postado em 16/09/2012 08:02
Pela segunda vez, a coordenação geral do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ficou aos cuidados de Sérgio Fidalgo, conhecido por ser o apresentador das noites competitivas da mostra. O carioca de 60 anos equilibra-se na profissão de ator e na burocracia de funcionário da Secretaria de Cultura do Distrito Federal há 17 anos. Para sobreviver na profissão de músico e intérprete começou a se dedicar também a produção de espetáculos, ainda no Rio de Janeiro.
Psicólogo de formação e ator por vocação, Fidalgo veio para Brasília em 1989 atendendo um convite de Laís Aderne para trabalhar na produção do Festival Latino-Americano de Arte e Cultura (Flaac) e acabou ficando até hoje, exceto por um intervalo de um ano em que mudou-se para São Paulo para abrir um restaurante. "Fiz um concurso público meio de brincadeira e esqueci disso. Fui para São Paulo onde abri um negócio com amigos até ser chamado para assumir o cargo em 1995", relembra.
Não é a primeira vez que Fidalgo ocupa o cargo de coordenador geral do Festival. Em 2010, ano em que se aposentou o antigo coordenador, Fernando Adolfo ele teve de assumir um bonde descontrolado pela incerteza da realização. Este ano, Fidalgo assumiu o cargo após a saída atribulada de Nilson Rodrigues, medida anunciada em maio pela SeCult. Diferentemente da primeira experiência, desta vez, Fidalgo não coordenará o cerimonial da grande festa brasiliense do cinema. "Antes eu precisava me preocupar com a luz, cenografia, com a impostação de voz. Agora é um mundo de coisas para fazer", explica. Portanto, não será a voz de Fidalgo a anunciar as atrações da noite no palco da Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional.
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O coordenador deve ser o único a ter assistido todos os filmes da mostra competitiva da 45; edição. Para o Correio, adiantou algumas impressões sobre a mostra. Lembrando: o coordenador do Festival de Brasília não pode interferir na decisão das comissões de seleção formadas temporariamente por profissionais . "Posso dizer que a seleção com filmes inéditos e autorais tem a ver sim com a tradição do Festival de Brasília. É reflexo da qualidade e da competência dos componentes das comissões de seleção. Os títulos fogem do perfil da mostra com intenção de conquistar o público com propostas fáceis", discorreu.
Ironicamente, o currículo como ator de cinema é menor do que ator de teatro, onde participou pela última vez da montagem Bagatelas, em 2011, com direção de Guilherme Reis. Fidalgo pode ser visto na internet nos curtas-metragens Papá, de Guilherme Campos e Santhiago Dellape e Brasília (título provisório), de João Paulo Procópio. Alcançar a grande indústria cultural não está nos planos como artista. "Tenho talento para ser ator mas não tenho a determinação de vencer barreiras e chegar ao sucesso. Meu caminho dentro da arte e do teatro é de outra natureza. Gosto de pesquisa, de estar em grupo. Claro, gosto de ser admirado e visto mas não tenho a ambição de ser famoso", explica com simplicidade. Daqui a dois anos, Fidalgo se aposenta. A grande pergunta é: quem substituirá o apagador de incêncios das realizações culturais daí para a frente?