Eleicoes2010

Para o presidente Lula, a declaração de Bento XVI não tem a ver com eleição

Ainda assim, ele destacou o respeito à liberdade de opinião

postado em 30/10/2010 08:18
São Paulo ; O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não viu qualquer relação entre as declarações do papa Bento XVI condenando o aborto e a eleição presidencial de amanhã, apesar de o tema ter dominado o início do segundo turno. Em resposta ao pontífice, que pediu aos bispos brasileiros que emitam juízos morais na política, Lula disse que o Brasil é um país democrático e laico. Por isso, a população se manifesta do jeito que quiser.

Segundo o presidente, não há qualquer novidade na declaração do papa. ;Isso é um comportamento da Igreja Católica desde que ela existe. Se você for ver o que a Igreja Católica falava há dois mil anos, ela falava exatamente o que o papa falou nesta semana;, disse Lula, ontem, durante visita ao Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo.

Para o presidente, a questão do aborto deve ser questionada, debatida e resolvida na esfera privada. ;Cada um vai de acordo com a sua consciência. Este é um país democrático, um país laico. Portanto, as pessoas se manifestam do jeito que quiserem;, disse.

O presidente também aproveitou para fazer uma avaliação do segundo turno, dizendo que a candidata Dilma Rousseff (PT) foi vítima de preconceito. ;Fiquei triste porque a campanha teve nível muito baixo. A candidata Dilma foi vítima de preconceito, mais uma vez mostrado de forma arraigada contra a mulher brasileira.;

Do Salão do Automóvel, Lula seguiu ao Hospital Sírio-Libanês para uma visita ao vice-presidente José Alencar. Ele voltou a se submeter a um tratamento de quimioterapia contra o câncer, segundo boletim médico divulgado ontem. ;Alencar é um exemplo de luta;, disse o presidente.

OUTRO MINISTRO ENTRA EM FÉRIAS
; O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, também saiu de férias na reta final da campanha eleitoral. Portaria publicada ontem no Diário Oficial da União anuncia a licença do ministro até 15 de novembro. Ele e outros cinco ministros pediram férias no segundo turno eleitoral. A tropa de choque prometia contribuir para a eleição de Dilma em seus redutos eleitorais. Cassel é do Rio Grande do Sul e está no cargo desde 2007.

CARREATA NO RECIFE

Josué Nogueira, Rosália Rangel

Recife ; O presidente Lula encerrou, ontem, no Recife, a jornada que lhe consumiu boa parte do último ano da sua gestão. O pincipal cabo eleitoral e fiador da candidatura da ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à Presidência da República arrastou, segundo cálculos da Polícia Militar, cerca de 100 mil pessoas pelo centro da cidade, numa caminhada que durou exatos 50 minutos.

O evento, programado para marcar o fechamento oficial da campanha de rua, ainda que sem a presença da candidata, cumpriu seu papel. Nas bandeiras, nos panfletos e nos jingles, Dilma estava lá.

De cima de uma caminhonete e cercado por aliados, o presidente cumprimentou eleitores, recebeu presentes, abraços, cartas e até um ;parabéns pra você;, cantado pela militância. Na última quarta-feira, o petista completou 65 anos. O percurso, de três quilômetros, foi cumprido debaixo de chuva. A multidão, entretanto, não se incomodou com o tempo ruim. Acompanhou de perto o carro que conduziu o presidente. Lula fez o percurso acompanhado do governador reeleito Eduardo Campos (PSB), dos senadores eleitos Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB), e do coordenador da campanha de Dilma em Pernambuco, o deputado federal eleito João Paulo.

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