Jornal Correio Braziliense

Eleicoes2010

José Serra ataca institutos de pesquisas

Tucano reclamou ainda do tempo gasto para rebater acusações do PT

Júlia Schiaffarino

Recife ; Na visita que fez ontem a Recife, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, reforçou o discurso de vítima do que ele classifica de ;central de mentiras do PT; e desqualificou os institutos de pesquisas que apontam vantagem da sua adversária na corrida pelo Palácio do Planalto, Dilma Rousseff (PT). Em entrevistas a rádios locais, o tucano disse que tem gasto tempo tentando desfazer boatos criados contra ele, principalmente referentes ao fim de benefícios sociais, como o Bolsa Família. Segundo ele, tudo o que é dito ou feito em sua campanha ganha uma versão distorcida. ;São profissionais da mentira;, declarou. ;Estou falando com vocês aqui e, daqui a pouco, vão dizer que dei entrevista, em São Luiz, a uma empresa concorrente;, completou.

O candidato classificou de ;absurda; a ;verdade; propagada pela campanha de Dilma de que, caso eleito, privatizará a Petrobras. ;Quem mais privatizou a Petrobras foram eles (PT). Eles lotearam a Petrobras e distribuíram entre partidos, inclusive Collor (Fernando). O ex-presidente deposto por corrupção hoje apoia Dilma em troca de uma diretoria da BR Distribuidora;, falou. Serra tratou de lembrar ainda que o PT é hábil em protagonizar e abafar escândalos. Citou como exemplos os fatos ocorridos com Antônio Pallocci, a quem chamou de chefe de quadrilha, e Erenice Guerra, que classificou de ;braço direito; de Dilma. Ambos estiveram envolvidos em denúncias de corrupção enquanto dirigiam o Ministério da Fazenda e a Casa Civil, respectivamente.

Serra não poupou artilharia contra o presidente Lula. Disse que o chefe da nação ;passou dos limites; ao parar de governar para eleger a aliada a todo custo. ;No mundo inteiro, os presidentes nunca fizeram isso. Dilma passou a campanha inteira na sombra de Lula e do PT;, disse. Em seguida, destacou que a sua oponente costuma supervalorizar informações e recorrer a inverdades para ganhar votos. Como exemplo, apontou as declarações de Dilma de que o Nordeste estaria com quatro refinarias. ;No Maranhão, não há nada. No Ceará e no Rio Grande do Norte, também não. A única refinaria que há é a Abreu e Lima (em Pernambuco), e mesmo assim está dois anos atrasada.;

O tucano fez questão de rebater as perguntas relacionadas a suas dificuldades eleitorais no Nordeste. Afirmou que as pesquisas estão ;furadas; e que acredita que a disputa está tecnicamente empatada. ;A gente não tem que pensar em pesquisa. Eu nem olho. O que tem que se pensar é em que é melhor para votar.; Ele disse que institutos como CNT/Sensus e Vox Populi trabalham para o governo e que, por isso, estão contaminados. Ressalvou, porém, que o Datafolha é o mais confiável. Lembrou ainda que, no primeiro turno, houve muitos erros. ;Nenhum instituto previu a existência do segundo turno.; Depois, afirmou que o país precisa rediscutir a regulamentação de divulgação de pesquisas.

Dianteira petista
Na última terça-feira, pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que a petista tem 37 pontos percentuais de dianteira no Nordeste. São 64% contra 27% de José Serra. No primeiro turno, ele obteve 5,5 milhões de votos na região. Recebeu 22,38% dos 24,7 milhões de votos válidos. Dilma ficou com 64,69%, o equivalente a 15,9 milhões de votos. Em Pernambuco, o tucano recebeu 773,3 mil votos no primeiro turno (17,37%). Foi o terceiro colocado. A petista, primeira colocada, totalizou 2,7 milhões, ou 61,74% dos válidos no estado.

O presidenciável afirmou que o governador reeleito de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), estará melhor com ele do que com Dilma. ;Eduardo sabe disso. Ele fala isso (que estará melhor com Dilma) porque é pressionado;, frisou. Serra ressaltou que sua história mostra que ele não discrimina gestores que estejam em partidos de oposição e que, se eleito, tratará todos os estados de modo igualitário. Disse que Eduardo receberá o mesmo tratamento que seria dado aos senadores Jarbas Vasconcelos (PMDB), Sérgio Guerra (PSDB) ou outro político de seu partido. ;Ou a gente desenvolve junto ou não desenvolve;, afirmou.