Eleicoes2010

Mulheres que também se destacaram nas eleições comemoram o êxito de Dilma

Elas figuram entre os candidatos a postos na equipe ministerial do próximo governo

Igor Silveira
postado em 02/11/2010 08:00
Eleita senadora, Marta Suplicy era uma das mais animadas no primeiro discurso de Dilma como presidenteManuela D;Ávila (PCdoB), a deputada federal mais votada do Rio Grande do Sul pela segunda vez consecutiva, tinha somente cinco anos de idade quando a presidente eleita, Dilma Rousseff, assumiu o primeiro cargo na administração pública. O ano era 1986 e a petista foi convidada para ocupar o cargo de secretária da Fazenda da Prefeitura de Porto Alegre, no mesmo estado onde nasceu a jovem parlamentar. No domingo, quando chegou ao auditório de um hotel no centro de Brasília para discursar como vencedora da corrida presidencial, a emoção no abraço entre as duas era evidente. A partir de janeiro do próximo ano, as crianças de agora também terão uma mulher como referência quando falarem sobre Presidência da República. A foto de Dilma usando a faixa de presidente estará em escolas, órgãos públicos etc. E pelas palavras ditas por ela logo após o resultado do pleito, as mulheres terão mais participação no Poder Executivo nos próximos anos.

;A vitória de Dilma é importante politicamente, mas é ainda mais forte simbolicamente. Ter uma mulher na Presidência da República impõe uma dinâmica diferente. Para nós, mulheres, existe uma compreensão muito maior das dificuldades que encontramos na vida pública;, avalia Manuela D;Ávila. ;É muito complexo falar de machismo no Brasil porque isso acontece de maneira distinta. Nosso país ainda tem um índice muito elevado de violência doméstica, por exemplo;, completou a deputada, que foi uma das primeiras a ser abraçada por Dilma na comemoração de domingo. Próximas à presidente também estavam a senadora eleita pelo Paraná Gleisi Hoffmann (PT), a ex-ministra Marta Suplicy (PT-SP), a deputada federal eleita Benedita da Silva (PT-RJ) e a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT).

O exercício de tentar adivinhar quem fará parte da equipe ministerial de Dilma Rousseff cria uma lista que inclui algumas dessas mulheres. A própria Luizianne Lins, que não saiu de perto dela durante o primeiro discurso, pode ser convocada para uma das pastas. Gleisi Hoffmann, esposa do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, será peça fundamental para Dilma no Senado. Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobras e bastante próxima da presidente, é cotada para comandar a estatal.

Marta Suplicy, que ficou em segundo lugar, em São Paulo, na disputa por uma cadeira no Senado, também é uma das opções da futura presidente no Executivo, especialmente porque tem experiência como ministra. Ela comandou o Ministério do Turismo entre março de 2007 e junho de 2008. Na comemoração petista, Marta era uma das mais animadas. ;É muito relevante para todas nós que ela tenha falado sobre as meninas do país, nossas filhas e netas. Ela marcou uma posição abrindo o discurso com isso. Eu imaginava que podia acontecer de, um dia, uma mulher chegar à Presidência da República, mas foi de uma maneira ainda mais especial. Estou muito emocionada;, afirmou Marta.

Outra mulher que ganha força nas especulações para ocupar cargos ministeriais é Clara Ant, ex-chefe do Gabinete Adjunto de Informações em Apoio à Decisão e que trabalhou na campanha de Dilma. Lembrando o slogan ;Yes, we can; (Sim, nós podemos), que ajudou Barack Obama a chegar à Presidência dos Estados Unidos, Dilma reforçou, no primeiro discurso, o quão importante deve ser o papel da mulher em seu mandado: ;Eu gostaria muito que os pais e as mães das meninas pudessem olhar hoje nos olhos delas e dizer: ;Sim, a mulher pode;;.



FELICITADA POR LÍDERES MUNDIAIS
Tiago Pariz

A presidente eleita Dilma Rousseff teve ontem sua primeira experiência institucional do cargo maior da República. Recebeu telefonemas das principais lideranças mundiais para congratulá-la pela vitória nas eleições. Dilma conversou com os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama; da França, Nicolas Sarkozy; do México, Felipe Calderón; e da Venezuela, Hugo Chávez.

O líder norte-americano disse esperar encontrá-la em breve, elogiou a atuação internacional do Brasil e disse esperar aprofundar a cooperação com o país na área de energia renovável. Destacou também a chefia da missão de paz no Haiti e, segundo comunicado divulgado pela Casa Branca, eles também trataram de questões relacionadas à assistência para a reconstrução do país caribenho afetado por guerra civil e pelo terremoto devastador no começo do ano. O texto do governo dos EUA divulgou ainda que Obama quer discutir os esforços de colaboração para o desenvolvimento.

Ainda na noite de domingo, Dilma conversou com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner; com o presidente do Uruguai, José Mojica; do Chile, Sebastian Piñera; da Colômbia, Juan Manuel Santos; e o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates. Segundo o líder português, o país está sentindo o gosto da vitória de Dilma. ;Sócrates mencionou que a vitória de Dilma deixou em Portugal aquilo que Chico Buarque chama de gosto de alecrim;, disse o assessor licenciado para Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

O assessor disse que, apesar dos convites para ela visitar os países antes da posse em janeiro, ela deverá se concentrar na transição de governo. ;A transição ocorre num período de apenas dois meses. Será difícil atender esses convites;, disse o assessor.

Dilma fará sua estreia na arena internacional na reunião do grupo que reúne as 20 maiores economias do país em Seul, na Coreia do Sul, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 10 de novembro. Um dia antes, também ao lado do mentor, ela vai a Moçambique participar da inauguração de um laboratório de retrovírus construído pelo Brasil.

DEU NO...
CHINADAILY
Desafios da guerrilheira

O jornal chinês descreveu a vencedora das eleições, Dilma Rousseff, como uma guerrilheira marxista, presa e torturada durante o longo período de ditadura no Brasil. O veículo destacou que a presidente eleita vai liderar um país em ascensão, que sediará a Copa do Mundo em 2014 e que espera estar entre as cinco maiores economias do mundo na época em que será o palco da Olimpíadas de 2016.

THE WASHINGTON POST
Facilidade na disputa eleitoral

O diário norte-americano descreveu Dilma como a mulher que, depois de passar três anos presa pela ditadura, está a dois meses de assumir a Presidência do Brasil. De acordo com o jornal, mesmo sem nunca ter disputado uma eleição, a presidente eleita ganhou facilmente a corrida eleitoral. O veículo afirmou ainda que ela terá que cumprir a promessa de continuar os programas do governo Lula que elevaram a economia do país.

LE FIGARO.FR
Popularidade de Lula ajudou

A versão eletrônica do jornal francês destacou a vitória da primeira mulher presidente do Brasil. O diário elogiou a atuação de Dilma enquanto ministra da Casa Civil, mesmo nunca tendo assumido cargo eletivo antes, e atribuiu à boa popularidade do presidente Lula o desempenho favorável de Dilma nas urnas. Destacou ainda que as eleições foram marcadas por uma polarização notável de opiniões entre os brasileiros ricos e pobres.

EL PAIS.COM
Luta contra a pobreza continua

O jornal espanhol ressaltou que Dilma prometeu continuar o trabalho de Lula, apresentado, no texto, como o presidente mais popular da história brasileira e responsável por colocar o país entre as oito maiores potências econômicas do mundo. Também foi ressaltado que a presidente deverá manter a luta contra a pobreza e pela estabilidade econômica, mas também assumir compromisso com os direitos fundamentais e de igualdade entre homens e mulheres.

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