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Padres devem se manifestar contra aborto inclusive na política, diz papa

Agência France-Presse
postado em 28/10/2010 20:12
Os padres têm o dever de emitir um julgamento moral, inclusive na política, quando assim exigem os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação da alma, declarou nesta quinta-feira (28/10) o Papa Bento XVI aos bispos brasileiros, três dias antes do segundo turno da eleição presidencial no país.

"Toda defesa dos direitos humanos nos planos político, econômico e social seria completamente falsa e ilusória se não levasse em consideração a defesa enérgica do direito à vida desde a concepção até a morte natural", disse Bento XVI.

O Sumo Pontífice recebeu no Vaticano bispos da região Nordeste do Brasil, o maior país católico do mundo, para a tradicional visita Ad Limina (que fazem regularmente para prestar contas de suas dioceses). "Quando os projetos políticos contemplam abertamente ou de forma oculta a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático, que não é mais que realmente reconhecer e proteger a dignidade de qualquer pessoa humana, se trai em suas próprias raízes", completou.

"Na defesa da vida, não devemos temer a oposição e a impopularidade, rejeitando qualquer compromisso e ambiguidade que se ajustariam à mentalidade do mundo".

Durante a campanha eleitoral para a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a religião ganhou destaque no debate político por meio de católicos e evangélicos, contrários ao aborto e ao casamento gay.

Os bispos recomendaram o voto em candidatos comprometidos com o respeito incondicional da vida. O mais veemente, o bispo de Guarulhos, D. Luiz Gonzaga Bergonzini, divulgou um manifesto contra Dilma Rousseff, candidata de Lula, que foi chamada pelo religioso de "candidata da morte".

;É bom para o mundo ouvir isso;, diz Serra
Durante encontro com prefeitos e lideranças políticas em Uberlândia, em Minas Gerais, José Serra comentou a declaração do Papa Bento XVI. O candidato disse não ter lido a íntegra do texto do pontífice, mas ficou sabendo do conteúdo do pronunciamento. "O Papa é um líder espiritual mundial da Igreja Católica, ele tem pleno direito de emitir as suas diretrizes e orientações para os católicos do mundo. Tem plena liberdade de fazê-lo", comentou Serra. "É um guia espiritual muito importante. E a defesa da vida é algo que merece fazer parte das palavras do papa, além do que, é previsível, além do quê, é bom para o mundo ouvir isso, a defesa da vida", disse.

;Eu, pessoalmente, sou contra o aborto;, frisa Dilma
Em Brasília, Dilma Rousseff, afirmou respeitar a posição de Bento XVI. ;Eu acho que é a posição do Papa e tem de ser respeitada. Encaro que ele tem direito de se manifestar sobre o que ele pensa, é a crença dele, e ele está encomendando uma orientação;. No entanto, ela é a favor do tratamento das mulheres que recorrem à clandestinidade para interromper a uma gestação. ;Cansei de repetir qual minha posição nessa questão do aborto. Eu, pessoalmente, sou contra o aborto, mas sei que a cada dois dias morre uma mulher nessas circunstâncias. Eu não acredito que ninguém em sã consciência recomende que se prenda essas mulheres.;

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