PARIS - França, Estados Unidos e Espanha, entre outros países ricos, decidiram acelerar os procedimentos de adoção de crianças haitianas após o terremoto que deixou milhares de desabrigados, em um gesto aplaudido pela Unicef que pediu, entretanto, que sejam evitadas ações precipitadas.
Em Paris, o Ministério das Relações Exteriores disse nessa quarta-feira que "os órfãos haitianos em processo judicial de adoção poderão ser levadas para a França", o país que mais acolhe crianças haitianas.
O chefe da diplomacia francesa, Bernard Kouchner, anunciou na Assembléia Nacional que "276 crianças haitianas em processo de adoção serão levadas o mais rápido possível para a França".
Kouchner disse que estão em curso mais de 900 procedimentos de adoção, reiterando, no entanto, uma atenção especial contra atos que derivem no sequestro desses meninos e meninas".
Os procedimentos de adoção comportam várias etapas e em geral são longos. Uma vez que a justiça do país de origem pronuncie uma decisão favorável, os candidatos têm que tirar um visto e um passaporte para a criança no consulado de seu país.
Umas 40 famílias adotivas de Clermont Ferrand (centro da França) criticaram a intransigência burocrática do governo.
Kouchner advertiu contra adoções precipitadas, "sob o bom pretexto de salvar crianças (...)".
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) respaldou a saída rápida de crianças cujos procedimentos de adoção foram concluídos antes da tragédia, mas advertiu que "se precipitar pode ser prejudicial".
Na segunda-feira, o Comitê sobre Direitos da Infância da ONU advertiu sobre o risco de sequestro, encoberto por adoção.
Os Estados Unidos também anunciaram que agilizarão os processos.
A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, afirmou que seu país fará "todo o possível" para "encontrar e identificar as crianças", cuja adoção foi autorizada e para que "venham ao seu novo lugar".
"Segundo o Departamento de Estado, umas 300 adoções por parte de famílias norte-americanas estavam previstas para 2010.
A Holanda enviou um avião ao Haiti para recolher 100 órgãos adotados por famílias holandesas; Espanha e Bélgica, com um baixo número de adoções no Haiti, aprovaram decisões semelhantes.
A chancelaria espanhola disse que estava dando "todos os passos possíveis" para que os menores haitianos "com procedimentos de adoção já concluidos" viagem para a Espanha.
Para evitar confusões, a UNICEF esclareceu: "Todas as crianças órfãs não são adotáveis e nem todas foram necessariamente abandonadas".