Juliana Boechat
postado em 23/10/2010 08:00
Com o baixo percentual de eleitores indecisos e a diferença de mais de 20 pontos entre os dois candidatos que disputam o segundo turno das eleições ao Governo do Distrito Federal, as chances de mudanças drásticas no resultado do pleito deste ano ficam cada vez mais remotas. A uma semana da votação, a pesquisa do Instituto Datafolha mostrou crescimento do petista Agnelo Queiroz de 60% para 64% nas intenções de voto e a queda de quatro pontos da adversária Weslian Roriz (PSC), que agora conta com 36% ; a vantagem chegou a 22 pontos percentuais. Dos 1.115 eleitores entrevistados, 87% se disseram totalmente decididos em quem votar. Apenas 7% ainda estariam indecisos e 8% votariam branco ou nulo. Para os especialistas, apenas um grande escândalo ; e muito bem comprovado ; contra Agnelo pode inverter os números da disputa.Considerando os votos nulos, brancos e indecisos, o Datafolha mostra Agnelo com 54% da preferência, enquanto Weslian conquista 31%. A maioria esmagadora dos eleitores está certa do voto de confiança que digitará nas urnas no próximo dia 31, mas 10% explicam que ainda podem mudar de opinião nesta última semana. Entre os eleitores petistas, 91% estão totalmente decididos em relação ao ex-ministro do Esporte, enquanto 7% ainda não têm tanta certeza. A confiança em torno de Weslian chega a 87%, mas 11% não firmou a posição. Como também mostrou a pesquisa do Instituto CB Data, Agnelo conta com preferência dos jovens (41%), dos mais escolarizados (69%) e dos que possuem maior renda (70%). A mulher do ex-governador Joaquim Roriz expande as raízes entre os eleitores de menor renda, entre os quais Agnelo passou de 42% para 36%.
O grau de rejeição de Weslian Roriz entre os eleitores do Distrito Federal é maior que o de Agnelo Queiroz. Das pessoas que não declararam voto no petista, 3% alegaram que votariam com certeza no candidato, 23% ficaram em cima do muro e 59% garantiram que não votariam de jeito nenhum. Entre os eleitores do time vermelho, 1% garante que votaria na ex-primeira-dama, 12% não têm certeza e 79% rejeitam a hipótese. O cientista político Leonardo Barreto acredita que a rejeição ao ex-governador Joaquim Roriz foi transferida para a sua mulher. Além disso, ele acredita que a falta de traquejo político prejudica a candidata do PSC. ;Tem pessoas que normalmente votariam no Roriz, mas que não estão confortáveis em votar na dona Weslian porque ela tem, de fato, dificuldades;, avalia.
Barreto acredita que apenas um grande escândalo pode reverter a atual situação da disputa pelo Palácio do Buriti. ;Não consigo lembrar de nenhuma eleição que tenha tirado uma diferença tão grande em tão pouco tempo;, disse, referindo-se ao desempenho de Agnelo ao longo dos últimos quatro meses. ;O único fator que poderia mudar o cenário seria uma denúncia muito complicada, com provas contundentes;, explica. Ele classifica os resultados recentes ao desempenho de Agnelo, ao tempo disponível no rádio e televisão e à sucessão de fatos negativos com os adversários. ;Essa eleição caiu no colo de Agnelo porque seus adversários foram derrotados um por um até chegar à dona Weslian;, analisa. ;O burburinho de que Roriz iria governar no lugar de Weslian não colou para o eleitor. Eles souberam diferenciar os dois. Esse é um dos motivos que fez a campanha dela não decolar;.
O coordenador da campanha de Weslian Roriz, Vatanábio Brandão, disse não acreditar em levantamentos de intenção de voto. ;Se as pesquisas acertassem, o Toninho do PSol não teria surpreendido no primeiro turno das eleições. O jogo para nós ainda não está perdido;, avalia. Segundo ele, a campanha da ex-primeira-dama continuará percorrendo os redutos rorizistas para tentar virar o resultado na próxima semana. Para o coordenador de Comunicação da campanha de Agnelo, Luis Costa Pinto, o resultado das recentes pesquisas demonstra a realidade. ;É a maioria do eleitorado indo contra a bagunça, as ilegalidades, as más práticas administrativas e a corrupção que sempre estiveram no governo dos adversários de Agnelo;, ataca. Segundo ele, a evolução do petista nas pesquisas ao longo do período eleitoral se deveu à prioridade de expor propostas de governo e não fugir das oportunidades de entrevistas e debates.
A nuvem negra do feriado prolongado que pairava sob a cabeça dos petistas se dispersa aos poucos. Os pesquisadores do Datafolha também questionaram os eleitores sobre os planos para viajar ou permanecer na cidade no próximo dia 31. A maioria dos entrevistados ; 57% ; afirmaram sair da cidade nessas ocasiões, 35% disseram viajar raramente, 14% quase sempre viajam e 8% pegam a estrada com grande frequência. Ainda assim, grande parte dos eleitores ouvidos pela pesquisa, que somam 95% das intenções de voto, pretendem ficar no Distrito Federal para exercer a cidadania. Apenas 3% afirmaram que vão viajar e 3% não confirmaram. ;Isso é ótimo para nós;, avalia Luis Costa Pinto. Colaborou Ary Filgueira
Dados confirmados
Os números do Datafolha se aproximam do resultado da pesquisa do Instituto CB Data divulgado na primeira semana de outubro ; a primeira desde a eleição do último dia 3. O levantamento mostra o candidato Agnelo Queiroz liderando com folga a disputa pelo segundo turno ao Palácio do Buriti em relação à Weslian Roriz. O petista atingiu 61% dos votos válidos, enquanto Weslian apareceu com 39% das intenções de voto. Levando-se em consideração brancos, nulos e indecisos, Agnelo aparece também na frente, com 52% da preferência do eleitorado. A concorrente soma 34%, nulos apresentam 6% e indecisos e brancos, 8%.