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Artista usa cerrado como referência para decorar a mesa da ceia de Natal

Galhos e troncos de árvores conferem elegância com um toque rústico a mesa

Bianca Baamonde - Especial para o Correio
postado em 11/12/2014 08:00
Galhos e troncos de árvores conferem elegância com um toque rústico a mesa

Pratos de porcelana pintados à mão, cristais, luzes, galhos secos, bolas, uma toalha artesanal da Índia (presente da irmã) e garrafas de um naufrágio, dão à mesa de Natal montada pela artista plástica Celia Estrela um novo significado. "Comecei a me inspirar quando vi esses galhos na rua", resume. A artista revela a atração pelo simples. "Não gosto daquelas mesas cheias de comida, acho um exagero. Aqui em casa, não tem nada over. No Natal, fazemos um jantar mais elaborado, mas, ainda assim, é um jantar, não um banquete. A data é para confraternização, não para esbanjamento".

[SAIBAMAIS]A mesa de jantar ganha um toque especial com pedras compradas na estrada para Cristalina e galhos do cerrado. O aparador, com galhos e troncos de árvore, põe à disposição dos convidados comidas típicas da época. As velas e as luzes de Natal deixam as duas montagens simples com um ar mais aconchegante. "Eu gosto do belo. E o que é bonito não é necessariamente ostentativo. Não é nada impossível, é só ter o olhar", comenta.

O estilo francês de Provence é adaptado à matéria-prima brasileira. De acordo com Celia, tudo pode ser reaproveitado. "Pego muitas coisas na fazenda da minha mãe e na rua. É possível fazer algo lindo sem gastar tanto". O acervo de peças feitas por ela mesma se mistura a troncos, galhos, penas de galinha e pavão, frutas, sementes, pedras e artigos trazidos de fora, comprados em lojinhas de festa ou presenteados por amigos e parentes.

A natureza dá uma mãozinha

Galhos e troncos de árvores conferem elegância com um toque rústico a mesaArtista autodidata, Celia Estrela passa até sete horas diárias dedicada à paixão: pintar porcelana. Pratos, copos, travessas e as mais variadas peças para se pôr uma boa mesa ganham status de arte nas mãos da pintora goiana. O trabalho minucioso começou na infância, quando tinta e pincel passeavam por isopor e tecido para depois passar às telas.

Da pequena cidade de Ipameri, em Goiás, ela trouxe para Brasília, há mais de 30 anos, a percepção de arte que vem da natureza. Aqui, ela começou a lapidar o talento, desenvolver as próprias técnicas e despertar inspirações. "Quando morava no interior, eu copiava fotos. Depois que vim para Brasília, conheci um artista no Conjunto Nacional que me deixava vê-lo trabalhar. Uma vez, ele me pediu que desenhasse uma perspectiva e me explicou algumas coisas sobre isso e jogo de luz e sombra. Foi a única aula que tive na vida."

Formada em economia, Celia trabalhou em órgãos públicos até o cargo ser extinto durante o governo Collor e ficar sem emprego. "Ser despedida foi a melhor coisa que me aconteceu. Eu morei um ano na Itália e voltei com outra bagagem", conta. Depois da viagem, começou a pintar paredes e a fazer pátina em móveis. A paixão por desenhos indígenas e rupestres começou a se manifestar em pinturas de grafismo e árvores, carregadas das cores das fazendas e das casas italianas. Em seguida, veio a fase das flores, da textura e da porcelana. Celia já criou mais de 1.500 modelos de porcelana e continua pintando quadros. "Para viver de arte, é preciso ter muita disciplina. Mas é extremamente prazeroso".

Como desenvolveu a própria técnica, ela não dá aulas e segue inventando novas alternativas para o trabalho. Como o livro Um brinde ao encontro, de sua autoria, que acaba de sair do forno o livro. São 50 mesas decoradas usando objetos da natureza para almoço, jantar, Natal e Páscoa. O volume custa R$ 90.

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