Festival de Brasilia 2017

Festival de Brasília consagra vencedores da 50ª edição

O longa-metragem dos mineiros Affonso Uchoa e João Dumans recebeu quatro prêmios Candango, na noite de ontem, que teve o brasiliense Adirley Queirós reconhecido como melhor diretor pelo filme Era uma vez Brasília

Alexandre de Paula, Ricardo Daehn, Alice Corrêa*
postado em 25/09/2017 06:29
O longa-metragem dos mineiros Affonso Uchoa e João Dumans recebeu quatro prêmios Candango, na noite de ontem, que teve o brasiliense Adirley Queirós reconhecido como melhor diretor pelo filme Era uma vez Brasília

Com uma história que mescla a visão doce de um operário em cima de seu cotidiano, transformado em literatura, o longa Arábia foi o grande vencedor da noite. O apelo popular do filme mineiro de Affonso Uchoa e João Dumans rendeu quatro prêmios Candango, incluindo o de melhor ator para Aristides de Sousa. Arábia ainda foi premiado pela trilha sonora e pela montagem.

Premiado há três anos com múltiplos troféus Candango, o brasiliense Adirley Queirós levou o importante prêmio de melhor direção pelo filme Era uma vez Brasília. Uma aventura futurística, a fita traz marcante teor político à cena cinematográfica. A produção local faturou também os de melhor fotografia e melhor som.

Outra história singela muito valorizada pelo júri do 50; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro foi o longa baiano Café com Canela. O filme codirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio obteve o reconhecimento de melhor roteiro, além do esperado destaque na votação do júri popular. O longa, que trata de uma relação de amizade entre duas moradoras do interior, valeu à intérprete Valdinéia Soriano o prêmio de melhor atriz.

Bastante contestado durante a realização de debate, o longa de estreia de Daniela Thomas, Vazante, obteve prêmios de melhor atriz coadjuvante para Jai Baptista e melhor direção de arte para Valdy Lopes JN.

O terror Nó do Diabo, que conta com quatro codiretores, rendeu a Alexandre Sena o prêmio de melhor ator coadjuvante. Outro filme com premiação modesta foi Música para quando as luzes se apagam. Ainda assim, tratou-se do relevante destaque de melhor ator social para Emelyn Fisscher (prêmio especial do júri).

A vez dos curtas

No painel de denúncia contrária ao machismo, o curta Tentei (de Laís Melo) levou o prêmio de melhor curta-metragem, além de dar reconhecimento para a atriz Patricia Saravy com o prêmio de melhor atriz. O terceiro prêmio para o curta foi o de melhor fotografia.

Chico, uma visão crítica e poética de ataques à periferia carioca, consagrou os Irmãos Carvalho com o prêmio de melhor direção. Importante na festa de premiação, também foi destacado o curta Mamata, pela atuação de Marcus Curvelo. Com a figura de um anti-herói autodepreciativo, o curta destaca o integrante de uma geração perdida nas possibilidades. A produção também ganhou o prêmio de melhor montagem.

Prata da casa, Carneiro de ouro (de Dácia Ibiapina), um curta-metragem que aposta na carismática figura do cineasta de filmes populares Dedé Rodrigues foi considerado o melhor curta pelo júri popular. Outros prêmios a serem destacados foram o do Canal Brasil, que consagrou Chico, e o da Abraccine (da crítica nacional), que elegeu o longa Arábia e o curta Mamata.

Produção local

Quatro longas e 13 curta-metragens ocuparam a tela do Cine Brasília entre 18 e 22 de setembro na Mostra Brasília no 50; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O fantástico patinho feio levou a melhor nos longas e UrSortudo e Tekoha - Som da terra dividiram o troféu de melhor curta. Ao todo, os filmes disputaram, levando-se em conta todas as categorias, uma premiação de R$ 240 mil.

Dirigido por Denilson Félix, O fantástico patinho feio conta a história de quatro garotos que, nos anos 1960, construíram, no fundo de um quintal, um carro de corrida para disputar os 500 km de Brasília, segunda prova mais importante da época. De Januário Jr., UrSortudo fala sobre o sistema prisional brasileiro. Já Tekoha, de Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron, aborda a questão indígena.

Pela escolha do público, Menina de barro, longa de Vinicius Machado, e o curta infantil O menino leão e a menina coruja, de Renan Montenegro, foram os melhores.

*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira

Tradição
Criado em 1996, o Prêmio Saruê é escolhido pela equipe de Cultura do Correio Braziliense e premia a produção, o profissional ou o momento de maior destaque da edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. A estatueta foi produzida pelo artista plástico Francisco Galeno e o nome remete ao longa-metragem O país de São Saruê, de Vladimir Carvalho, retirado do festival em 1971 por conta da censura. Neste ano, o vencedor foi o documentário Afronte, de Bruno Victor e Marcus Azevedo. O filme aborda a realidade dos jovens negros e gays do Distrito Federal.

