Agência France-Presse
postado em 22/01/2010 17:06
A distribuição de ajuda em quantidade significativa começou nesta sexta-feira, em Porto Príncipe, onde, dez dias após o terremoto devastador, aparecem os primeiros sinais tímidos de normalização.
Apesar de dois tremores secundários que voltaram a abalar nesta sexta-feira a capital haitiana, uma longa fila de sobreviventes serpenteava em torno do palácio presidencial esperando com calma a entrega de água e alimento. Capacetes azuis brasileiros distribuíam 10 toneladas de rações alimentares, 22 mil litros de água - uma quantidade capaz de nutrir 4 mil famílias por três dias.
[SAIBAMAIS]Mais distante na capital, o Programa Alimentar Mundial (PAM) iniciava o atendimento a 27 mil pessoas com distribuição de ajuda num estádio de futebol, no bairro de Delmas, segundo o porta-voz do PAM, David Orr.
Barracas
Diante do palácio presidencial, hoje em ruínas, no Champ de Mars, a embaixada da França e organizações internacionais começavam a erguer 600 barracas para abrigar 3 mil pessoas, declarou à AFP o embaixador Didier Le Bret.
Vinte mil barracas para alojar outras 100 mil já foram levantadas em Porto Príncipe, segundo a porta-voz do Birô de Coordenação dos assuntos Humanitários da ONU (Ocha), Elisabeth Byrs. Mais 20 mil tendas estão sendo aguardadas.
Portos
Segundo a ONU, o porto da capital estava "parcialmente operacional", assim como 30% dos postos de gasolina. "A maior parte dos supermercados abrirão na semana que vem", segundo o assessor Vincenzo Pugliese.
Segundo ele, a companhia aérea americana Delta Airlines prevê garantir dois voos comerciais por semana a partir de 26 ou 27 de janeiro.
Ajuda humanitária
A ONU anunciou nesta sexta-feira que "as equipes de socorro se concentram mais e mais na ajuda humanitária" a 3 milhões de pessoas.
"As equipes de resgate, esgotadas, começam a voltar para casa", explicou Byrs à AFP. "Muitas, munidas de equipamentos pesados ainda retiram corpos dos escombros, explicou.
As agências da ONU estimam entre "500 mil e 700 mil" o número de pessoas desabrigadas na capital.
O encaminhamento da ajuda continua difícil. Por exemplo, nos dez quilômetros que separam Porto Príncipe da cidade de Carrefour, foram constatados "691 bloqueios de estradas causados por destruições.
No entanto, desde o terremoto do dia 12 de janeiro, o equivalente a 4,2 milhões de refeições foram distribuídas a 250 mil pessoas. Nos locais onde as pessoas dispõem de utensílios de cozinha e fogões, o PAM começou a distribuir arroz, feijão, óleo e sal. A expectativa é atender 100 mil pessoas por dia.
Combustível
O PAM prevê, igualmente, liberar com urgência 45,6 mil litros de combustível no país. Cerca de 38 mil litros foram entregues na terça-feira e 34 mil litres na quarta.
Os Estados Unidos enviaram reforços militares que deverão chegar a quase 20 mil, domingo, ao longo da ilha.
Segundo o general Mike Dana que supervisiona a logística militar americana, o porto da capital será abastecido com combustível durante o final de semana. "Em três semanas, funcionará com sua capacidade máxima", disse ele.
Na segunda-feira, "países amigos" do Haiti, entre eles Estados Unidos, França e Brasil, realizarão em Montreal uma reunião de emergência para coordenar sua ajuda e para preparar uma conferência sobre a reconstrução do país, em março.
A ONU lançará por uma vez o programa "dinheiro por trabalho" que permitirá aos haitianos receberem cinco dólares por dia para participar dos trabalhos de retirada de entulho, limpeza e reconstrução.