Festival de Brasilia 2016

Diversidade no cinema nacional é tema de duas mesas de debate do Festival

Cinema negro e indígena serão discutidos por realizadores do audiovisual

Adriana Izel
postado em 24/09/2016 09:15
<B><I>Cena do filme O mestre e o divino, de Divino Tserewahu Xavante</B></I>

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro apresenta hoje uma discussão sobre a identidade e a diversidade nas produções audiovisuais brasileiras. O encontro será a partir das 14h30, no Salão Leopoldina, no Kubitschek Plaza Hotel. Com entrada franca, o debate mostrará o olhar dos realizadores afrobrasileiros e indígenas sobre o cinema nacional. Para isso, foram convidados cineastas negros e índios para discutir a temática.

A primeira mesa debaterá a nova geração do cinema negro, as oportunidades e os desafios para a produção e distribuição audiovisual feito por afrobrasileiros. Sob moderação do cineasta Jeferson De (Bróder, O amuleto e Distraída para a morte), a mesa contará com cinco representantes: Yasmin Thayná, diretora do longa KBELA (exibido em Brasília neste ano durante o Festival Latinidades); Viviane Ferreira, que dirigiu o filme O dia de Jerusa; Diego Paulino, nome por trás de A ressurreição de Lázaro; Everlane Moraes, do filme Caixa D;água, Qui-Lombo é esse?; e Labelle Rainbow.

A segunda mesa falará sobre as dinâmicas colaborativas, o protagonismo político e a cultura dos índios, com o objetivo de debater a necessidade de alavancar o fomento e reconhecimento do cinema indígena no Brasil. A moderação ficará a cargo de Daiara Tukano, educadora e militante indígena. O assunto será discutido por Graci Kaiowa; Divino Tserewahu Xavante, diretor de O mestre e o divino, que esteve na 46; edição do Festival; Kamikia Kidseje, que fez longas como A festa do rato e Os Kidêdjê contam a sua história; Takumã Kuikuro, do filme Karioka; e Suely Maxakali, de Kotkuphi.

Cinema indígena

O tema indígena está em pelo menos três filmes da mostra competitiva do evento: Martírio, de Vincent Carelli, sobre os Guarani Kaiowá; Abigail, de Isabel Peroni e Valentina Homem, que relata a história de uma personagem que conecta indigenismo e candomblé; e Antes o tempo não acabava, de Sérgio Andrade e Fábio Baldo, que acompanha Anderson, um jovem indígena em conflito com os líderes de sua comunidade.

;Há um prejuízo colonial, a gente tem uma herança neocolonial muito forte, de que eles são o atraso. Como se os índios fossem um passado da humanidade já superado e que, portanto, não há nenhum interesse. Isso está mudando porque há uma valorização dos povos indígenas. A Unesco, na COP 21, pediu a versão desses povos. A crise que vivemos, há um novo olhar. Será que esses povos não tem algo a nos ensinar? Mas o Brasil, pelo menos parte da elite, tem esse complexo de vira-lata, de renegar os índios. O Brasil não será mais o Brasil sem índios;, analisa Carelli, que teve seu longa-metragem exibido no segundo dia de sessões da mostra competitiva.

Colaborou Alexandre Paula

49; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Salão Leopoldina, no Kubitschek Plaza Hotel (SHN, Qd. 2, Bl. E). Encontro Produção audiovisual, identidade e diversidade. Mesa 1: Um debate com a nova geração do cinema negro sobre oportunidades e desafios para a produção e distribuição de audiovisual feito por realizadores afrobrasileiros; mesa 2: Cinema indígena, dinâmicas colaborativas e protagonismo político e cultural dos índios: que políticas de fomento são necessárias para alavancar a reconhecida emergência de um cinema indígena no Brasil.? Entrada franca.

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