postado em 16/09/2012 08:01
Desde que foi criada, em 1996, a Mostra Brasília é o principal momento de celebração e visibilidade do cinema da cidade. Além de figurar como um importante incentivo à cinematografia, reúne um público plural e democrático, com fãs de cinema, familiares, realizadores, amigos e admiradores que, como torcida organizada, transformam as sessões em disputa de aplausos. Mas a mostra é também espaço de manifestação. Anualmente, não é raro que o palco vire palanque minutos antes das exibições.Alvo de seguidas críticas em relação à falta de estrutura para as projeções e os horários que concorriam com a programação principal, a Mostra Brasília mudou de tom. Neste ano, sob a batuta da Câmara Legislativa do Distrito Federal, ganhou tratamento de seleção oficial. A mudança que mais salta aos olhos é a premiação: R$ 170 mil para os escolhidos do júri em 12 categorias e R$ 30 mil para os favoritos do público.
As produções serão exibidas nos dias 22 e 23, na Sala Martins Pena do Teatro Nacional Claudio Santoro, às 14h e às 16h. É a primeira vez em 17 anos que os filmes passam por um processo de seleção. O júri reuniu a produtora Anamaria Mühlenberg, os cineastas John Howard e Manfredo Caldas, a professora Raquel Imanishie e o crítico de cinema Sergio Bazi. Os dois longas e os 16 curtas que compõem os dois dias de programação foram escolhidos entre 94 inscritos.
;Chega um momento que o próprio volume de produção cinematográfica demanda uma mudança. A forma de seleção deste ano foi uma criação conjunta da Câmara Legislativa e de associações de cinema da cidade. Esse filtro resulta em maior qualidade técnica dos filmes exibidos e pode atrair curadores;, explica o cineasta J. Procópio, que, neste ano, participa da mostra com os curtas Colher de chá (direção e roteiro) e Bibinha, a luta continua! (montagem em parceria com Adriana de Andrade).
Para o diretor Otavio Chamorro, de A caroneira, o formato de curadoria sempre dá abertura a polêmicas, mas deve ser considerado bem-vindo. ;Estava passando da hora de uma seleção para a Mostra Brasília. Creio que todos os filmes têm seu espaço, mas é uma traição com o público misturar filmes profissionais, de qualidade técnica impecável, com os amadores ou os desastrosos de alguma forma;, acredita.
Consagrados e estreantes
O diretor e fotógrafo André Luis da Cunha se lembra do gosto de conquista que tiveram as primeiras edições da Mostra Brasília. ;Na época, as produções daqui não chegavam às salas de exibição. A mostra nos deu a possibilidade de colocar em questão a seleção oficial do festival e exibir filmes que ficaram de fora. O espaço ficou extremamente popular e chegou a ser a sessão mais cheia do festival, com a presença da imprensa nacional e de realizadores de peso, como Murilo Salles e Carlos Reichenbach;, recorda o cineasta. Com quatro prêmios Candango na prateleira, André Luis marca presença em diversos curtas que serão exibidos na Mostra (Na cozinha, Bibinha, a luta continua, Colher de Chá e Parece que existo) e evidencia a qualidade da produção brasiliense.
O espaço é referência para jovens realizadores da cidade e coroa o árduo caminho percorrido pelos estreantes. Maurício Chades, diretor do curta Um copo d;água, acaba de percorrer a via-crúcis do primeiro filme: conheceu o roteiro de Patrícia Colmenero em 2010 e correu com a pré-produção. As filmagens só foram acontecer em junho de 2011, e entraves na pós-produção empurraram a finalização para maio de 2012. ;É um filme feito por universitários, mas não há vínculo com nenhuma disciplina. Realmente não consigo imaginar as oportunidades que a exibição possa me trazer. O essencial eu sei que deve ocorrer: estarei dizendo que existo;, destaca o diretor (MS)
DISPUTA PARALELA
Prêmios de R$ 200 mil inauguram novo formato da Mostra Brasília.
Prêmios do júri oficial
z Melhor longa-metragem: R$ 80 mil
z Melhor curta-metragem: R$ 30 mil
z Melhor direção: R$ 6 mil
z Melhor ator: R$ 6 mil
z Melhor atriz: R$ 6 mil
z Melhor roteiro: R$ 6 mil
z Melhor fotografia: R$ 6 mil
z Melhor montagem: R$ 6 mil
z Melhor direção de arte: R$ 6 mil
z Melhor edição de som: R$ 6 mil
z Melhor captação de som direto: R$ 6 mil
z Melhor trilha sonora: R$ 6 mil
Prêmios do júri popular
z Melhor longa-metragem: R$ 20 mil
z Melhor curta-metragem: R$ 10 mil
SELEÇÃO DE PESO
O Distrito Federal teve 94 filmes inscritos no festival. Para a Mostra Brasília, dois longas e 16 curtas foram selecionados. Conheça os filmes:
LONGAS-METRAGENS
PARECE QUE EXISTO
Direção: Mario Salimon
(documentário, cor, digital, 73min, DF, 2012)
SOB O SIGNO DA POESIA
Direção: Neto Borges
(documentário, cor, digital, 70min, DF, 2011)
CURTAS-METRAGENS
A CARONEIRA
Direção: Otavio Chamorro e Tiago Vaz
(ficção, cor, digital, 19min, DF, 2012)
A JANGADA DE RAIZ
Direção: Edson Fogaça
(documentário, cor, digital, 25min, DF, 2012)
BIBINHA, A LUTA CONTINUA!
Direção: Adriana de Andrade
(ficção, cor, 35mm, 19min, DF, 2012)
CIDADÃO DE IMPEZA URBANA
Direção: Lucas Madureira e Thandara Yung
(documentário, cor, digital, 18min59, DF, 2011 )
COLHER DE CHÁ
Direção: J. Procópio
(ficção, cor, 35mm, 25min, DF, 2012)
HEREDITÁRIO
Direção: Sérgio Lacerda e Johil Carvalho
(ficção, cor, 35mm, 20min, DF, 2012)
HEX OMEGA
Direção: Diogo Serafim
(ficção, cor, digital, 8min, DF, 2012)
KINÓLATRAS
Direção: Tiago Belotti, Rodrigo Luiz Martins e Gustavo Serrate
(ficção, cor, digital, 14min, DF, 2012)
MEU AMIGO NIETZSCHE
Direção: Fáuston
da Silva
(ficção, cor, 35mm, 15min, DF, 2012)
NA COZINHA
Direção: André Luis
da Cunha
(ficção, cor, digital, 7min, DF, 2012)
O CORPO DA CARNE
Direção: Marisa Mendonça
(ficção, cor, digital, 18min40, DF, 2010/2012)
SAGRADO CORAÇÃO
Direção: Cauê Brandão
(ficção, cor, digital, 24min, DF, 2012)
UM COPO D;ÁGUA
Direção: Maurício Chades
(ficção, cor, digital, 11min, DF, 2011)
VÉI
Direção: Érico Cazarré e Juliano Cazarré
(ficção, cor, digital, 24min59, DF, 2011)
VIDA KALUNGA
Direção: Betânia
Victor Veiga
(documentário, cor, digital, 18min, DF, 2012)
ZÉ DO PEDAL, ACIMA DA TERRA E ABAIXO DO CÉU
Direção: Márcio Garapa e Viça Saraiva
(documentário, cor, 35mm, 24min50, DF, 2012)