Especial 1109

Memorial do 11/9 em NY alivia um pouco a dor das famílias das vítimas

Agência France-Presse
postado em 11/09/2011 16:24


Nova York - A inauguração do Memorial do 11 de setembro em Nova York, com suas monumentais fontes de onde a água flui permanentemente, foi a grande novidade para as famílias das vítimas dos atentados de 2001 nesta cerimônia de 10 anos dos ataques, marcada pela dor, mas também por algum alívio. No palco, durante a cerimônia, os nomes das vítimas foram lidos por homens, mulheres, crianças, jovens, avós, asiáticos, latinos, africanos, italianos.

Depois de anos vendo um lugar sinistro e conhecido como "Marco Zero" pela desolação que atingiu o lugar depois dos atentados às Torres Gêmeas, as famílias podem finalmente encontrar um local para recordar os seus de maneira mais adequada. "Vim no primeiro ano, no quinto e agora. Não sei se virei de novo. Estou aqui para ver o memorial, as cascatas", disse à AFP Patti Schwartz, uma americana que perdeu seu marido Mark, bombeiro, na tragédia. Milhares chegaram com fotos de seus entes queridos e permaneceram diante do palco para esperar a leitura dos nomes das 2.983 vítimas, os discursos das autoridades e os minutos de silêncio da tradicional cerimônia de homenagem.

Mulher chora ao olhar para nomes de entes queridos

O dia amanheceu com o céu azul, e pouco a pouco se tornou nublado até o primeiro minuto de silêncio às 8h46 local. Quando um dos aviões sequestrados se chocou com a torre norte do WTC, o sol também desapareceu. "Debra Ann Di Martino, te amamos", "Philip T. Hayes, para sempre em nossos corações", lia-se nos cartazes perdidos na maré de gente. Alguns choravam ao lerem os nomes das vítimas. Pouco depois do segundo minuto de silêncio, às 9h03, para lembrar o momento em que o segundo avião sequestrado atingiu a torre sul do WTC, a guarda de honra abriu as portas do Memorial, parque inaugurado para recordar os mortos nos ataques.

Flores, árvores e água
No espaço, 200 carvalhos foram plantados e duas fontes escuras com cascatas onde a água flui ininterruptamente foram construídas no lugar exato onde estavam as Torres Gêmeas. O nome e sobrenome de cada vítima estão inscritos nas fontes. Nos telões instalados se via como alguns familiares acariciavam e beijavam as inscrições.

Rosas foram depositadas sobre os paínes de bronze

A maioria ficava com os olhos perdidos na água das fontes. Rosas e bandeiras americanas foram as principais oferendas deixadas pelas pessoas no local, que será aberto ao público na segunda-feira. Muitos gravavam com lápis o nome de quem perdeu na programação oficial dada pelas autoridades. "Venho todos os anos, não perco nenhuma cerimônia. Cada vez é menos duro, mas nunca é fácil. Agora com este memorial o lugar parece muito melhor. É um novo passo adiante", afirmou Nancy Novaro, que perdeu sua cunhada Catherine Lisa Loguidice, de 30 anos.

Nancy, 52 anos, carregava uma placa com a foto de Catherine e não acredita que o memorial acabará com a dor das famílias. "Para nós a dor continuará. Talvez nossos netos vão conseguir virar a página". Para Wil Rodríguez, de 45 anos, dez anos depois a recordação ainda é muito forte, a morte de seu melhor amigo, o policial de Nova Jersey David Lemagne, continua afetando sua vida. "Parece que foi há apenas alguns meses", disse.

Longe de crer que o capítulo do 11 de setembro está fechado, Wil lamenta que "o terrorismo continua aí", apesar da eliminação do líder da Al-Qaeda, Osaba Bin Laden, cérebro dos atentados. "Não é apenas uma pessoa. Temos que ficar unidos. Eles podem atacar qualquer país em qualquer lugar: Estados Unidos, Canadá, Europa, Ásia", concluiu.

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