postado em 17/10/2010 07:37
Belo Horizonte ; O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata do PT ao Planalto do Planalto, Dilma Rousseff, fizeram ontem um apelo aos votos dos mineiros em comício para cerca de 4 mil pessoas ; segundo estimativa da Polícia Militar ; em cima de um caminhão na Praça Sete, Região Central de Belo Horizonte. Segundo Lula, o momento é de ir às ruas. ;A partir de agora, companheiros de Minas, não tem trégua. A partir de agora, nossas bandeiras não podem mais ficar guardadas. A partir de agora, as nossas camisetas não podem mais ficar na gaveta. Agora, é colocar nossas camisetas e nossas bandeiras e ocupar Minas Gerais e Belo Horizonte;, discursou.Na mesma linha, Dilma se comprometeu a fazer pelo estado o que ;Minas Gerais merece;. ;Essa terra em que eu vi pela primeira vez a luz da Terra, essa terra que me ensinou os valores da liberdade, da justiça, do desenvolvimento. Essa terra de JK, Tancredo Neves e Tiradentes, é uma terra abençoada. Quero dizer a vocês que vou honrar essa herança mineira que eu tenho, fazendo deste país um país justo para todos e todas;, afirmou, de olho nos 14,5 milhões de votos do estado, o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo.
Dilma venceu o rival, José Serra (PSDB), em Minas, mas perdeu para Marina Silva (PV) em Belo Horizonte. No segundo turno, a necessidade de marcar presença e buscar votos no estado ficou mais evidente diante do crescimento do tucano em toda a Região Sudeste e da possibilidade de entrada do senador eleito Aécio Neves (PSDB) com mais vigor na campanha em favor do colega paulista.
Antes do comício, ao lado do vice-presidente da República, José Alencar, Lula e Dilma participaram de carreata que partiu da Praça do Papa, na Zona Sul, e percorreu cerca de 10 quilômetros até a Praça Sete, passando pela Savassi, Praça da Liberdade, Mercado Central e pela Praça da Rodoviária.
O vice-presidente José Alencar, que se recupera de nova cirurgia no tratamento contra um câncer, foi o primeiro a falar na Praça Sete. ;Nós ganhamos o primeiro turno. Mas a regra do jogo exige que ganhemos novamente no segundo turno. Então, vamos ganhar;, disse Alencar, que veio a Belo Horizonte especialmente para a carreata e o comício na Praça Sete.
Lula retribuiu e fez questão de citar o vice-presidente. ;Já vi gente importante, como José Alencar, dizendo uma frase, que é uma frase simbólica: Dilma Rousseff é a única oportunidade de Minas Gerais voltar à Presidência da República agora, em 2010. E mineiro que é mineiro, mineira que é mineira, não trai o seu torrão. Nós sabemos que votar nesta companheira é devolver a Minas a participação lá em Brasília para governar com a sabedoria que só os mineiros têm;, disse.
Dilma buscou, a todo momento, reforçar as raízes com o estado. ;Meus queridos conterrâneos, obrigada a cada uma das mulheres guerreiras aqui presentes, a cada um dos meus companheiros de luta aqui presentes. Eu agradeço a vocês por essa maravilhosa carreata. Agradeço a Minas Gerais porque eu nasci aqui e eu, se Deus quiser, vou ser a primeira mineira presidente do Brasil.;
Crítica aos ricos
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ontem em Belo Horizonte que os ricos do país foram os que mais ganharam dinheiro durante seu governo. A declaração, feita durante o comício na Praça Sete, foi em reação a pedestres e a motoristas na Zona Sul da capital que, ao cruzarem com a carreata, fizeram sinais de reprovação ao presidente. ;E vou te dizer uma coisa. Nós começamos essa caminhada lá em cima, no Bairro das Mangabeiras, onde mora o povo mais rico de Belo Horizonte, e você percebeu que lá tinham pessoas que faziam assim para nós (sinal de desaprovação). Eu diria para vocês que fico constrangido porque aquelas pessoas ricas foram as pessoas que mais ganharam dinheiro no meu governo. Aquelas pessoas, na verdade, o que elas não conseguiram superar foi o preconceito. O preconceito contra um metalúrgico ser presidente da República e fazer pelo Brasil o que elas não conseguiram fazer;, disse. Para o presidente, além do preconceito, existe hoje também ;medo de ver uma mulher ganhar as eleições e fazer pelo Brasil mais do que eles fizeram;.
A carreata durou cerca de uma hora. Parte dos militantes preferiu participar a pé, ao lado do veículo em que estavam Lula, Dilma e José Alencar. Com aproximadamente 10 minutos de trajeto, o vice-presidente precisou sentar-se. Antes, perguntou à candidata se ela gostaria de usar o banco. ;Eu quero é ficar em pé;, respondeu. Já na Savassi, no entanto, onde parte dos militantes aguardavam a carreata, José Alencar se levantou novamente e seguiu sem descansar.
Lula, a todo momento, recebia cartas das pessoas e perguntava ao autor: ;Tem o seu endereço aqui, né?; Dilma, além de acenar para a população, carregou a Bandeira do Brasil em parte do trajeto. Em outros três veículos participaram da carreata o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Luís Dulci, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, o candidato derrotado ao governo do estado, Hélio Costa (PMDB), e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, também derrotado nas últimas eleições, na disputa pelo Senado.
Enem
Antes da carreata, Dilma rebateu as críticas de José Serra sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). ;Acabar com o Enem, dizendo que é eleitoreiro e tem uso político, é desconsiderar o papel que ele teve nestes anos todos;, disse, acrescentando que o vazamento das provas, no ano passado, foi um crime e está sendo investigado. Segundo ela, o fim do exame prejudicaria 700 mil estudantes que participam do programa de concessão de bolsas de graduação do governo federal, o Programa Universidade para Todos (ProUni). ;O Enem é pré-condição para o ProUni. Querer atacar o Enem é uma forma indireta de o candidato Serra atacar o ProUni. O partido do vice dele, o Democratas, entrou na Justiça pedindo para acabar com o Enem;, afirmou. Anteontem, o presidenciável tucano disse que o exame deve ser reformulado e que está sendo usado politicamente. (LA e AA)