postado em 19/10/2010 08:38
Dois feriados próximos à eleição de 31 de outubro provocaram uma guerra estratégica entre os coordenadores das campanhas presidenciais. Na quinta-feira, 28 de outubro, é celebrado o Dia do Servidor. Alguns governos tucanos anteciparam o feriado em até duas semanas para segurar os servidores nos centros urbanos. Nos estados onde a candidata Dilma Rousseff (PT) tem larga vantagem, aliados já preparam medidas para conter a debandada. O feriado de Finados, em 2 de novembro, cai na terça seguinte. No dia 1; será decretado ponto facultativo na maioria das repartições públicas. Apesar da impopularidade da medida, governadores de seis estados decidiram controlar o feriado eleitoral. Em Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pará não há previsão de ponto facultativo em 1; de novembro ou de folga no Dia do Servidor.Onde há segundo turno também para os governos estaduais pesam interesses dos governadores que tentam a reeleição ou fazer o sucessor. Em nove estados, os governos vão liberar os servidores após o expediente de sexta-feira e os funcionários só voltarão ao trabalho na quarta-feira. Se o índice de abstenção chegou a 18,12% no primeiro turno, a chance de o eleitor viajar durante o fim de semana da eleição aumenta as chances de ausência no segundo turno, o que pode provocar distorções no resultado do pleito.
Em alguns casos, como Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, os servidores emendarão o recessso de sexta-feira a terça-feira. O governo da Bahia chegou a informar que o feriadão por lá iria de quinta a terça. Depois, anunciou que o Dia do Servidor seria transferido para a sexta-feira, dia 29. No início da noite de ontem, o governo baiano informou que a folga da segunda pode ser suspensa. A candidata do PT, Dilma Rousseff, obteve vitória expressiva na Bahia, com 62% dos votos ; vantagem de 2,7 milhões de votos sobre o candidato tucano.
Lupa
A coordenação de campanha do PSDB está analisando as repercussões do feriadão caso a caso. Nos estados do litoral, a desmobilização pode ser maior. O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirma que os estudos já estão em andamento: "Estamos analisando todos os cenários, fazendo simulações e ouvindo todo mundo. A gente está juntando as informações para ver. Isso é relativo, ajuda de um lado e prejudica do outro".
O coordenador executivo da campanha de Dilma em Minas Gerais, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), afirma que há um esforço de governadores que apoiam a candidatura de Serra (PSDB) para mudar o calendário de feriados. ;Depois do jogo rasteiro do Serra, os militantes do PT estão engajados. Por isso, ele (Serra) está convocando os governadores para mudarem o calendário. Foi o que aconteceu em São Paulo e Minas", afirma Lopes.
A lista de estados que oficializarão o feriadão pode aumentar. Em 15 unidades da Federação, a situação está indefinida. Entre eles, o Rio de Janeiro. O presidente do PT no estado, deputado Luiz Sérgio, afirma que na próxima reunião de coordenação de campanha da presidenciável Dilma Rousseff levará o tema ao debate.
O deputado Angelo Vanhoni (PT-PR) torce para que o índice de abstenção não interfira na eleição, mas enquadra o fenômeno da ausência eleitoral no segundo turno a uma classe social. "Quem se dispõe a viajar é a classe média. A grande maioria dos trabalhadores não viaja", afirma Vanhoni.