Um Candango gigante reluz à esquerda do palco que receberá, até domingo (23/9), os filmes do 45; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. É na sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Claudio Santoro, e não na residência oficial da cinefilia brasiliense, o Cine Brasília, ainda em paciente e demorada reforma. Na vinheta de apresentação, o troféu aparece ainda na forma, prestes a ser preenchida de líquido dourado. Brilho semelhante não se viu na abertura deste que é o festival mais antigo do Brasil. No foyer, desfile de poucas estrelas, como o cantor Ney Matogrosso, amante do festival há tempos, e Elisa Lucinda, que dali a pouco seria vista em A última estação, filme que iniciou, fora de competição, a mostra. Fagulhas tímidas de espontaneidade vieram de alguns da plateia, que mostrou ser exigente não apenas com o que se passa na tela grande, como é de praxe durante as sessões de cinema. No mais, o clima foi morno e sem graça.
Após o já protocolar atraso de trinta minutos, Hamilton Pereira, Secretário de Cultura, foi chamado para dar as palavras oficiais de abertura. O público preencheu o trajeto dele até o microfone com aplausos e vaias. Na saída do palanque, o representante do governo ouviu bronca de um dos convidados presentes no auditório: ;Vê se não desvia verba do FAC!”, urrou um cineasta da cidade, que motivou uma dúzia de aplausos por ter mencionado, em alto e bom som, a ;expansão; do caixa do Fundo de Apoio à Cultura para financiamento de festas de Natal, Ano Novo e carnaval. Novo pito a respeito do FAC veio minutos depois, na apresentação do longa-metragem de Márcio Curi. Nos agradecimentos listados por Beth Curi, mulher do cineasta e produtora de A última estação, murmúrios de insatisfação cobriram a citação à ajuda do fundo.