Agência France-Presse
postado em 22/11/2013 12:48
Dallas - Todas as bandeiras dos Estados Unidos foram colocadas nesta sexta-feira (22/11) a meio-mastro para recordar o presidente John F. Kennedy, assassinado há 50 anos. "Para chorar a perda de um extraordinário servidor do Estado, visionário e sábio idealista", as bandeiras dos prédios oficiais devem estar a meio pau, anunciou na quinta-feira (21/11) o presidente Barack Obama, que decretou o dia 22 de novembro como "Jornada de recordação do presidente John F. Kennedy".[SAIBAMAIS]O presidente pediu aos cidadãos - muitos deles com bandeiras diante de suas casas ou empresas - que façam o mesmo. "Façamos frutificar sua herança, hoje e nas décadas por vir", escreveu Obama. "Enfrentemos os desafios atuais com o espírito que ele encarnava: o caráter corajoso, tão tipicamente americano, que sempre levou nosso país a superar a adversidade, a escrever nosso próprio destino e a construir um mundo novo". Com missas, minutos de silêncio e leituras, o país inteiro vai recordar o 35; presidente dos Estados Unidos.
Às 12h30 (16h30 de Brasília), um minuto de silêncio acompanhado do som dos sinos das igrejas de Dallas, no Texas, deve marcar o instante exato em que John F. Kennedy foi baleado, em 22 de novembro de 1963, por Lee Harvey Oswald, segundo a investigação oficial da Comissão Warren. Do outro lado do Atlântico, o assassinato de Kennedy também é recordado, sobretudo em Berlim, com uma cerimônia perto do local em que o presidente americano pronunciou a histórica frase "Ich bin ein Berliner". Em Londres, o museu de arte moderna Tate Modern expõe a única pintura conhecida do assassinato de JFK em Dallas. O "mito Kennedy" - eternamente jovem, bonito e vanguardista - continua intacto no coração dos norte-americanos mesmo após um século. Quase 75% da população do país situa "JFK" no topo da lista dos líderes americanos modernos que entrarão para a História como "notáveis" - antes de Ronald Reagan e Bill Clinton - segundo pesquisa realizada pelo instituto Gallup, feita na semana passada.
"Ich bin ein Berliner". John F. Kennedy, filho de uma família rica e influente de Boston, foi o mais jovem presidente eleito e o primeiro católico, encarnando uma era cheia de esperanças para a geração do Pós-Guerra, os ;baby-boomers;. Do seu mandato tragicamente interrompido, a História se recorda de sua queda de braço com a União Soviética durante a "Crise dos Mísseis", o vexame da Baía dos Porcos, o desembarque fracassado de anti-castristas em Cuba e o lançamento do programa Apollo, que levou um americano à Lua. Seu "Ich bin ein Berliner" (do alemão, "Eu sou um berlinense") em uma Berlim então dividida entre Leste e Oeste foi marcante. A frase "Não pergunte o que seu país pode fazer para você, mas o que você pode fazer pelo seu país", dita durante sua posse, entrou para a memória mundial, e está imortalizada em uma placa perto de seu túmulo, visitado anualmente por quase três milhões de pessoas, no cemitério de Arlington. O presidente Obama depositou uma coroa de flores diante do túmulo de Kennedy na quarta-feira.
Mas o mito é também aquele de "Camelot", com a corte do Rei Artur levada à Casa Branca, com a esposa perfeita Jackie - jovem, linda e chique - e filhos pequenos brincando no Salão Oval. O momento do anúncio da morte do presidente e a imagem de Jackie, vestida em um tailleur Chanel cor-de-rosa, no momento de seu assassinato, fazem parte do imaginário coletivo. Dallas - conhecida como "cidade do ódio" por causa do atentado - realizará uma cerimônia sóbria de uma hora em Dealey Plaza, com leitura de trechos de discursos de Kennedy, preces e apresentações musicais da banda da Marinha, o corpo militar do presidente. Aviões militares devem sobrevoar a cidade.
Todos os locais que levam a marca Kennedy organizaram algum evento para lembrar a data. Haverá minutos de silêncio e música na biblioteca presidencial JFK Library, de Boston; missas e bandeiras pretas no museu JFK de Hyannis, lugar onde a família presidencial passava suas férias; e preces na universidade JFK, de Pleasant Hill, na Califórnia. Uma coroa de flores será colocada perto de seu busto no Kennedy Center, grande sala de espetáculos da capital, antes de um minuto de silêncio. Dezenas de programas e reportagens sobre o tema serão exibidos nesta sexta-feira. Dezenas de livros, filmes e documentários vêm sendo publicados e lançados nos Estados Unidos para explorar o mito em todas suas facetas. A biblioteca pública de Nova York organizará uma exposição de cartas de condolências enviadas a Jackie Kennedy.