postado em 16/10/2010 07:10
A ex-ministra Erenice Guerra deixou a Casa Civil em 16 de setembro, mas demorou 27 dias para entregar a residência oficial do ministério. Mesmo sem cargo e sem o antigo trânsito com a cúpula do governo, Erenice permaneceu na casa destinada aos chefes da Casa Civil até a véspera de expiração do prazo máximo concedido para a entrega da residência oficial, estipulado em 30 dias. Na última quarta-feira, a ex-ministra providenciou a retirada dos pertences do imóvel, situado na Península dos Ministros, no Lago Sul, região nobre de Brasília. Apesar de ser do Distrito Federal, com laços familiares constituídos em Brasília, Erenice estendeu sua permanência na residência da Casa Civil. Funcionários da casa não informaram para onde a ex-ministra levou os pertences que mantinha na casa funcional.Se fosse pagar pelo aluguel do imóvel, durante o mês que passou na casa mesmo fora do cargo, Erenice desembolsaria quantia em torno de R$ 20 mil, só pelo uso do espaço. A manutenção da casa, que inclui serviço de copeiros, cozinha e segurança, é custeada com recursos públicos do orçamento da Casa Civil. A assessoria da pasta informa que "nenhum servidor" trabalha na manutenção da residência oficial. Mas, de acordo com levantamento da liderança do DEM no Senado, feito a pedido do Correio, somente a contratação de ajudantes de serviços gerais para o trabalho de copeiragem da residência representa despesa de R$ 2 mil por mês. A Casa Civil informou que, assim que a ex-ministra deixou o cargo, perdeu o direito de usar o carro oficial da pasta e que as despesas como água, luz e telefone são custeadas pelo "usuário". Segundo a assessoria, a mudança da ex-ministra não foi paga com recursos públicos.
Interino
Se de um lado Erenice ocupava a casa destinada aos ministros da Casa Civil, de outro, o interino da pasta, Carlos Eduardo Esteves, nomeado depois do escândalo de tráfico de influências que derrubou a ex-ministra, mantém rotina de servidor público, sem regalias de autoridade. De acordo com a Casa Civil, Esteves, interino há quase um mês, não terá nem mesmo seguranças. Apesar de a residência oficial estar vazia desde quarta-feira, o substituto provisório de Erenice não vai se mudar para a casa na Península dos Ministros, porque é interino, segundo a assessoria.
A queda de Erenice ocorreu após denúncia de tráfico de influências envolvendo empresa de seu filho Israel Guerra e órgãos do governo. Empresários acusaram Israel de cobrar propina para facilitar a negociação de contratos com o governo, usando o nome da ex-ministra como aval. Durante a investigação das denúncias, parentes e amigos de Erenice foram "descobertos" em cargos na administração pública.