Jornal Correio Braziliense

Haiti

Haiti adia eleições após terremoto

PORTO PRÍNCIPE - Três semanas depois do terremoto que deixou pelo menos 170 mil mortos, o poder haitiano decidiu nesta terça-feira adiar sine die as eleições previstas para o final deste mês, num momento em que a justiça tentava se reorganizar para apurar o caso das "crianças roubadas".

As eleições legislativas e senatoriais previstas, respectivamente, para os dias 28 de fevereiro e 3 de março, foram adiadas "para uma data posterior" não especificada, anunciou o órgão oficial encarregado de organizar as votações.

A decisão não constitui uma surpresa. O terremoto do dia 12 de janeiro acabou com o já frágil aparelho do Estado haitiano.

"Perdemos a sede da Presidência, o Palácio de Justiça, o ministério das Relações Exteriores e até nossas igrejas", lembrou o advogado Arthur Calixte, que assistia a uma cerimônia organizada na manhã desta terça-feira diante das ruínas do Palácio de Justiça em memória aos cerca de 15 magistrados mortos na catástrofe.

A combalida justiça haitiana tem que lidar desde sexta-feira com o caso de dez americanos acusados de tentarem retirar ilegalmente 33 crianças do país.

O procurador de Porto Príncipe, Mazar Fortil, disse nesta terça-feira à AFP que os dez americanos estão sendo ouvidos pela justiça e que o problema de intérprete, que atrasou o processo segunda-feira, já foi resolvido.

"Os indiciamentos só serão pronunciados depois do fim das audiências", avisou.

Os dez americanos, membros da organização religiosa New Life Children;s Refuge, com sede em Idaho (noroeste dos EUA), são acusados pelas autoridades haitianas de ter se aproveitado do terremoto para "roubar" as crianças, com idades de 2 a 14 meses.

"Queríamos, apenas, ajudar as crianças", alegou a porta-voz do grupo.