Ricardo Daehn
postado em 21/09/2016 06:00
;Precisamos prestigiar o festival;, comentou o mais experiente diretor da cidade, o documentarista Vladimir Carvalho, logo na entrada do Cine Brasília, palco para a largada da festa do cinema, que seguirá até 28 de setembro. O início do evento foi emblemático, com a exibição do documentário Cinema Novo, de Eryk Rocha, brasiliense e filho do eternamente retumbante Glauber Rocha. O diretor se disse honrado por abrir o festival: ;O filme está nascendo no Brasil através das telas de Brasília, na cidade em que eu nasci. Estou me sentindo em casa;.
Circular na primeira noite do evento, ainda sem caráter competitivo, traz a perspectiva de cineastas animados, como Mauro Giuntini, que previa reencontros com amigos e observação atenta para a transformadora curadoria da festa. ;É hora de reconfigurar e dar um passo a mais na organização do Festival, sem nunca deixar de homenagear tanta gente que construiu o evento, um dos mais importantes do país. Pretendemos voltar a dar ao festival a importância que ele merece;, observou o secretário de Cultura, Guilherme Reis. Na promessa da reconquista de espaço, Reis quer ver o evento como ;indispensável; para o cinema brasileiro. ;No ano que vem, quero ver os cineastas com a visão de que é impossível ficar de fora do festival;, comenta.
No meio do burburinho da abertura, o premiado diretor e pesquisador de culturas indígenas, Vincent Carelli, dava o termômetro da futura exibição do filme com o qual concorrerá a alguns Candangos: Martírio. A obra gira em torno da retomada de terras indígenas. ;Em Brasília, eu me sinto em casa. Não há palco melhor para o filme;, observa.
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O produtor do premiado curta brasiliense Rosinha, João Paulo Procópio, concorda que há uma gritante renovação no festival. ;A entrada do Eduardo Valente, como curador do evento, trouxe um diferencial;, disse. E afirmou estar ;com a garganta inteira para gritar, se for o caso;, isso se o festival assumir a veia de acolher protestos. ;Lá em Gramado, tivemos articulação. Se os realizadores quiserem produzir faixas para cá, estamos abertos para a iniciativa. Mas é algo que tem que partir deles;, disse.
O ator Andrade Júnior, que está em dois filmes do Festival ; o curta-metragem Rosinha, de Gui Campos e vencedor de Kikitos em Gramado, e A repartição do tempo, de Santiago Dellape ;, também destacou o caráter político do evento. ;Acho que vai ter muito ;Fora Temer;. Só muda o governo por guerra ou eleição, mas não teve guerra nem eleição.;
E foi justamente sob aplausos, vaias e gritos de ;Fora Temer; que Eryk Rocha subiu ao palco pra apresentar Cinema Novo. ;Abrir esse festival em um ano que tem uma safra tão promissora é uma honra.;
Desde 1963 em Brasília, a professora e dançarina Gisele Santoro, viúva do maestro Cláudio Santoro, esteve na abertura, prestigiando Cinema Novo. ;Penso que foi uma revolução que aconteceu mais ou menos nos anos duros da repressão. Mas, infelizmente, estou com certa limitação visual para assistir ao filme.; Muito celebrada no ano passado, com a exibição do longa Santoro ; O homem e sua música, a ativista aproveitou o evento para criar mobilização pela realização de possível retrospectiva pelo centenário de nascimento de Santoro, em 2019. ;Dancei na inauguração da cidade, praticamente em cima do Congresso. Com relação aos possíveis protestos, acho que, politicamente, não faz tanta diferença, pois a situação foi efetivada. Vivemos numa selva de pedra;, comentou.
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Alice de Andrade, diretora que concorre por Vinte anos, esteve nos testes de projeção, à tarde, do longa Cinema Novo, que coproduziu. ;Cedemos imagens para a fita de Eryk Rocha. Mas queria de verdade ver em tela grande, no Cine Brasília. Logo no início, há trechos de filmes do meu pai (Joaquim Pedro de Andrade). Achei o filme sensorial e emotivo. Pareceu-me extraordinário, como tudo o que o Eryk tem feito.;
Camila Márdila, brasiliense que recentemente se destacou no filme Que horas ela volta? e jurada deste ano no festival, disse estar em um lugar especial. ;Brasília é minha cidade natal, então tem uma questão afetiva, de ser um lugar que eu me criei cinematograficamente.;
Confira a programação desta quarta-feira (21/9)
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Confira a programação desta quarta-feira (21/9)
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O Correio no festival
Além da cobertura diária no jornal impresso, a equipe do Correio produzirá conteúdo ao vivo sobre o festival e um hotsite criado especialmente para o evento. Nas páginas oficiais do Facebook do Correio e da Editoria de Cultura, transmissões ao vivo diretamente do Cine Brasília e um programa diário sobre a festa do cinema brasileiro. No Snapchat, os perfis snapcorreio e culturacb trarão flashes de tudo o que movimentar o festival. O hotsite com toda a cobertura, programação e vídeos do festival é http://www.correiobraziliense.com.br/especiais/festival-de-brasilia/2016/.