Quando foi procurada pelo Correio para conversar sobre o filho, Dona Lúcia Rocha, de 94 anos, não titubeou: ;Com esta reportagem, talvez alguém apareça e diga: ;Ah, já ouvi falar sobre esse moço; e ajude na divulgação da obra de Glauber;. Os títulos de ;maior cineasta do país;, ;grande nome do Cinema Novo;, ;representante máximo da produção nacional;, não garantem ; aparentemente ; vida longa ao legado deixado por Glauber Rocha.
A filha e também cineasta Paloma Rocha ratifica a preocupação da avó: ;Foram 10 anos restaurando uma obra, teve uma repercussão internacional. Ano passado, passei por vários países. Fui a Paris para uma grande retrospectiva dele lá, dei entrevista para o Le Monde e, por aqui, o Tempo Glauber fechado;, desabafou.
Concebido por Dona Lúcia, o Tempo Glauber abriu as portas em 1989, com a intenção de ser o principal local de pesquisa e difusão da herança cultural do diretor. E assim tem sido desde então, entre altos e baixos. Nos últimos dois anos, o local permaneceu fechado para o público: ;Uma gestão da Ana de Hollanda (ex-ministra da Cultura) que não ia nem para frente, nem para trás;. As últimas notícias, no entanto, são boas. Paloma revelou que o Tempo Glauber irá retomar as atividades: ;Dois convênios foram firmados e estão publicados no Diário Oficial. Talvez, demore dois meses. Mas, é certa a reabertura;, comemorou.