Festival de Brasilia 2017

E agora? Cineastas do festival falam sobre planos para o futuro

Os próximos passos de cineastas incluem documentários e ficções científicas que devem chegar às telas em 2018

Alexandre de Paula, Ricardo Daehn
postado em 26/09/2017 06:30

O próximo projeto de Adirley Queirós será Mato seco em chamas

O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro terminou, mas os cineastas que participaram da Mostra Competitiva já têm planos para as próximas produções. Do documentário à ficção científica e ao terror, os projetos são diversos e devem começar a chegar às telonas em 2018.

Diretores de Arábia, que se consagrou como melhor filme (entre outras categorias), Affonso Uchôa e João Dumans trabalham agora em projetos distintos. Uchôa acabou de filmar um média-metragem que se passa na cidade de Contagem (MG). "Conta a história de um jovem que teve a vida completamente alterada quando foi confundido com um traficante e espancado pela polícia. É uma mistura entre documentário e ficção", adianta. Além desse, Uchôa trabalha no roteiro de 2019, uma adaptação do livro 1919, de John dos Passos.

Dumans foca em dois longas, ambos em fase de roteiro. "Estou com um projeto pessoal que não posso adiantar muito ainda e trabalhando também, com a Laura Godoy (diretora de produção de Arábia), em um documentário sobre a passagem de Orson Welles por Ouro Preto." As duas produções não têm data prevista para conclusão.

No festival com Era uma vez Brasília, Adirley Queirós, que faturou melhor direção da mostra competitiva, está na pré-produção de Mato seco em chamas. O filme também será assinado por Joana Pimenta, diretora de fotografia do longa exibido nessa edição do festival.

Com R$ 2 milhões de orçamento, o filme mostrará a descoberta de petróleo por mulheres de Ceilândia. "Esse orçamento é superior à soma de todos os meus 10 projetos anteriores. Vamos misturar atrizes locais com intérpretes mais consolidadas no mercado", adianta o diretor.

Vencedores do prêmio de melhor longa pelo júri popular, com Café com canela, Glenda Nicácio e Ary Rosa trabalham em um novo longa- metragem. Assim como o filme exibido no festival, a produção se passa no Recôncavo Baiano e está atualmente em processo de filmagem.

Uma mulher de 22 anos, recém-formada em direito, cujo o desejo é o tesão pelo sexo é o enredo da próxima trama desenvolvida por Julia Murat, que apresentou Pendular no festival. "A jovem não sabe muito como resolver a situação, mas acaba por entrar no mundo da pornografia para satisfazer essa vontade", explica a cineasta. O filme Regra 34, ainda na fase de construção de argumento, não tem data prevista para estreia. "Deve levar pelo menos três anos."



Coletivo

Responsáveis por O nó do diabo, os diretores Ramon Porto Mota, Gabriel Martins, Ian Abé e Jhésus Tribuzi fazem parte da produtora paraibana Vermelho Profundo. O próximo projeto do coletivo se mantém na seara do terror. A noite amarela é o nome do longa, que será dirigido por Ramon e tem roteiro de Jhésus.

As filmagens foram encerradas recentemente e a produção deve ser lançada em 2018. A noite amarela é um slasher (subgênero do terror que tem, entre outras características, o uso de muito sangue). Teen movie, o longa trata, segundo a descrição da produtora, do "medo do futuro e do desaparecimento, do desconhecido, do escuro e da morte".

Diretor de Por trás da linha de escudos, o pernambucano Marcelo Pedroso tem dois longas em desenvolvimento. O primeiro é Pernambuco Renegade, que deve ser rodado em 2018. "É uma tentativa de mapear, criticamente, a cultura de culto ao automóvel no Brasil. As pessoas tornam o carro como uma extensão da própria identidade", explica.

O outro é Presságios de um mundo anterior, uma ficção científica futurista ambientada num mundo pós-apocalíptico em que a humanidade foi erradicada. "Sobrou um casal, é como um éden invertido, eles são sobreviventes, mas não querem mais procriar", conta Pedroso.

Questão familiar

Heloísa Passos, que esteve no festival com Construindo pontes, vai apostar novamente em uma história familiar com Somos o que perdemos. "Estarei de novo em frente da câmera. Agora sou eu e minha mãe, Eneida Passos. Ela me convida para filmá-la para buscar a neta que não vê há 22 anos", conta.

Diretor de Música para quando as luzes se apagam, Ismael Caneppele é também ator e escritor. Entre projetos que envolvem atuações e escrita, ele adianta que o próximo longa na direção se chamará Questão de pele. "Começo a desenvolver no mês que vem. O filme fala sobre escravidão contemporânea", revela. No roteiro, senegaleses chegam ao Rio Grande do Sul. "É baseado em relatos reais e deve ser filmado em 2020. Possivelmente com a Camila Morgado."

Daniela Thomas, diretora de Vazante, está à frente agora de um longa chamado Banquete. O filme é ambientado no início dos anos 1990. "Ele se passa numa única locação em tempo real: o tempo de duração do jantar de um grupo de intelectuais paulistas no início dos anos 1990. Esse é um outro momento de grande efervescência política no país, às vésperas do impeachment de Fernando Collor", conta a diretora.

Colaboraram Rodrigo Barreto* e Matheus Dantas* (estagiários sob supervisão de José Carlos Vieira)

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