postado em 18/09/2012 07:00
O animador Amir Admoni participa pela primeira vez da mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com a apresentação do curta-metragem de animação, Linear. Formado em arquitetura, o diretor mistura os espaços urbanos de São Paulo e a opressão causada pela metrópole sob uma criatura minúscula e quase invisível mas muito importante para o funcionamento da cidade. Leia abaixo a entrevista completa com o diretor:Entrevista// Amir Admoni
Pela sinopse, o filme parece partir de uma questão existencial. É isso?
A sinopse do Linear é mais próxima de uma ilustração do filme do que com o seu sentido filosófico. Sob o ponto de vista de um ser de 2cm, o filme trata da monotonia de tarefas repetitivas, do momento de realização de sua banalidade e da insignificância e anonimato gerados por uma metrópole. Este pequeno ser carrega um grande rolo de tinta e é responsável por pintar as linhas que dividem as faixas das ruas. Ele tem que seguir esta linha reta e invisível, mas que tem que ser traçada.
O que você acha da divisão feita pelo Festival de Brasíia, considerando animação quase um gênero e não uma técnica?
Também compartilho da opinião de que animação é técnica e não gênero, mas no âmbito de um festival competitivo, entendo que a divisão em três categorias valorize e facilite o julgamento de aspectos específicos de cada técnica. É difícil julgar a animação de um personagem confrontada com a atuação de um ator. Mas uma vez segmentado, seria interessante se o Festival também incluísse prêmios específicos na categoria de animação, como por exemplo roteiro, trilha sonora ou direção de arte.
No geral, como anda os espaços para os filmes de animação no Brasil?
Com as políticas de apoio à inserção de conteúdo nacional na televisão e com editais específicos para animação, a produção de animação cresceu muito no Brasil e está em seu melhor momento. Porém, ainda sofremos aqui o preconceito de relacionar a animação com o público infanto-juvenil.
Que técnicas foram usadas no filme?
O Linear mistura diversas técnicas, como a animação em stop-motion, animação digital 2D e animação 3D, todas elas inseridas em cenas gravadas em São Paulo. E cada técnica contou com uma equipe reduzida de profissionais especializados. Não fiz nada sozinho, mas acabei colocando a mão na massa durante todo o processo. A intenção sempre foi que a técnica não se sobrepusesse ao filme.
