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PT pede que PGR investigue participação de Serra no caso Paulo Preto

postado em 20/10/2010 08:54
Os governistas esforçam-se para transformar Paulo Vieira de Souza ; o Paulo Preto, suposto aliado do presidenciável tucano José Serra (PSDB) ; na versão tucana de Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil envolvida em escândalo que atingiu em cheio a campanha da petista Dilma Rousseff. Para não deixar as denúncias contra Souza caírem no esquecimento, aliados da presidenciável entraram, ontem, na Procuradoria-Geral da República (PGR), com duas ações que pedem investigação da conduta do candidato tucano e do senador eleito Aloysio Nunes (PSDB) em suposto desvio de verbas das obras do Rodoanel, em São Paulo.

Souza foi acusado de desaparecer com R$ 4 milhões que teriam sido doados para a campanha presidencial tucana. Os petistas alegam, nas ações, que depoimentos prestados pelo próprio aliado de Serra mostram que ele usou a influência conquistada à época em que foi diretor da empresa de transportes de São Paulo (Dersa) para obter doações eleitorais. ;O senhor Paulo é réu confesso. Ele disse: ;ninguém nesse governo tem mais condições de obter recursos do que eu;. Ele dirigia obras do Rodoanel e do Metrô, no montante de R$ 6 bilhões. E o Rodoanel teve recursos federais, por isso justifica a investigação da PGR;, afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). O líder foi acompanhado do vice-presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS); do líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro (PE); e do deputado Paulinho da Força (PDT-SP).

Além da representação dos petistas ; que foca o pedido de investigação em Serra e Souza, e no período em que o presidenciável tucano governou São Paulo ;, a PGR também recebeu ação encaminhada por Paulinho da Força. O líder sindical desistiu de pedir a quebra do sigilo telefônico do candidato do PSDB alegando que Serra retrocedeu e confirmou que conhecia Souza. ;A ideia inicial era pedir a quebra de sigilo. Ele (Serra) disse que não o conhecia, mas depois admitiu que o conhecia. Com o nosso pedido, a PGR pode fazer uma investigação geral. Parece que o buraco é muito maior;, afirmou Paulinho.

Foro privilegiado
O líder do PT na Câmara acusou Souza de mandar mensagens de socorro ao presidenciável tucano. ;Paulo ameaçou o presidenciável José Serra exigindo solidariedade. É fácil suspeitar que algo ocorre. Ele confessou que usou as obras para arrecadar dinheiro de campanha;. A ofensiva dos aliados de Dilma contra Paulo Vieira de Souza tem o objetivo de dar dimensão nacional ao assunto. A PGR ainda vai analisar se as ações ficarão no órgão ou serão remetidas ao Ministério Público Federal em São Paulo.

De acordo com a assessoria, se o senador eleito Aloysio Nunes já estivesse diplomado, as ações continuariam na Procuradoria graças ao foro privilegiado que o cargo confere ao tucano. Antes disso, a tendência é que a PGR remeta as representações a São Paulo e receba de volta depois de 15 de dezembro, quando o senador eleito pelo PSDB já terá sido diplomado. A assessoria jurídica da campanha de Serra chamou de ;crime; as acusações de caixa dois de campanha e afirmou que as acusações se limitam a Souza.

VACCARIA É DENUNCIADO

; Larissa Leite

Formação de quadrilha, estelionato consumado, estelionato tentado, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Esses foram os crimes dos quais o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi acusado ontem. O promotor de Justiça José Carlos Blat, do Ministério Público de São Paulo, fez a denúncia ao juiz da 5; Vara Criminal de São Paulo. Nela, ele pede ainda a quebra dos sigilos bancário e fiscal do tesoureiro. Vaccari Neto é ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop) e foi acusado, com mais seis pessoas, de desviar cerca de R$ 70 milhões da cooperativa, causando um prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões aos cooperados.

O promotor anunciou a denúncia à Justiça durante um depoimento à CPI da Bancoop, na Assembleia Legislativa de São Paulo. ;A cooperativa acabou servindo a um pequeno grupo de criminosos, e não aos seus milhares de cooperados. A falta de recursos da Bancoop se deve única e exclusivamente aos desvios fraudulentos;, disse Blat. Vaccari Neto também tinha sido convidado a prestar esclarecimentos, mas não compareceu à CPI.

O presidente da comissão, deputado Samuel Moreira (PSDB), informou que o grupo também teve acesso à documentação oferecida à Justiça e deverá analisá-la até a semana que vem, quando a CPI será concluída. ;Nós já temos 29 depoimentos e uma farta documentação. Vamos apresentar um relatório coerente com o material e baseado nos fatos. Pelo nosso conhecimento, existem pelo menos 1.132 cooperados que ainda não receberam seus imóveis e outros 2.362 que alegam estar sendo cobrados indevidamente;, afirma o deputado.

Campanha
Os recursos da Bancoop teriam sido desviados para abastecer campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores. De acordo com o Ministério Público, a denúncia, com 81 laudas, é resultado de investigação criminal baseada em depoimentos, relatórios do Laboratório de Tecnologia do MP sobre lavagem de dinheiro, e documentos fiscais, bancários e contábeis. Além de Vaccari Neto, foram acusados Ana Maria Érnica, Tomás Edson Botelho Fraga, Leticya Achur Antonio, Henir Rodrigues de Oliveira e Helena da Conceição Pereira Lage. A Justiça ainda deverá ouvir a defesa preliminar do acusado antes de decidir se acata a denúncia e transforma os acusados em réus do processo criminal.

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