postado em 16/09/2012 14:13
Brasília ; Apesar de ter conquistado espaço entre as principais mostras de cinema do país, o Festival de Brasília ainda não conseguiu alavancar a indústria local. Os incentivos e apoios às produções brasilienses ainda oscilam na agenda prioritária de investimentos do governo local.;Temos que produzir uma agenda que percorra o ano inteiro, e não apenas os dez dias do festival;, alerta o secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira. A solução passa por uma definição clara do perfil de desenvolvimento que a cidade pretende seguir. Com isso, seria possível definir vocações econômicas, como a cultura, e posicioná-las no topo de prioridades públicas, explicou.
;Brasília não é uma cidade vocacionada para indústria automobilística, por exemplo. É uma cidade com perfil administrativo e também vocacionada, desde o nascimento, para as atividades culturais. Investimento em áreas como esta passa por ima definição clara do modelo de desenvolvimento, e a cidade precisa traduzir isso em seu orçamento e investimentos a curto e médio prazos;, disse ele.
Para Pereira, o festival é apenas um ;ponto de chegada;. A ;partida; estaria nas condições para o desenvolvimento da atividade cinematográfica na cidade. No entanto, o cenário atual do setor não revela qualquer sinal de que as políticas estejam caminhando neste sentido.
A trajetória do Polo de Cinema e Vídeo de Sobradinho é um dos principais reflexos da instabilidade de estímulos ao setor. Construído em 1993 para estimular a produção cinematográfica no Distrito Federal, o polo, que chegou a receber recursos para cursos e oficinas e serviu como set de filmagem em 2010, por exemplo, está novamente abandonado.
;Temos que ter um polo de cinema como ponto de partida para ter cadeia produtiva audiovisual na cidade. Aquilo [reforma do polo] não é uma coisa de alto custo;, ressaltou o secretário, que estima os gastos iniciais em R$ 250 mil. ;Quero dinheiro para consertar o polo em Sobradinho. A situação está terrível e tenho medo de o teto cair. Estamos atrás de recursos para obras de reparo. Aquilo é um espaço de formação do setor;, disse Pereira.
De acordo com ele, Pernambuco tem investido fortemente na produção cinematográfica do estado, e o resultado pode ser sentido na atual edição do Festival de Brasília, onde a produção pernambucana superou em volume de obras os tradicionais eixos produtores: São Paulo e Rio de Janeiro. Entre as 600 obras inscritas, 103 eram produções de Brasília, mas apenas uma foi selecionada para concorrer à mostra competitiva.
A obra do Polo de Cinema de Sobradinho tinha recursos previstos este ano, mas o dinheiro foi realocado para outras áreas. Para agravar a situação, a cidade ainda tem outras prioridades na área cultural, como a reforma do Catetinho, realizada neste ano, e a planejada readequação do espaço do Teatro Nacional, que há 15 anos não passa por melhorias. As obras nos 45 mil metros quadrados do principal teatro da cidade custariam cerca de R$ 80 milhões.
;Estamos dialogando com o governo federal sobre as obras do Teatro Nacional;, disse Pereira. Quanto ao polo de cinema, o secretário descarta o possível interesse da iniciativa privada como solução para o impasse. ;O setor privado só passa a ter interesse quando o investimento tem lucro. Estamos em etapa prévia. Precisamos viabilizar investimentos públicos para alavancar a produção antes;.
Hamilton Pereira ainda destacou que, nesta semana, foram publicados mais seis editais do Fundo de Apoio à Cultura no Distrito Federal, com valor total de R$ 24,1 mil. No primeiro semestre, o programa destinou R$ 17,8 mil para apoio aos artistas da região. ;Vamos financiar 288 projetos ao longo do próximo ano. Entre eles, seis longas-metragens e 14 curtas-metragens. Além disso, outras linguagens, como teatro e música, estarão contempladas.;