A fundadora da Pastoral Nacional e Internacional da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa, Zilda Arns Neumann, foi uma das homenageadas na sessão que realizada no Plenário do Senado nesta terça-feira (23). O requerimento para realização da reverência à memória da médica e dos outros brasileiros mortos pelo terremoto que devastou a capital do Haiti, Porto Príncipe, em 12 de janeiro deste ano, foi encaminhado por seu sobrinho, senador Flávio Arns (PSDB-PR), com o apoio de vários outros senadores.
A médica, pediatra e sanitarista, que estava com 75 anos, tornou-se conhecida por seu trabalho em prol da saúde de crianças, grávidas e idosos e de combate à mortalidade infantil.
Além de Zilda, estão sendo homenageados dezoito militares brasileiros que integravam a missão de paz das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah) e o representante da Organização das Nações Unidas (ONU) naquele país, Luiz Carlos Costa, que também faleceram durante o terremoto.
Além do senador Arns, estão previstos para falar outros oito senadores, que vão utilizar o período do expediente para realizar a cerimônia.
Fundadora da Pastoral da Criança morreu em missão humanitária no Haiti
A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann nasceu em Forquilhinha (SC), no dia 25 de agosto de 1934, e morreu em 12 de janeiro de 2010 em Porto Príncipe (Haiti), durante terremoto ocorrido no local. Fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Criança - organização de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) -, Zilda era irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo.
Filha do casal brasileiro de origem alemã Gabriel Arns e Helene Steiner, Zilda foi a 13; criança do total de 16 filhos do casal. Em 26 de dezembro de 1959, casou-se com Aloísio Bruno Neumann (1931-1978), com quem teve seis filhos. Zilda Arns era avó de nove netos.
Formada em medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Zildaespecializou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, com enfoque para o atendimento de crianças pobres. Seu objetivo era salvar essas crianças de problemas como mortalidade infantil, desnutrição e violência em seu contexto familiar e comunitário.
A médica desenvolveu, então, um método próprio para ajudar as famílias mais pobres, levando conhecimento e solidariedade para que essa população pudesse adquirir condições de promover sua própria transformação social. Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater uma epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória (PR).
Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança, e, no mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis (PR). Em 25 anos de trabalho, conforme dados da organização, a pastoral acompanhou 1,8 milhão de crianças menores de seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres em 4.060 municípios brasileiros. Nesse período, mais de 260 mil voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.
Em 2004, Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão: fundar e coordenar a Pastoral da Pessoa Idosa. Atualmente, mais de 100 mil idosos são acompanhados mensalmente por 12 mil voluntários em 579 municípios. Esse trabalho envolve 141 dioceses de 25 estados brasileiros.
Zilda Arns recebeu prêmios, insígnias, comendas, medalhas e condecorações pelo seu trabalho humanitário, tanto no Brasil como no exterior. Foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, em 2001, e escolhida cidadã honorária de dez estados brasileiros (RJ, PB, AL, MT, RN, PR, PA, MS, ES, TO) e de 32 municípios, além de doutora Honoris Causa de cinco universidades.
Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no Haiti. No momento do terremoto, ela proferia uma palestra para religiosos em uma igreja da capital haitiana.