Os assentos apertados e desconfortáveis da sala Villa-Lobos receberam mais gente no segundo dia da mostra competitiva do 45; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Quem aderiu ao cinema ; e também ao contorcionismo exigido pelas cadeiras ; viu passar na tela imagens de mais cinco títulos, numa noite um tanto melancólica. A exceção foi Kátia Tapety, um documentário titulado com seu primeiro nome, que estimulou o aplauso da plateia. A piauiense de família com história na política do estado, discriminada na infância e colocada em isolamento pelo pai, foi a primeira travesti eleita a um cargo público no Brasil.
;No palanque da minha cidade, saio na mesma condição: nos braços do povo, nessa mesma sequência de fotos, abraços e beijos;, comemorou a protagonista, após a sessão. Ela garantiu não estar nervosa, antes do evento. ;Um motorista me perguntou, e disse que eu sou preparada. Sei entrar nas coisas, pra ganhar e pra perder. Mas, alguma coisa, dentro de mim, dizia que ia ser ótimo e que todo mundo de Brasília ia gostar do filme;, comentou, depois de celebrada e tietada pela deputada Iracema Portella, entre anônimos. Ela está afastada, temporariamente da política, por ter contraído o vírus da dengue. Passado o susto da doença, porém , ela se diz mais do que preparada para possível pasta da secretaria de assistência social. ;O cinema descobriu o esforço dessa batalhadora que é servidora do povo;, disse, em torno de si.