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Carvalho, Bernardo e as metas de 100 dias do governo Dilma Rousseff

Presidente Lula escala dupla de confiança para coordenar a mudança de governo. Ela será a ponte para ajudar a definir ações para o primeiro trimestre

postado em 03/11/2010 08:00
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escalou o chefe de gabinete Gilberto Carvalho para dividir com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a coordenação da transição de governo. Os dois serão a ponte do Palácio do Planalto com a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff que começa a trabalhar na próxima segunda-feira no Centro Cultural Banco do Brasil.

Carvalho e Bernardo terão a tarefa de passar as informações sobre o tamanho da máquina administrativa para o grupo chefiado pelo deputado Antonio Palocci (PT-SP), responsável pelos técnicos da transição. Eles terão a tarefa adicional, em conjunto com o estafe de Dilma, de ver as áreas em que é possível colocar metas para a futura administração atingir nos primeiros 100 dias.

O ministro e o assessor já trabalharam intensamente na campanha de Dilma. Gilberto Carvalho foi peça importante para diminuir resistências de grupos religiosos à então candidata. Partiu dele a iniciativa de aproximá-la da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e de fazer uma carta de intenções dirigida aos povos de Deus.

O presidente Lula assinará decreto ainda nesta semana com os nomes de integrantes do governo e do estafe de Dilma Rousseff. Ontem, a presidente eleita encaminhou uma lista com 30 pessoas a serem nomeadas. Palocci coordenará a equipe de técnicos. O vice-presidente eleito Michel Temer, ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, e do secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, fará parte da coordenação política da transição.

Filtro
Além deles, o decreto trará os nomes de Gilles Azevedo, responsável pela agenda da presidente eleita; Clara Ant, que terá como tarefa a filtragem de informações e banco de dados; e Alessandro Teixeira, que vai cuidar da elaboração de metas e propostas de políticas para o início do governo. Os três são nomes certos na futura administração. Gilles deverá ser chefe de gabinete de Dilma, tarefa hoje de Gilberto Carvalho. Clara deverá ocupar uma assessoria da Presidência. Teixeira preencherá o ministério a ser criado para cuidar especificamente de micro e pequenas empresas ; não há um título definido para a pasta.

Segundo o presidente do PT, o governo de transição pode ter até 50 funcionários. Serão 30 inicialmente, que poderão ser complementados dependendo da necessidade. ;A transição diz respeito a informações do governo para estabelecer metas dos primeiros 100 dias e questões que o governo precisa deliberar logo no início. Não trata de questões relativas a formação de governo;, afirmou Dutra. Esses 30 nomes são de pessoas que já estavam na campanha e serão integrados à equipe de transição.

O ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, segundo Dutra, não aparece entre os nomes que farão parte da coordenação política que trabalhará no CCBB. Ele, no entanto, poderá fazer parte informalmente do trabalho, sem ser nomeado.


DISSIDENTES FAZEM APELO À PRESIDENTE
Um grupo de dissidentes cubanos aproveitou a eleição de Dilma Rousseff para pleitear mudanças na forma de o governo brasileiro lidar com o país caribenho. Eles pressionam para que a presidente eleita inclua na agenda de política externa a questão dos direitos humanos. ;Queremos que a nova presidente do Brasil defenda ao povo cubano a mesma liberdade que ela defenderia para sua própria população;, afirmou Dagoberto Valdés, dissidente. Em sua última visita a Cuba, Lula assinou dez acordos de cooperação. A viagem, contudo, ficou marcada pela morte do dissidente Orlando Zapata.


A garagem de Simionato
Há quase 40 anos morando na QI 7 do Lago Sul, o funcionário público aposentado Robério Simionato tornou-se, nos últimos dias, o anjo da guarda da rua, principalmente para os jornalistas. O brasileiro de nascença, mas ;italiano de sangue;, transformou a garagem de sua casa, vizinha ao imóvel ocupado pela presidente eleita, Dilma Rousseff, em um pequeno comitê de imprensa. ;Os repórteres têm de se preocupar com a qualidade das matérias e não com as condições de trabalho. Se vocês não fizerem um bom trabalho, o que vamos ver de noite na TV e ler nos jornais no dia seguinte?;, brinca. Simionato, eleitor de Dilma, é casado há 47 anos e vive com a esposa e os dois filhos. ;Minha mulher está adorando essa ideia, pois assim ela fala que fico mais tempo em casa. Acredito que estamos participando desse processo como cidadãos, mesmo com essa movimentação inédita na rua;, conta. Na casa dele, os jornalistas podem conectar laptops na tomada, usar cadeiras e mesas, ir ao banheiro, beber água e até comer aperitivos oferecidos pelo anfitrião. ;Acho essa relação superlegal e disciplinada. Sempre que precisar, estarei à disposição;, diz. Ontem de tarde, ele recebeu cumprimentos e presentes dos repórteres.

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