Eleicoes2010

Serra aposta na boa relação de Alckmim com Igreja para somar votos

postado em 24/10/2010 13:49

Se Dilma Rousseff tem o deputado eleito Gabriel Chalita como um passaporte para a Canção Nova e outros setores da Igreja, o candidato do PSDB, José Serra, tem o padrinho político de Chalita, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin. O tucano é hoje um dos políticos mais próximos ao padre Marcelo Rossi; ao Bispo de Santo Amaro, Dom Fernando Figueiredo; e, ainda, ao cardeal de São Paulo, D. Odilo Pedro Scherer ; o primeiro cardeal brasileiro nomeado pelo papa Bento XVI, em 2007.

Foi Alckmin quem ciceroneou José Serra na Basílica de Aparecida, no Vale do Paraíba, mesma região de Pindamonhangaba, cidade onde o futuro governador paulista começou sua carreira política. ;Vou todos os anos a Aparecida. Adquiri esse hábito desde a juventude porque é próximo de Pinda;, diz o futuro governador com a sobriedade que lhe é peculiar. O próprio Serra não esconde o fato de Alckmin ser uma espécie de seu passaporte na Igreja, em especial, em Aparecida. ;Sempre fui a Aparecida com ele;, conta.

Serra e Alckmin estiveram afastados desde que o segundo concorreu à Presidência da República contra Lula, que disputou a reeleição em 2006 A relação ficou ainda pior quando Alckmin decidiu concorrer à prefeitura da cidade de São Paulo, contra o prefeito-candidato Gilberto Kassab (DEM), aliado e amigo de Serra, de quem foi vice-prefeito até 2006, quando o tucano deixou o cargo para concorrer ao governo estadual. Com a vitória de Kassab em 2008, Alckmin terminou convidado a compor a equipe de Serra no governo estadual ; a forma que Serra encontrou para evitar a criação de polo adversário dentro do PSDB paulista. Com o cargo, Alckmin se projetou e manteve os índices de popularidade que terminaram por fazer dele candidato a governador.

A partir daí, a reaproximação se consumou. Eleito no primeiro turno, Alckmin passou a se dedicar de corpo e alma à eleição de Serra neste segundo turno. ;Hoje, não há divisão no PSDB paulista. Conseguimos unir todas as pontas;, comenta o deputado reeleito Júlio Semeghini (PSDB-SP), um dos mais próximos a Geraldo Alckmin e coordenador da campanha de Serra na capital paulista.

O empenho de Alckmin em prol de Serra também não é protocolar. Ele percorreu vários estados, foi ao Acre, a Mato Grosso, a Mato Grosso do Sul e é esperado no Rio de Janeiro para a caminhada com o presidenciável, ao lado ainda de Aécio Neves e Itamar Franco que já confirmaram presença.

Mas é em São Paulo e na Igreja que tem concentrado maior parte de seus esforços. Em Aparecida, onde se sente em casa, ele aproveitou o fim da missa solene para tomar um cafezinho na lanchonete e continuar pedindo votos para Serra. Entre os tucanos, é visto como aquele que ;sempre foi carola;. Frequenta a missa todos os domingos, acompanhado da mulher, dona Lu, também ligada a movimentos católicos. Aos amigos, Alckmin tem dito que nunca viu alguém tão leal quanto Serra, que lhe deu a mão quando ele estava em baixa na política. Agora, o governador eleito fará de tudo para retribuir essa atitude em votos neste segundo turno. Se conseguir a sonhada virada na eleição, avalia que a dívida eleitoral estará paga.

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