Eleicoes2010

Petistas se mostram muito mais confiantes na vitória que tucanos

Enquanto petistas não escondem a confiança na vitória de Dilma no domingo, tucanos consideram que os principais trunfos foram jogados e sonham com fato novo no debate de hoje, visto como última cartada

postado em 29/10/2010 09:15
A 48 horas do fim da campanha eleitoral, os petistas se mostram muito mais animados do que os tucanos. Na festa de aniversário do presidente Lula, por exemplo, a avaliação geral era a de que a sucessão presidencial está definida em favor de Dilma Rousseff. A própria candidata, que chegou ao Alvorada acompanhada do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, desfilou por lá chamada de ;presidenta; por alguns mais afoitos, mas se manteve discreta, com todo o cuidado para que a festa não soasse como uma comemoração antecipada da vitória ; coisa que o eleitor não gosta.

Ministros e autoridades do governo, entretanto, não deixaram de comentar, ao longo da festa, as suas impressões do segundo turno. A maioria dos presentes avaliou que, nos últimos dez dias, o PT retomou o eixo e o ritmo perdido no fim do primeiro turno e na primeira semana de outubro. Logo depois da exibição de um vídeo sobre a vida do presidente ; que teve como ponto alto o depoimento de um dos netos de Lula, e o do vice-presidente José Alencar ; a festa tom de despedida ao som da música Emoções, de Roberto Carlos.

Confiantes na vitória de Dilma, os petistas mais ligados ao presidente permaneceram na festa até a 1h da madrugada. Dilma, entretanto, saiu por volta das 22h. Nas rodas em que circulou, o comentário era sobre o ritmo da campanha e os estímulos do tipo ;falta pouco agora;. Vários ministros estavam lá, entre eles Paulo Bernardo (Planejamento), Márcio Fortes (Cidades), Fernando Haddad (Educação), Orlando Silva (Esportes), Guido Mantega (Fazenda), Nelson Jobim (Defesa), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Paulo Sérgio (Transportes), Altemir Gregolin (Pesca), Luiz Paulo Barreto (Turismo), além de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, e até alguns ex-ministros, como Walfrido Mares Guia e José Mucio Monteiro. Ninguém ousou falar em ministérios com ela. Nem de brincadeira.

Longe da candidata, entretanto, alguns eram mais incisivos ao dizer que a eleição está decidida e houve até quem ironizasse sobre quem vai permanecer no governo. Um assessor chegou a dizer ;Ih, olha lá o Fernando Vaidade;, uma ironia com o nome do discretíssimo ministro da Educação, que costuma causar inveja na Esplanada por causa da boa aparência e dos elogios que recebe de Lula. ;Será que ele fica se a Dilma ganhar?;. O interlocutor deu os ombros, afinal o próprio Haddad tem dito que fez planos acadêmicos para 2011 e não tem feito campanha para permanecer no cargo. Além dessas brincadeiras, houve quem mencionasse inclusive a questão religiosa, por exemplo, que dominou o debate no início deste segundo turno, como página virada, sem maiores poderes de interferir no resultado, já que a população, segundo os ministros comentaram na festa, deseja a continuidade do governo Lula.

Torcida
Naquele momento, entretanto, ainda não havia a declaração do papa Bento XVI orientando os fiéis a não votarem em candidatos que defendam o aborto e a eutanásia, mas também não havia o resultado da pesquisa Ibope, que manteve a diferença em favor de Dilma Rousseff, para desalento dos tucanos. A avaliação do PSDB é a de que não há muito mais o que fazer em termos de campanha, a não ser torcer para que José Serra se saia melhor do que Dilma no debate de hoje à noite, na TV Globo ; considerado por todos o último ato capaz de mexer com a vontade do eleitor.

;O jogo está jogado, a campanha foi feita. O que faz a diferença agora é o debate. Comemoração prévia é subir no salto alto. A eleição será duríssima e temos chances iguais;, diz o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, que hoje estará no Rio acompanhando Serra. ;Se eles (os petistas) tivessem tanta certeza da vitória não teriam feito o programa que fizeram há dois dias;, disse Guerra, referindo-se aos ataques feitos a Serra por ter deixado a prefeitura de São Paulo para concorrer ao governo estadual em 2006.

Embora as declarações de Guerra sejam, em sua maioria, de estímulo aos militantes, a matemática do voto calculada internamente tem tirado o ânimo dos serristas. O candidato a vice, Índio da Costa, tem até diminuído o número de posts no Twitter, onde começou a campanha animadíssimo. Hoje, entretanto, tanto Índio quanto Guerra estarão concentrados no Rio.


DIFERENÇA É O NORDESTE
Parte da sensação de resignação tucana vem do fato de que as pesquisas indicam vitória de lavada de Dilma no Nordeste. Serra provavelmente ganhará na Região Sul, mas não terá o mesmo desempenho no Sudeste, onde o PSDB precisa de uma diferença grande para compensar os votos do Nordeste. Não foi por acaso que tanto Dilma quanto Serra concentraram as campanhas no Sudeste. Afinal, os petistas sabem que se Serra ampliar a votação ali, pode haver surpresas desfavoráveis para a candidata de Lula.


As fichas na mineiridade

Isabella Souto

De olho nos 14,5 milhões de mineiros aptos a escolher o novo presidente, a campanha de Dilma Rousseff aposta as fichas na mineiridade da petista e em promessas de que obras prioritárias para Minas serão realizadas em seu governo. A candidata estará em Belo Horizonte amanhã pela manhã, quando participa de uma caminhada pelo centro da capital ao lado das principais lideranças dos partidos aliados.

Durante plenária com militantes no início da tarde de ontem em Betim, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que tirou férias para promover a candidata, ressaltou a importância de os mineiros escolherem uma candidata que tem identidade de longa data com o estado. E assegurou que, se eleita para a sucessão de Lula, ela vai priorizar investimentos de infraestrutura em Minas Gerais, como a duplicação da BR-381 no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares e a expansão do metrô da capital.

;Minas pode saber que o nosso governo é que tem interesse de fazer essa duplicação (da BR-381) com investimentos públicos, e não colocando os pedágios mais caros do país, como é a tradição do nosso adversário;, afirmou, referindo-se ao ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Segundo ele, a obra não foi tocada na gestão de Lula ; da qual Dilma fez parte até março ; porque seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), não elaborou os projetos de obras. Coube então, segundo Padilha, à atual administração contratar o projeto técnico detalhado , para então iniciar o processo licitatório para início das obras na Rodovia da Morte ; o que demanda tempo, justificou.

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