Transbordar a mistura entre ficção e realidade foi a meta do realizador estreante Ismael Caneppele, muito conhecido pela carreira de escritor. Ele foi o roteirista do premiado longa Os famosos e os duendes da morte (2009), dirigido por Esmir Filho, ganhador de prêmios no Festival do Rio e de Havana, além de selecionado para Locarno e Berlim.
A juventude novamente se projeta na trama de Música para quando as luzes se apagam. Na fita, uma autora é forasteira numa cidade interiorana em que pretende monitorar a vida da adolescente Emelyn, a fim de transformá-la em personagem de livro. A protagonista Emelyn se projeta, progressivamente, na persona literária de Bernardo, adolescente inseguro em viver seus desejos.
Música para quando as luzes se apagam
De Ismael Caneppele.
(2017, 70min, RS, documentário, não recomendado para menores de 14 anos)
Com Emelyn Fischer e Julia Lemmertz.
Escravidão
Codiretora dos premiados Terra estrangeira e Linha de passe (com Walter Salles), a cineasta e dramaturga Daniela Thomas assina o primeiro longa solo em Vazante. O filme foi selecionado para um segmento da mostra Panorama, do Festival de Berlim, batizado de Reclaiming Black History (que expôs perpetuação de injustiças sociais). O filme contou com intensa pesquisa da historiadora Mary del Priore.
Com roteiro de Daniela Thomas e de Beto Amaral, o longa se passa em 1821, período em que um senhor de escravos (Antonio) é penalizado com a queda da renda das negociatas de diamantes, em Minas Gerais. Antonio (Adriano Carvalho), para além da situação econômica, recebe a notícia de que a esposa morrera em trabalho de parto. Isolado na fazenda decadente, ele se casa com Beatriz (Luana Nastas), moça que não lhe dá filhos. Sozinha na imensa propriedade, Beatriz não se aparta dos escravos. Em curso se configura um colapso na abonada casta que Antonio representa.
Vazante
De Daniela Thomas.
(2017, 116min, SP, não recomendado para menores de 14 anos).
Com Adriano Carvalho, Luana Nastas, Sandra Corveloni, Juliana Carneiro da Cunha e Fabrício Boliveira.
DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO
Sábado (16/9)
Mostra Esses corpos indóceis (entrada franca)
14h
Cine Brasília (EQS 106/107)
Baronesa, de Juliana Antunes (2017, 70min, MG, 16 anos)
15h30
Cine Brasília (EQS 106/107)
Com o terceiro olho na terra da profanação, de Catu Rizo (2016, 66min, RJ, 12 anos)
17h
Cine Brasília (EQS 106/107)
Estamos todos aqui, de Rafael Mellim e Chico Santos (2017, 21min, SP, 14 anos) e Meu corpo é político, de Alice Riff (2017, 71min, SP, 12 anos)
Sessão especial (entrada franca)
18h
Museu Nacional da República
A serpente, de Jura Capela (2016, 73 min, PE/RJ, 16 anos)
Programação multicultural, com diversos DJs (entrada franca)
18h
Teatro da Praça (Taguatinga), no Espaço Semente (Setor Central, Gama), Teatro de Sobradinho e em frente à Administração do Riacho Fundo.
Mostra competitiva, no Cine Brasília (EQS 106 / 107)
19h
Com os curtas O peixe, de Jonathas de Andrade (2016, 23min, PE), e Nada, de Gabriel Martins (2017, 27min, MG). Apresentação do longa Música para quando as luzes se apagam, de Ismael Caneppele (2017, 70min, RS, 14 anos).
21h30
Com o curta Peripatético, de Jéssica Queiroz (2017, 15min, SP) e o longa Vazante, de Daniela Thomas (2017, 116 min, SP, 14 anos).