Desfalcando as fileiras do PSDB paulista, o PT fez seu principal arqueiro na guerra santa travada pelos candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) na disputa presidencial deste ano. Quando a polêmica do aborto e o boato de que a petista teria desafiado a ira divina vieram à tona, arrancando votos preciosos da ex-ministra de Lula, o deputado eleito Gabriel Chalita (PSB-SP) surgiu como aliado providencial. Em São Paulo, Chalita perde em popularidade e votos apenas para o deputado eleito Tiririca (PR-SP). O neo-ssocialista é o xodó da comunidade católica no estado, reduto em que os tucanos sempre tiveram ascendência graças ao histórico de militância religiosa do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB-SP). ;Ele está ajudando bastante e não é tradicionalmente do PSB. Faz parte de um grupo de forças que se deslocou. Era um segmento (católico) que apoiava o PSDB. Mas ele viu a guinada à direita do Serra;, comemora o líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza.
O ex-tucano teve papel decisivo para estancar a crise que se abriu entre Dilma e os religiosos e agora entra nos planos da cúpula petista como importante nome para a composição da base do governo, se Lula emplacar a sucessora. Como contrapartida, Chalita tenta se cacifar para ministro da Educação. O PT, por enquanto, aponta para o deputado um caminho como líder da bancada do PSB ou do governo.
Chalita elegeu mesmo a educação como bandeira. Cuida da carreira política para repetir na Câmara a bem-sucedida trajetória do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), referência no setor. No gabinete que ocupa na Câmara Municipal de São Paulo, o vereador dispensa a alcunha de autoridade legislativa e gosta de ser chamado de ;professor;, em referência ao posto que ocupa na PUC de São Paulo.
Apesar da sólida formação acadêmica ; coleciona doutorados em direito e em comunicação ; Chalita tenta se livrar do rotulo de político formado graças aos votos de religiosos. Mas a amizade com o maior ícone da música católica do país, padre Fábio de Melo, marca sua ligação com as coisas da fé.
Mentor
Chalita trocou a igreja pela política pelas mãos do ex-governador de São Paulo Franco Montoro (PSDB). O tucano foi seu mentor político. Os dois se conheceram durante sermão de Chalita em uma escola de padres de Lorena, interior de São Paulo. Depois disso, passou 20 anos no PSDB. Pelo partido, foi vereador e secretário de Educação de Alckmin, no governo do estado. Em setembro de 2009, o tucano, que à época tinha 40 anos e mais de 50 livros publicados, decide enveredar no PSB.
A desilusão de Chalita com os tucanos deu-se pela dificuldade para conseguir espaço para concorrer ao cargo de senador. O neossocialista enfrentou o mesmo dilema no PSB. Mesmo assim, aderiu à campanha governista depois de ser eleito deputado federal com mais de 560 mil votos. Integrantes da campanha de Dilma contam que Chalita ajudou a reunir líderes religiosos e dar o aval de que, se eleita, Dilma não mudaria a legislação que regula o aborto.