno próprio para uma universidade", declarou, sorridente, com um bóton de Serra pregado na camisa.