Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

Hidrelétricas turbinam campanha de Dilma

Lula aproveita inauguração de seis usinas em Goiás para reafirmar comparação entre governos, mote da presidenciável

Catalão (GO) ; A afinidade entre o governo federal e o governador goiano Alcides Rodrigues (PP) é visível. Ontem, após deixar centenas de convidados esperando por duas horas e meia ; ele se atrasou gravando programa eleitoral gratuito para a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, em Brasília ; o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na Serra do Facão, na região de Catalão, município a 300 quilômetros da capital federal, para participar da inauguração simultânea de seis hidrelétricas em Goiás. Entre afagos mútuos, o tom dos discursos foi de que o Brasil está em um rumo e precisa continuar. O clima eleitoral foi tão explícito que o prefeito licenciado de Catalão, Velomar Rios (PMDB), foi convidado para falar e disse que não estava no cargo por um motivo nobre: se empenhar, no segundo turno, na campanha de Iris Rezende (PMDB-GO) e de Dilma.

Lula usou a mesma estratégia da campanha presidencial petista e comparou feitos do atual governo com as gestões anteriores. Ao falar da usina hidrelétrica da Serra do Facão, que tem potencial para gerar 212,6 MW e contou com investimentos de mais de R$ 1 bilhão, o presidente ressaltou que esse tipo de preocupação com infraestrutura não existia no governo de outros presidentes.

;Houve presidentes que passaram anos no poder e não conseguiram inaugurar uma hidrelétrica. Estamos colocando seis em funcionamento só no dia de hoje. Essas são obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e mostram que o Brasil voltou a investir pesado em energia;, disse Lula, para uma plateia com inúmeros militantes do candidato ao governo de Goiás Iris Rezende. Muitos dos presentes usavam adesivos da campanha do político do PMDB. Não havia qualquer vestígio de propaganda do outro concorrente, Marconi Perillo (PSDB).

De acordo com Lula, o Brasil jogou fora, durante o século 20, ;oportunidades extraordinárias; de se tornar uma nação grandiosa porque os governantes esperavam, parados, orientações de países europeus e dos Estados Unidos. ;Nós gostamos muito deles (europeus e norte-americanos), mas gostamos ainda mais de nós, brasileiros. Podem acreditar: vamos nos tornar a quinta economia até 2016;, completou o presidente.

Celg
Na quinta-feira passada, Alcides Rodrigues foi ao Palácio do Planalto fechar um acordo que prevê empréstimo de R$ 3,728 bilhões da Caixa Econômica Federal para ajudar a saldar as dívidas da Companhia Energética de Goiás (Celg), que somam quase R$ 6 bilhões. O dinheiro permitirá à empresa estatal a retomada de investimentos, além da possibilidade de reajustar tarifas das contas de energia dos consumidores goianos. No dia seguinte ao anúncio feito pelo ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, o PP goiano, cujo candidato ao governo estadual foi o terceiro colocado no primeiro turno, declarou apoio a Iris Rezende e a Dilma Rousseff.

;O presidente tratou a questão com lisura e não entrou no mérito político;, destacou o governador na ocasião, mas completou com uma frase que indicava o contrário: ;O PP vai declarar amanhã (na última sexta-feira) apoio ao candidato Iris Rezende;. Ontem, em Goiás, Rodrigues agradeceu ao presidente e destacou que Lula salvou a Celg. ;O Brasil tem rumo e não podemos desviar desse norte desenvolvimentista que o nosso estado e o país vivem neste momento;, concluiu.

DISCURSO AMBIENTAL

O ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, estava na região de Cachoeira Alta, a 560 quilômetros de Brasília, na inauguração de uma das hidrelétricas. Por meio de videoconferência, discursou também. Antes de ouvir o presidente Lula falar sobre os quase 1,4 mil quilômetros de ferrovia feitos neste governo contra 215 quilômetros da gestão anterior, Zimmermann bateu na tecla do desenvolvimento sustentável, uma das bandeiras da ex-candidata Marina Silva (PV), que obteve cerca de 20 milhões de votos no primeiro turno e se declarou independente nesta nova fase.

;O setor elétrico teve a sabedoria de se adaptar ao meio ambiente. É evidente que toda fonte tem seu impacto, mas as usinas hidrelétricas vão durar muitos anos e trazem mais vantagens que desvantagens. É de fundamental importância essa política voltada para privilegiar a hidreletricidade, que equaciona problemas ambientais e sociais e traz resultados muito positivos para as regiões;, concluiu. (IS)