Os vencedores

Prêmios oficiais

  • Troféu Candango ; Longa-metragem
  • Melhor filme: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
  • Melhor direção: Adirley Queirós, por Era uma vez Brasília
  • Melhor ator: Aristides de Sousa, por Arábia
  • Melhor atriz: Valdinéia Soriano, por Café com canela
  • Melhor ator coadjuvante: Alexandre Sena, por Nó do Diabo
  • Melhor atriz coadjuvante: Jai Baptista, por Vazante
  • Melhor roteiro: Ary Rosa, por Café com canela
  • Melhor fotografia: Joana Pimenta, por Era uma vez Brasília
  • Melhor direção de arte: Valdy Lopes JN, por Vazante
  • Melhor trilha sonora: Francisco Cesar e Cristopher Mack, por Arábia
  • Melhor som: Guile Martins, Daniel Turini e Fernando Henna, por Era uma vez Brasília
  • Melhor montagem: Luiz Pretti e Rodrigo Lima, por Arábia
  • Prêmio especial do júri: melhor ator social, para Emelyn Fischer, por Música para quando as Luzes se apagam
  • Júri popular ; longa-metragem: Café com canela, dirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio
  • Prêmio Petrobras de Cinema para o melhor longa-metragem pelo júri popular: Café com canela, dirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio

Troféu Candango ; Curta-metragem
  • Melhor filme: Tentei, dirigido por Laís Melo
  • Melhor direção: Irmãos Carvalho, por Chico
  • Melhor ator: Marcus Curvelo, por Mamata
  • Melhor atriz: Patricia Saravy, por Tentei
  • Melhor roteiro: Ananda Radhika, por Peripatético
  • Melhor fotografia: Renata Corrêa, por Tentei
  • Melhor direção de arte: Pedro Franz e Rafael Coutinho, por Torre
  • Melhor Trilha Sonora: Marlon Trindade, por Nada
  • Melhor som: Gustavo Andrade, por Chico
  • Melhor montagem: Amanda Devulsky e Marcus Curvelo, por Mamata
  • Prêmio especial: Peripatético, dirigido por Jéssica Queiroz
  • Júri popular ; Curta-metragem: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina

Outros prêmios

Prêmio Canal Brasil
  • Chico, dirigido por Irmãos Carvalho

Prêmio Abraccine
  • Melhor filme de longa-metragem: Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans
  • Melhor filme de curta-metragem: Mamata, dirigido por Marcus Curvelo

Prêmio Saruê
  • Afronte, direção de Marcus Azevedo e Bruno Victor

Prêmio Marco Antônio Guimarães
  • Construindo pontes, dirigido por Heloísa Passos

Prêmio CiaRio/Naymar
  • Para o melhor curta pelo júri popular: Carneiro de ouro, dirigido por Dácia Ibiapina

Mostra Brasília (22; Troféu Câmara Legislativa)

Prêmios do Júri Oficial
  • Melhor longa-metragem (R$ 100 mil): O fantástico Patinho Feio, dirigido por Denilson Félix
  • Melhor curta-metragem (R$ 30 mil): UrSortudo, dirigido por Januário Jr. Tekoha / Som da Terra, dirigido por Rodrigo Arajeju e Valdelice Veron
  • Melhor direção (R$ 12 mil): Dácia Ibiapina, por Carneiro de ouro
  • Melhor ator (R$ 6 mil): Elder de Paula, por UrSortudo
  • Melhor atriz (R$ 6 mil): Rafaela Machado, por Menina de barro
  • Melhor roteiro (R$ 6 mil): Januário Jr., por UrSortudo
  • Melhor fotografia (R$ 6 mil): Gustavo Serrate, por A margem do universo
  • Melhor montagem (R$ 6 mil): Lucas Araque, por Afronte
  • Melhor direção de arte (R$ 6 mil): Bianca Novais, Flora Egécia e Pato Sardá, por O Menino Leão e a Menina Coruja
  • Melhor edição de som (R$ 6 mil): Maurício Fonteles, por Tekoha ; Som da Terra
  • Melhor trilha sonora (R$ 6 mil): Ramiro Galas, por O vídeo de 6 faces

Prêmios do Júri Popular
  • Melhor longa-metragem (R$ 40 mil): Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
  • Melhor curta-metragem (R$ 10 mil): O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro

Prêmio Petrobras de Cinema
  • Melhor longa-metragem pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado

Prêmio Plug.in
  • Melhor longa-metragem escolhido pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado

Prêmio ABCV (Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo)
  • Marco Curi, Manfredo Caldas e Gerlado Moraes

Prêmio CiaRIO
  • Melhor longa-metragem escolhido pelo júri popular da Mostra Brasília: Menina de barro, dirigido por Vinícius Machado
  • Melhor curta-metragem escolhido pelo Júri Popular da Mostra Brasília: O Menino Leão e a Menina Coruja, dirigido por Renan Montenegro

FestUniBrasíla ; 1; Festival Universitário de Cinema de Brasília

  • Melhor filme: O arco do medo, dirigido por Juan Rodrigues (Universidade Federal do Recôncavo Baiano)
  • Melhor direção: Fervendo, dirigido por Camila Gregório (Universidade Federal do Recôncavo Baiano)
  • Júri popular: O Homem que não cabia em Brasília, dirigido por Gustavo Menezes (UnB)
  • Menção Honrosa ; Método de construção criativa: Afronte, dirigido por Bruno Victor e Marcus Azevedo (UnB)
  • Menção honrosa ; Fotografia: Gabriela Akashi, por Serenata (USP)
  • Menção Honrosa ; Filme de animação: Mira, dirigido por Janaína da Veiga (Unespar)

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